Friday, 6 July 2012

Moçambique é um país da moda para investimento

Entre 70 e 80 por cento de todas as ideias de investimento apresentadas à Sofid, instituição que financia projectos portugueses em países em desenvolvimento, têm como destino Moçambique, disse ontem à Lusa o respectivo presidente executivo.
“Moçambique é de facto um país da moda. (...) Neste momento é o país que mais interesse suscita aos investidores portugueses”, disse Diogo Gomes de Araújo, em entrevista à Lusa.
Para explicar esta preferência entre as firmas que procuram a Sofid, sobretudo pequenas e médias empresas (PME), o presidente da instituição financeira aponta a previsibilidade do mercado moçambicano, assim como a forma “moderna, transparente e flexível” com que o país promove o investimento directo estrangeiro.
“Quando investe em Moçambique, (o investidor) sabe quais são as regras, quais os apoios, qual o tratamento que as autoridades locais lhe vão dar, enquanto noutros países é mais incerto”, esclareceu.
Comparativamente com o mercado angolano, por exemplo, o moçambicano dá mais flexibilidade ao investidor, acrescentou Diogo Gomes de Araújo, exemplificando: “Uma pessoa que queira abrir uma loja com cem mil euros em Moçambique pode fazê-lo. Em Angola, a nova lei do investimento privado exige que o investimento seja superior a um milhão de dólares”.
Além disso, lembrou, Angola teve a crise dos pagamentos em 2008, que assustou as empresas.
Entre 2009 e 2010, a Sofid sentiu essa mudança: “Deixou de ser tanto Angola o país do interesse dos empresários e passou a ser Moçambique”, disse.
O responsável admitiu, no entanto, que o facto de a Sofid ser a entidade gestora do Investimoz, o fundo português de apoio ao investimento em Moçambique, pode também ser determinante na quantidade de empresas que procuram a instituição com Moçambique em vista.
“Acredito que haja muitas empresas que nos visitam por termos um instrumento de investimento específico para aquele mercado e que é significativo. São 94 milhões de euros”, disse.
Depois de Moçambique, Angola surge em segundo lugar, juntamente com o Brasil, entre os mercados mais procurados pelas empresas que consultam a Sofid.
Os restantes países lusófonos “não têm tanta expressão e todos têm os seus constrangimentos”, disse o responsável da Sofid, exemplificando com a pequena dimensão e a insularidade de São Tomé e Príncipe e com a instabilidade da Guiné-Bissau – onde chegou a ser aprovado um projecto que não avançou porque o promotor desistiu devido à crise política.
“No caso de Cabo Verde, pode haver oportunidades no turismo e no urbanismo”, disse, referindo que a Sofid tem alguns projectos em avaliação nessas áreas.
Quanto a Timor-Leste, apesar da insularidade, da imaturidade política e da distância, Diogo Gomes de Araújo vê oportunidades na constituição do fundo de petróleo: “Pode despertar uma série de oportunidades que podem ser aproveitadas pelas empresas portuguesas e, nesse caso, estaremos junto delas para as apoiar e para as financiar”.
Além dos países lusófonos, a Sofid tem projectos em países como Marrocos, Chile, Perú e Colômbia, assim como na África do Sul, onde existe uma importante diáspora portuguesa.

Diário de Moçambique

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