Condena e critica aquilo que os seus pares fingem não ver.
O estadista tswana teceu duras críticas ao regime líbio liderado por Kadafi, O qual “embarcou numa campanha brutal para matar os manifestantes e opositores, de forma a assegurar a sua permanência no poder”. Para Ian Khama, em tais casos, a decisão mais correcta seria a mudança de governo e a condução dos prevaricadores ao Tribunal Penal Internacional (TPI).
O presidente do Botswana, Ian Khama, esteve entre nós numa visita de Estado que terminou no último sábado. O estadista tswana é conhecido por ser uma voz dissonante em vários assuntos que os seus pares da SADC e da África em geral fingem não estar a ver. Por exemplo, enquanto os líderes regionais hesitavam em condenar a violência política protagonizada por Mugabe no Zimbabwe, Ian Khama criticou-o duramente.
Chegou a acolher Morgan Tsavangirai no seu país, depois deste ter recebido uma “surra” dos agentes da polícia que agiam a mando de Robert Mugabe. O presidente do Botswana foi contra - e continua a sê-lo - dos governos de unidade nacional orquestrados quando o incumbente perde eleições e recusa-se deixar o poder. Ian Khama foi contra o Governo de Unidade Nacional orquestrado pela SADC para acomodar Mugabe e a ZANU-FP, quando este perdeu as eleições no Zimbabwe.
Quando a União Africana condenava o Tribunal Penal Internacional por ter emitido um mandado de captura contra o presidente do Sudão, Omar al-Bachir, o presidente tswana não só apoiou a decisão do TPI, como também deixou claro que caso Al-Bachir entrasse no espaço tswana seria detido e entregue à justiça internacional.
No banquete oferecido em sua honra pelo estadista moçambicano, no palácio da Ponta Vermelha, Ian Khama proferiu um discurso que não é comum em África. Exigiu uma maior democracia no continente e, de uma forma clara e vigorosa, condenou os líderes africanos que, a todo o custo, teimam em permanecer no poder.
“O Botswana está profundamente preocupado com as mudanças inconstitucionais de governo que ainda ocorrem no nosso continente, à semelhança do Madagáscar, que mancham a imagem de África na comunidade internacional”. Segundo Khama, o Botswana já condenou publicamente estes desenvolvimentos e está decidido a tomar as medidas necessárias para desencorajar esta tendência.
Disse ainda que a União Africana (UA) e a comunidade internacional têm a responsabilidade colectiva de enfrentar o desafio de “desencorajar aqueles que teimam em se manter no poder durante várias décadas, quer seja através de processos eleitorais corruptos para favorecer o incumbente, quer de outros casos em que não existe nenhuma tentativa de se formar um processo eleitoral”.
José Belmiro, O País
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