Wednesday, 22 April 2009

Qual a força do MDM?

Não sei com que programa nos vai surgir, nas próximas eleições, o MDM. E o programa é, de certa forma, a alma de um partido.
Mas devo dizer que me parece um grupo de gente capaz de ter uma maneira de estar e de se apresentar bastante articulada.
Um exemplo disso? A sua tomada de posição, este ano, no Dia da Mulher Moçambicana. Ao contrário do que tem sempre feito a Renamo, ausente permanente deste tipo de comemorações, o MDM, na pessoa do seu dirigente Daviz Simango, fez-se presente nas comemorações.
É verdade que, na sua tomada de posição, juntou ao nome da Josina Machel o de Celina Simango e o de Joana Simeão, mas o simples facto de assinalar aquela data mostra uma flexibilidade muito maior e um saber político bastante acima do nível médio renamista.
A Frelimo tenta apresentar o MDM apenas como mais uma cisão na Renamo, como foi o partido de Raul Domingos. Mas será apenas isso?
É verdade que não se ouviu ainda falar de gente da própria Frelimo a passar para o MDM. Se alguém já o fez, fê-lo de forma muito discreta.
Mas o eleitorado moçambicano não é formado apenas pelos adeptos da Frelimo e os da Renamo. Para além de todos os outros pequenos partidos, há um outro bloco enorme, talvez maior do que os dois juntos. É o bloco dos sem-partido, dos que não gostam de um e se desencantaram do outro.
Será, muito provavelmente, junto destes que se vai travar a grande batalha do MDM. Conseguir fazer chegar a esperança de mudanças significativas no modo de fazer política do nosso país, poderá ser um trunfo ganhador, um factor que possa desequilibrar, a favor do MDM, a enorme faixa de abstenções que tem crescido de eleição para eleição.
Se as mensagens que recebo, por SMS e por email podem, de alguma maneira, ser um sintoma de alguma coisa, são de que o MDM começa a ter bastante boa imagem no meio urbano. Nem sei quantas mensagens recebi com o panfleto a pedir uma contribuição monetária a favor do novo partido.
Alguns dirão que, neste momento, quem conhece o MDM é apenas a população urbana. E isso, muito provavelmente, é verdade. Mas a população urbana do nosso país tem já um peso eleitoral importante.
E o facto de, nestas eleições, os seus candidatos irem, pela primeira vez, fazer campanha eleitoral, não só nas cidades como também nas zonas rurais, pode fazer alargar de forma significativa, a base eleitoral do partido. Se essa campanha for feita com inteligência e imaginação criativa, é claro.
Mas o que me dizem sobre a campanha de Daviz Simango na Beira parece criar boas expectativas para o que poderá ser a actuação eleitoral do MDM.
De qualquer forma aqui estaremos para assistir e dizer de nossa justiça.
Na certeza de que nas diversas cúpulas partidárias se devem estar já a fazer grandes contas de somar e de subtrair com base nas percentagens eleitorais.
Se, embora não ganhando um número significativo de lugares na Assembleia da República, o MDM conseguir uma bancada com o suficiente número de deputados para os seus votos serem indispensáveis à vitória de qualquer votação, isso seria já uma enorme vitória para a nova formação.
Mas deixemos que seja o eleitorado a mostrar a sua vontade. Será já este ano que ficaremos a saber qual a força de Daviz Simango e seus companheiros de partido.Não teremos muito que esperar...

( Machado da Graça, no Savana de 17/04/09 )

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