É fácil ignorar o potencial que o novo partido de Daviz Simango, o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) traz para o nível de competitividade na cena política nacional.
Vários outros partidos surgiram no passado, cuja existência só foi notada pouco antes da realização de eleições, para logo de seguida passarem para a hibernação. Que diferença traria este novo partido, produto de dissidentes da Renamo?
É uma observação justa e lógica. Mas em política as analogias são fatais. E será uma grande fatalidade tentar ignorar ou minimizar a importância que o MDM representa para o processo político nacional, e o potencial do movimento para desequilibrar a balança.
É preciso começar com os números referentes às últimas eleições, em 2004. Nessas eleições, segundo os dados disponibilizados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), somente cerca de 40 por cento do eleitorado foi às urnas. Isto pressupõe um universo de 60 por cento de abstenção.
Há várias possíveis razões que terão levado tão elevado número de eleitores a optarem pela abstenção. Uma das razões, e talvez a mais provável, é que muitos desses eleitores desejavam a mudança, mas não viam na Renamo o agente capaz de lhes trazer essa mudança. Uma fraca afluência às urnas, favorece geralmente o partido no poder.
Os que se abstêm de votar pertencem geralmente à chamada “oposição informal”, desejosos mas incapazes de desalojar o partido no poder, mas também suficientemente realistas para calcularem a incapacidade da oposição em eclipsar o poder. É o voto da resignação.
Dependendo da capacidade do MDM de demonstrar o seu poder de mobilização e de conseguir impor-se como uma alternativa viável, é neste reservatório de eleitores (passivos), maioritariamente jovens letrados e profissionais, frustrados e sem nenhuma ligação sentimental em relação à luta de libertação, onde Daviz Simango e o seu partido poderão ir buscar uma grande parte do seu voto, ao qual irá juntar-se o voto de muitos apoiantes e militantes da Renamo desiludidos com o estilo autocrático de Afonso Dhlakama. Foi este último grupo que ajudou a formar o MDM, desmantelando, no processo, uma grande parte das estruturas que serviam da base de apoio e mobilização da Renamo em vários pontos do país.
O êxito de Daviz Simango nas últimas eleições autárquicas na cidade da Beira poderá ter despertado em muitos jovens, particularmente nos centros urbanos, a consciência de que com um pouco mais de esforço de mobilização nada é impossível.
Um bom desempenho do MDM, acrescido do apoio residual que a Renamo continuará a manter nas suas tradicionais zonas de influência, é a fórmula mágica que poderá, pela primeira vez, pôr em causa a maioria parlamentar de que a Frelimo sempre gozou. Deve ser com este cenário em mente que a Frelimo realiza este fim-de-semana a sua reunião nacional de quadros na Matola. Como contrariar esta adversidade não menos real dependerá da capacidade deste partido de reinventar-se, e com actos concretos demonstrar ao eleitorado moçambicano que ainda é relevante para a realização dos seus sonhos.
Vários outros partidos surgiram no passado, cuja existência só foi notada pouco antes da realização de eleições, para logo de seguida passarem para a hibernação. Que diferença traria este novo partido, produto de dissidentes da Renamo?
É uma observação justa e lógica. Mas em política as analogias são fatais. E será uma grande fatalidade tentar ignorar ou minimizar a importância que o MDM representa para o processo político nacional, e o potencial do movimento para desequilibrar a balança.
É preciso começar com os números referentes às últimas eleições, em 2004. Nessas eleições, segundo os dados disponibilizados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), somente cerca de 40 por cento do eleitorado foi às urnas. Isto pressupõe um universo de 60 por cento de abstenção.
Há várias possíveis razões que terão levado tão elevado número de eleitores a optarem pela abstenção. Uma das razões, e talvez a mais provável, é que muitos desses eleitores desejavam a mudança, mas não viam na Renamo o agente capaz de lhes trazer essa mudança. Uma fraca afluência às urnas, favorece geralmente o partido no poder.
Os que se abstêm de votar pertencem geralmente à chamada “oposição informal”, desejosos mas incapazes de desalojar o partido no poder, mas também suficientemente realistas para calcularem a incapacidade da oposição em eclipsar o poder. É o voto da resignação.
Dependendo da capacidade do MDM de demonstrar o seu poder de mobilização e de conseguir impor-se como uma alternativa viável, é neste reservatório de eleitores (passivos), maioritariamente jovens letrados e profissionais, frustrados e sem nenhuma ligação sentimental em relação à luta de libertação, onde Daviz Simango e o seu partido poderão ir buscar uma grande parte do seu voto, ao qual irá juntar-se o voto de muitos apoiantes e militantes da Renamo desiludidos com o estilo autocrático de Afonso Dhlakama. Foi este último grupo que ajudou a formar o MDM, desmantelando, no processo, uma grande parte das estruturas que serviam da base de apoio e mobilização da Renamo em vários pontos do país.
O êxito de Daviz Simango nas últimas eleições autárquicas na cidade da Beira poderá ter despertado em muitos jovens, particularmente nos centros urbanos, a consciência de que com um pouco mais de esforço de mobilização nada é impossível.
Um bom desempenho do MDM, acrescido do apoio residual que a Renamo continuará a manter nas suas tradicionais zonas de influência, é a fórmula mágica que poderá, pela primeira vez, pôr em causa a maioria parlamentar de que a Frelimo sempre gozou. Deve ser com este cenário em mente que a Frelimo realiza este fim-de-semana a sua reunião nacional de quadros na Matola. Como contrariar esta adversidade não menos real dependerá da capacidade deste partido de reinventar-se, e com actos concretos demonstrar ao eleitorado moçambicano que ainda é relevante para a realização dos seus sonhos.
FONTE: Editorial do SAVANA , 17/04/09.
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