Tuesday, 28 April 2015

Jacob Zuma diz que Emmanuel Sithole era um imigrante ilegal

O Governo sul-africano continua à procura de subterfúgios para justificar a barbaridade cometida pelos seus cidadãos contra os estrangeiros na onda de xonofobia que vitimou sete cidadãos naquele país. Se já havia declarações pouco responsáveis dos dirigentes e influentes que deram azo à violência, o presidente sul-africano, Jacob Zuma, veio a público com um discurso também problemático e que está a criar várias interpretações.
Num discurso de celebração do Dia da Liberdade, Jacob Zuma disse que o cidadão moçambicano Emmanuel Sithole, que foi assassinado à facada e à martelada sob o olhar impávido dos sul-africanos, era um “ilegal”. “Entre os estrangeiros que morreram na mesma semana está o moçambicano Manuel Jossias, que foi identificado pelos meios de comunicação social como sendo Emmanuel Sithole. Ele foi morto em Alexandra. Os relatórios indicam que ele usava um nome falso, para evitar ser detido pelas autoridades, pois era um imigrante ilegal”.
As declarações de Zuma estão a ser interpretadas como estando a associar a morte à situação de ilegalidade.
Mas Zuma também culpa os países vizinhos por não criarem condições para os seus cidadãos e assim propiciarem imigração, que designou como “massiva”, para a África do Sul. “A minha opinião é que estes problemas devem ser discutidos na União Africana, porque, se temos um problema de xenofobia, os países nossos irmãos para ele contribuíram. Porque é que os seus cidadãos não estão nos respetivos países”, perguntou o presidente sul-africano, num discurso proferido em Pretória.
“Algumas das questões levantadas pelos representantes dos cidadãos estrangeiros devem realmente ser debatidas, desde logo na SADC (Comunidade de Desenvolvimento da África Austral), e também na União Africana”, declarou o chefe do Estado sul-africano.
Zuma disse que os cidadãos vítimas de xenofobia acusam os seus países de não criarem condições. “Alguns deles fizeram acusações muito graves aos seus países, o que explica por que estão na África do Sul”, afirmou Zuma. “Outros avisaram mesmo que era quase certa a chegada de uma nova vaga de refugiados, dada a evolução da situação nos seus países”, acrescentou.
Jacob Zuma recordou que os imigrantes contribuem para a economia do país. Condenou, porém, o aumento da imigração clandestina, sendo os imigrantes ilegais frequentemente acusados de aceitarem trabalho menos bem pago.
“Devemos atacar as causas profundas da violência e das tensões, que são a herança da pobreza, do desemprego e das desigualdades no nosso país e no nosso continente, e da luta por recursos limitados”, apontou o chefe do Estado sul-africano.
Não há registo da ocorrência de qualquer incidente grave desde há uma semana, altura em que o exército sul-africano foi destacado para alguns pontos estratégicos para impedir excessos. Na passada segunda-feira, efectuou dois patrulhamentos com a Polícia em Joanesburgo.




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