Basta de mortes de mancebos impreparados…
Beira (Canalmoz) – 2013 está a terminar com o recrudescer de operações militares que denotam uma opção claramente inviável para solucionar a actual crise político-militar em Moçambique.
Ainda há tempo para que os agora novamente beligerantes se sen...tem e conversem com seriedade sobre o que os separa.
Se a secessão do Sudão do Sul está em muitos maus lençóis contando com mais de 1000 vítimas mortais que será de Moçambique? A contabilização de vítimas obedece a comandos que não se mostram dispostos a esclarecer. Há um autêntico blackout informativo e o que se vai sabendo é de proveniência nem sempre digna de crédito. Fala-se de deserções maciças, de recrutamento compulsivo, de execuções sumárias e nada disso abona trunfos para o país.
Há uma deliberada vontade de impor soluções indigestas que uma parte não aceita.
Explicações abundam na comunicação social mas nada do que se diz traz soluções desejadas pela maioria dos moçambicanos.
Enquanto não há decisões vinculativas que coloquem os principais interlocutores falando como políticos responsáveis alguma propaganda tenta dar um ar de normalidade que já não convence aos moçambicanos.
Quando as empresas de transporte rodoviário se decidem a abandonar uma rota vital alegando falta de segurança isso tem repercussões complexas. Quando os turistas recebem informações de que não há garantia de sossego trocam de destino de suas férias e o país perde. A retirada de pessoas não essencial, familiares de trabalhadores, por exemplo, da Rio Tinto já não se pode negar que o conflito militar e político afecta o país.
Convém que a sociedade moçambicana consiga travar apetites de um grupo de políticos com agendas estranhas, voltadas para si mesmos.
As dificuldades no diálogo há muito chamado de “surdos” têm origens concretas que importa desmascarar para avanços aconteçam naquela frente.
Não solução militar para a presente crise. Até porque não existe em Moçambique um exército profissional com capacidade de vencer uma guerrilha que se mostra experiente e determinada a corroer quem se atravesse em seu caminho.
O que começou como “teste” à capacidade de reacção do outro está a transformar-se num “bico-de-obra”.
O apelo dos moçambicanos é que os políticos dispam-se da arrogância e encarem os factos com a seriedade que eles merecem. Oiçam a voz de vossos compatriotas e escolham o diálogo aberto e honesto.
Quem quer democracia e paz não deve ter medo de jogar em campo nivelado e com regras consensuais.
O fosso entre ricos e pobres, denotando uma clara falta de democracia económica serve de campo fértil de recrutamento de descontentes para batalhas de consequências desconhecidas.
Vamos caminhar para um país-nação realmente uno e indivisível e vamos abrir crateras para uma eventual secessão estilo do Sudão? Estará alguém interessado em ver Moçambique trilhando pelos caminhos da República Democrática do Congo em ora em Kivu ora é noutra região que a rebelião rebenta e interrompe os esforços pelo desenvolvimento nacional?
Será que alguém quer iniciar uma guerra pelos recursos em Moçambique após a partilha feita? Será que teremos carvão e gás de sangue no país?
Antever face aos dados existentes e a conduta dos políticos nacionais deve ser obrigação e responsabilidade destes.
Proclamar vontades e desejos difere de proceder de maneira consentânea com tais desígnios.
É casmurrice “matar a galinha dos ovos de ouro” que é a paz.
Empurrar a outra parte contra a parede não é o caminho da viabilização do diálogo.
Rejeitar liminarmente os pontos de vista do outro tem o potencial de inflamar ânimos e extremar posições.
Dos centros de pensamento moçambicanos e de seus congéneres internacionais esperemos que exista percepção rápida do desenrolar dos acontecimentos no terreno e uma assessoria proactiva aos governos e partes envolvidas nesta grave crise.
Estamos numa situação em que não valem pronunciamentos como os de alguns diplomatas zimbabweanos alegando capacidade da SADC impedir a guerra em Moçambique quando esta já é um facto. O exército zimbabweano tem uma história recente de confrontação directa com a guerrilha da Renamo na qual sofreu pesadas baixas documentadas. Sua experiência expedicionária na RDC também não é de tanto sucesso. A utilidade das forças militares sul-africanas numa acção de socorro ao governo de Moçambique também é uma incógnita do ponto de vista de funcionalidade. Escorraçadas na República Centro Africana por uma guerrilha aguerrida, os sul-africanos devem estar equacionando de forma diferente futuras intervenções. Uma guerra em território hostil e com uma população cansada de guerra e com alguma simpatia pela guerrilha pode se transformar num vespeiro como se sabe de cenários como Afeganistão, Iraque, RDC, Somália.
Estender a guerra a Moçambique pode levantar “fantasmas adormecidos” da secessão e neste ponto de vista não tem utilidade prática alguma fazer vista grossa e ignorar que existe um potencial de clivagens étnicas. O discurso da Unidade Nacional transformou-se em “conversa fiada” na qual muito pouca gente acredita. Uma coisa é proclamar aos “quatro ventos” “unidade” e outra coisa é viver e governar Moçambique com posições firmes de combate contra as assimetrias.
Pátria compartilhada, nação forte e unida nos benefícios e nos sacrifícios, respeitando os heróis de todos sem discriminação nem complexos de superioridade fúteis, acolhendo as diferenças como fontes de riqueza e criatividade é o que os moçambicanos querem. Basta de historietas e de enganos…
(Noé Nhantumbo, Canalmoz)
Beira (Canalmoz) – 2013 está a terminar com o recrudescer de operações militares que denotam uma opção claramente inviável para solucionar a actual crise político-militar em Moçambique.
Ainda há tempo para que os agora novamente beligerantes se sen...tem e conversem com seriedade sobre o que os separa.
Se a secessão do Sudão do Sul está em muitos maus lençóis contando com mais de 1000 vítimas mortais que será de Moçambique? A contabilização de vítimas obedece a comandos que não se mostram dispostos a esclarecer. Há um autêntico blackout informativo e o que se vai sabendo é de proveniência nem sempre digna de crédito. Fala-se de deserções maciças, de recrutamento compulsivo, de execuções sumárias e nada disso abona trunfos para o país.
Há uma deliberada vontade de impor soluções indigestas que uma parte não aceita.
Explicações abundam na comunicação social mas nada do que se diz traz soluções desejadas pela maioria dos moçambicanos.
Enquanto não há decisões vinculativas que coloquem os principais interlocutores falando como políticos responsáveis alguma propaganda tenta dar um ar de normalidade que já não convence aos moçambicanos.
Quando as empresas de transporte rodoviário se decidem a abandonar uma rota vital alegando falta de segurança isso tem repercussões complexas. Quando os turistas recebem informações de que não há garantia de sossego trocam de destino de suas férias e o país perde. A retirada de pessoas não essencial, familiares de trabalhadores, por exemplo, da Rio Tinto já não se pode negar que o conflito militar e político afecta o país.
Convém que a sociedade moçambicana consiga travar apetites de um grupo de políticos com agendas estranhas, voltadas para si mesmos.
As dificuldades no diálogo há muito chamado de “surdos” têm origens concretas que importa desmascarar para avanços aconteçam naquela frente.
Não solução militar para a presente crise. Até porque não existe em Moçambique um exército profissional com capacidade de vencer uma guerrilha que se mostra experiente e determinada a corroer quem se atravesse em seu caminho.
O que começou como “teste” à capacidade de reacção do outro está a transformar-se num “bico-de-obra”.
O apelo dos moçambicanos é que os políticos dispam-se da arrogância e encarem os factos com a seriedade que eles merecem. Oiçam a voz de vossos compatriotas e escolham o diálogo aberto e honesto.
Quem quer democracia e paz não deve ter medo de jogar em campo nivelado e com regras consensuais.
O fosso entre ricos e pobres, denotando uma clara falta de democracia económica serve de campo fértil de recrutamento de descontentes para batalhas de consequências desconhecidas.
Vamos caminhar para um país-nação realmente uno e indivisível e vamos abrir crateras para uma eventual secessão estilo do Sudão? Estará alguém interessado em ver Moçambique trilhando pelos caminhos da República Democrática do Congo em ora em Kivu ora é noutra região que a rebelião rebenta e interrompe os esforços pelo desenvolvimento nacional?
Será que alguém quer iniciar uma guerra pelos recursos em Moçambique após a partilha feita? Será que teremos carvão e gás de sangue no país?
Antever face aos dados existentes e a conduta dos políticos nacionais deve ser obrigação e responsabilidade destes.
Proclamar vontades e desejos difere de proceder de maneira consentânea com tais desígnios.
É casmurrice “matar a galinha dos ovos de ouro” que é a paz.
Empurrar a outra parte contra a parede não é o caminho da viabilização do diálogo.
Rejeitar liminarmente os pontos de vista do outro tem o potencial de inflamar ânimos e extremar posições.
Dos centros de pensamento moçambicanos e de seus congéneres internacionais esperemos que exista percepção rápida do desenrolar dos acontecimentos no terreno e uma assessoria proactiva aos governos e partes envolvidas nesta grave crise.
Estamos numa situação em que não valem pronunciamentos como os de alguns diplomatas zimbabweanos alegando capacidade da SADC impedir a guerra em Moçambique quando esta já é um facto. O exército zimbabweano tem uma história recente de confrontação directa com a guerrilha da Renamo na qual sofreu pesadas baixas documentadas. Sua experiência expedicionária na RDC também não é de tanto sucesso. A utilidade das forças militares sul-africanas numa acção de socorro ao governo de Moçambique também é uma incógnita do ponto de vista de funcionalidade. Escorraçadas na República Centro Africana por uma guerrilha aguerrida, os sul-africanos devem estar equacionando de forma diferente futuras intervenções. Uma guerra em território hostil e com uma população cansada de guerra e com alguma simpatia pela guerrilha pode se transformar num vespeiro como se sabe de cenários como Afeganistão, Iraque, RDC, Somália.
Estender a guerra a Moçambique pode levantar “fantasmas adormecidos” da secessão e neste ponto de vista não tem utilidade prática alguma fazer vista grossa e ignorar que existe um potencial de clivagens étnicas. O discurso da Unidade Nacional transformou-se em “conversa fiada” na qual muito pouca gente acredita. Uma coisa é proclamar aos “quatro ventos” “unidade” e outra coisa é viver e governar Moçambique com posições firmes de combate contra as assimetrias.
Pátria compartilhada, nação forte e unida nos benefícios e nos sacrifícios, respeitando os heróis de todos sem discriminação nem complexos de superioridade fúteis, acolhendo as diferenças como fontes de riqueza e criatividade é o que os moçambicanos querem. Basta de historietas e de enganos…
(Noé Nhantumbo, Canalmoz)