Friday, 3 April 2009

Frelimo faz aproveitamento político em Mogincual

Alice Mabota diz que não houve desinformação alguma, sobre cólera, em Mogincual. Aliás, segundo suas palavras, quem fez uma campanha de desinformação foi a PRM, que andou a propalar que as pessoas detidas estavam a levar a cabo uma desinformação sobre cólera, naquele distrito, mas o que houve foi falta de informação. Os agentes que se fizeram àquele distrito para purificar a água, nos poços, mediante a introdução do cloro, quando chegaram a Mogincual, começaram a trabalhar sem que tivessem entrado em contacto com as autoridades locais.
Mabota acrescentou que, quando a população deu conta do facto, entrou em pânico e mesmo depois de ter sido explicada o que estava a acontecer não deu crédito à informação passada.
“As pessoas que iam deitar cloro, nos poços, não contactaram os líderes comunitários, antes de iniciar suas actividades. Chegaram e começaram a meter o cloro, nos poços, e as pessoas, mesmo depois de serem explicadas que estavam a deitar o cloro, para evitar a propagação da cólera, não acreditaram”, disse, reiterando que “não se tratou de desinformação porque a Cruz Vermelha de Moçambique não foi a Mogincual para desinformar. Quem desinformou foi a Polícia ao divulgar uma informação dando conta que os agentes da Cruz Vermelha estavam a promover uma campanha de desinformação sobre cólera”.
De acordo com Alice Mabota, nenhum membro da Renamo levou a cabo uma campanha de desinformação, contrariamente ao que os governantes têm vindo a veicular e as pessoas detidas que, mais tarde, viriam a morrer por asfixia, são membros da Polícia Comunitária acusados de desvio de uma motorizada e as outras foram levadas, à Esquadra, por terem sido encontrados sem documentos de identificação. Não são membros do partido de Dhlakama.
“O Estado não deveria usar os acontecimentos de Mogincual para fazer aproveitamento político, para evitar que factos desta natureza voltem a repetir-se. O Governo moçambicano ainda não percebeu que uma investigação efectuada por autoridades fardadas nunca vai lograr alcançar resultados que espelham os factos em causa. As pessoas vão ao terreno, para investigações, fardadas e os inqueridos nada dizem-nas”.
Recorde-se, que o Governo, através do Comando Geral da Polícia da República de Moçambique, PRM, mandou instaurar um inquérito para apurar todos os factos que estiveram à volta da morte das 12 pessoas por asfixia, no Comando Distrital de Mogincual. Neste âmbito, o comandantegeral da PRM, Jorge Khalau, que liderou a comissão de inquérito, afirmou que parte das pessoas detidas, que veio a perder a vida, era indiciada de promover campanhas de desinformação, que culminaram com a morte de um comerciante e de três activistas da Cruz Vermelha de Moçambique, além de ferimentos entre graves e ligeiros, entre a população daquela região, alegadamente, por estarem a propagar a cólera.
“Os concidadãos que foram detidos praticaram vários actos que atentam contra os Direitos Humanos, como seja, enterrar uma pessoa viva, matar e queimar pessoas, além de espancamentos a cidadãos indefesos. A Polícia foi chamada a intervir, no sentido de repor a ordem e tranquilidade públicas. Lamentavelmente, alguns perderam a vida por negligência de alguns agentes, mas o importante é que devemos saber estar distante da prática de actos que atentam contra as regras de convivência humana” — disse Khalau, reiterando que o combate aos desenformadores será ganho pela sua corporação, que está comprometida com esta causa.
Aliás, a bancada da Frelimo, na Assembleia da República, considerou, na presença do Governo que for a chamado para dar explicação sobre as mortes, aos parlamentares, que houve falta de zelo e profissionalismo, por parte dos agentes da lei e ordem e exigiu a responsabilização criminal não só aos elementos da corporação implicados, na tragédia, mas também, ao partido Renamo, alegadamente, por ser autora moral da ocorrência.
O porta-voz da maioria, na AR, Feliciano Mata, afirmou que “causas desta situação (mortes dos 12 reclusos) têm a ver não só com a atitude desses cidadãos, mas, sobretudo, com a motivação política da Renamo-União Eleitoral, em levar os cidadãos à desobediência, a cometerem desacatos ao poder e, por conseguinte, levá-los a que sejam objectos de manipulação política através da desinformação engendrada”.

FONTE: ATribunaFax , 02 de Abril de 2009

2 comments:

Anonymous said...

Uma pouca vergonha!!! Ao que o nosso pais chegou. Maria Helena

JOSÉ said...

É revoltante fazer aproveitamento político desta tragédia.