Confrontos entre homens da Renamo e FADM em Gaza
Alegado atentado contra coronel Mariano Nhongué, perito militar da Renamo na EMOCHM, na origem dos desentendimentos entre os membros da Comissão.
Não trouxe nenhum resultado a Comissão de Inquérito da Equipa Militar de Observação da Cessação das Hostilidades Militares destacada para investigar as causas dos confrontos militares entre as tropas governamentais e os homens armados da Renamo em Naladzi, no distrito do Guijá, na província de Gaza, nos dias 2 a 4 de Abril,
O “Canalmoz” soube de fontes militares que houve desentendimentos entre os membros da comissão em Naladzi, devido a uma emboscada montada pelas forças governamentais contra o coronel Mariano Nhongue, perito militar da Renamo afecto na subunidade da EMOCHM em Inhambane.
Segundo as nossas fontes, quando a missão chegou ao local, o chefe da missão, o coronel zimbabweano Nelson Munjaranji e o coronel Alface, do Governo, disseram ao coronel Nhongue, da Renamo, que entrasse em contacto com o comandante da força da Renamo no Guijá, para ser ouvido pela Comissão. “Quando o coronel Mariano Nhongue ia ao local onde devia captar melhor a rede para se comunicar com o comandante da Renamo, caiu numa emboscada das forças governamentais previamente montada”. As nossas fontes contam que “o comandante Nhongue escapou por sorte e por ser um operativo experiente”. Segundo as fontes militares, o objectivo da emboscada era assassinar o oficial, para imputar a responsabilidade à própria Renamo, a fim de alimentar a narrativa de que a Renamo é a responsável pelos ataques em Gaza.
A partir daí não houve mais condições para as partes continuarem a trabalhar, e tiveram que voltar a Maputo sem o relatório que se pretendia que elaborasse sobre as causas reais dos confrontos. Na passada sexta-feira, os peritos militares do Governo e da Renamo reuniram-se no Centro de Conferências “Joaquim Chissano”, no habitual encontro semanal com o Comando Central da EMOCHM, para receber o relatório da missão, o que não aconteceu.
O relatório devia ser apresentado ao comandante da EMOCHM, o brigadeiro Therego Seretse, que, por sua vez, se encarregaria de apresenta-lo ao comado da EMOCHM. Ao aperceber-se que a Comissão não elaborou o relatório, o brigadeiro Therego Seretse não compareceu no encontro, evocando doença. O “Canalmoz” sabe de fontes da EMOCHM que Therego Seretse anda insatisfeito com o que chama parcialidade por parte do chefe da Comissão de Inquérito enviada ao Guijá, o coronel Nelson Mujaranji.
No referido encontro, Nelson Mujaranji apresentou um relatório verbal que omite a emboscada de que o coronel da Renamo foi alvo.
O “Canalmoz” soube que, com o propósito de se apurar o que realmente aconteceu no Guijá, a delegação da Renamo pediu para que fossem chamados a Maputo os coronéis Mariano Nhongue (da Renamo) e Alface, ambos afectos na subunidade de Inhambane, para prestarem os seus depoimentos à EMOCHM, mas a proposta foi recusada pelo Governo.
As nossas fontes militares disseram que, à última hora, foi produzido um relatório que indica apenas que a comissão não obteve sucesso, sem no entanto se referir aos problemas. O documento foi depois apresentado na passada segunda-feira, dia 20, na mesa do diálogo, mas foi considerado incompleto pelas partes.
(Bernardo Álvaro, Canalmoz)
(Bernardo Álvaro, Canalmoz)
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