Saturday, 7 July 2012

CPLP: De Moçambique espera -se uma "mudança na continuidade"

Moçambique vai assumir a presidência rotativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) no dia 20 e, após dois anos de liderança angolana, que correu "dentro do expectável", espera-se uma "mudança na continuidade", diz o secretário executivo.
Em entrevista à agência Lusa, na sede da CPLP, em Lisboa, Domingos Simões Pereira, que deixará, também no dia 20, o cargo que ocupa há quatro anos, destaca que "Moçambique está a preparar-se devidamente para assumir a presidência" da organização.
Ao contrário do habitual, e por razões de ordem alfabética, será também a vez de um moçambicano exercer o cargo de secretário executivo, cujo nome só será conhecido no dia 20.
A presidência angolana que agora termina correu "dentro do expectável", tendo permitido "explorar novos horizontes dentro da organização", considera o guineense Domingos Simões Pereira, sublinhando que Luanda trouxe "temas ligados à pluralidade, à solidariedade na diversidade".
Também foi feito "um esforço grande no sentido de envolvimento da sociedade civil", realça, esperando que a presidência moçambicana caminhe para "avanços mais tangíveis" no contacto com os cidadãos.
"A presidência é sempre uma oportunidade para os países exercerem a liderança da organização, emprestando a sua visão", destaca, reconhecendo que, por isso, "há sempre um cunho particular". Mas, sublinha, espera-se uma "mudança na continuidade", já que "a CPLP é uma organização que se vai fazendo".
O grande tema da conferência de chefes de Estado e de Governo que se realiza em Maputo, no dia 20, é a segurança alimentar e nutricional, o que representa um regresso a "uma questão muito técnica", que abarca - enumera o secretário executivo - a participação dos pequenos e médios agricultores, a transformação dos produtos agrários, o preço justo na comercialização.
Sobre os atrasos de muitos dos estados-membros da CPLP em atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, Simões Pereira realça que a organização pode apelar aos países "para se esforçarem" em cumprir as metas estabelecidos pelas Nações Unidas até 2015, mas só estes podem "melhorar os seus índices de desempenho".
Reconhecendo que a livre circulação no espaço da CPLP será "um processo lento", Simões Pereira apela ao envolvimento dos cidadãos. "Ouvimos muitas vezes vozes de inconformismo por parte das populações dos nossos países, que subscrevemos", diz. Mas cabe aos cidadãos "exercerem pressão", nomeadamente sobre os parlamentos nacionais, que têm de consagrar essa livre circulação no ordenamento jurídico.
"O que nos têm dito [os membros da CPLP] é que os respectivos parlamentos ainda têm dificuldade em passar uma liberdade que seja tão abrangente como aquela que se pretende", destaca.

Rádio Moçambique

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