Wednesday 22 April 2015

Governo sul-africano chama o exército para proteger as vítimas da xenofobia








Os discursos, apelos e marchas parecem não serem suficientes para acalmar os sul-africanos que continuam a manifestar-se, vandalizar e agredir cidadãos estrangeiros. E, como nem mesmo a polícia consegue garantir a segurança dos imigrantes mais pobres, o Governo sul-africano decidiu enviar o exército para proteger as vítimas da xenofobia.

“É um último recurso” afirmou a Ministra da Defesa da África do Sul, Nosiviwe Mapisa-Nqakula, nesta terça-feira(21), em conferência de imprensa numa esquadra da polícia no subúrbio de Alexandra, sem precisar o número de efectivos militares que serão mobilizados.
“Haverão críticos mas aqueles que estão vulneráveis vão apreciar a decisão” afirmou Mapisa-Nqakula que esclareceu que as forças militares não irão substituir a polícia “estarão apenas para dar apoio aos esforços da polícia em prevenir e combater o que temos visto”.
Na noite segunda-feira(20), um casal de imigrantes zimbabweanos foi atacado a tiro neste bairro.
Esta medida do Governo de Jacob Zuma acontece após quase três semanas de manifestações públicas de cidadãos sul-africanos a mandarem os estrangeiros regressarem aos seus países de origem, vandalização de pequenas lojas pertencentes a imigrantes, e ataques brutais que causaram pelo menos oito vítimas mortais. Um das vítimas foi uma criança e outra o cidadão moçambicano Emanuel Sithole.
Milhares de imigrantes tiveram que abandonar as suas residências e procurar refúgio em locais criados pelas autoridades sul-africanas, que afirmaram que pelo menos 906 imigrantes foram repatriados para os seus países de origem. Mais de duas centenas são moçambicanos.
Ainda nesta terça-feira foram presentes ao tribunal os quatro suspeitos de agredirem e esfaquearem o moçambicano Emanuel Sithole. O juiz decidiu adiar a audiência para o dia 4 de Maio, entretanto os suspeitos permanecem detidos.

Em 2008 a violência contra cidadãos estrangeiros na África do Sul causou a morte de 62 pessoas entre elas Ernesto Nhamuave, um cidadão moçambicano que foi queimado vivo. O crime acabou arquivado por alegada falta de testemunhas e suspeitos.
Um investigador do Centro Africano de Migração e Sociedade, baseado na Universidade de Witwatersrand em Johannesburg, estima que nos últimos sete anos mais de 350 pessoas foram mortas em ataques xenófobos contra estrangeiros na África do Sul.
Segundo o investigador, Jean Pierre Misago, citado pelo jornal Sunday Times apenas foi detida e julgada uma pessoa em conexão com estes ataques.





A Verdade

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