CONFESSO que fiquei confuso e continuo. Confuso porque entre o que se diz e o que realmente acontece vai uma grande distância. A confusão acentua-se quando os governantes a todos os níveis trazem a público um discurso mobilizador, animador e até certo ponto credível, mas, em contrapartida, a situação no terreno se mostra totalmente contrário àquilo que se pretende dizer ou fazer.
Maputo, Quinta-Feira, 7 de Julho de 2011:: Notícias
Há sensivelmente um mês, o Governo veio a público justificar que não havia necessidade de introdução da propalada cesta básica pois as condições económico-financeiras nos eram favoráveis, que o Metical estava estável e até a apreciar-se em razão das principais moedas de troca que circulam no país, que a famosa crise económica internacional passou a leste do nosso país, que os preços dos combustíveis no mercado internacional estavam estáveis e, por conseguinte, todas as condições macroeconómicas estavam a nosso favor, razões mais que suficientes para que o cidadão comum não encontrasse motivos de ver o seu curso de vida em sobressalto.
Só que da profusão de informação que circula no nosso meio alguma dela acaba criando uma autêntica confusão que, nalgum momento roça ao disparate. Não é fácil entender e digerir como as coisas mudaram em menos de trinta dias, a ponto de o Executivo ter vindo recentemente afirmar que a factura dos combustíveis estava a pressionar a economia nacional e, por via disso, via-se na contingência de fazer novos reajustamentos às tarifas até então em vigor para compensar os gastos na aquisição dos carburantes, sabido que é que qualquer mexida nestes produtos, também por simpatia acaba mexendo com tudo o que é produto comercializado e em consequência acaba mexendo, e de que maneira, no bolso do cidadão.
Também não deixa de ser confuso que volvidos sensivelmente trinta dias depois de vários discursos optimistas quanto à evolução da economia nacional, o Governo anuncie o reajuste dos preços dos combustíveis, coincidentemente na mesma ocasião que a nossa maior companhia de transporte público de passageiros também anuncia o agravamento da tarifa de passagem por pessoa nos seus autocarros, uma situação que ao tudo indica não será de modo algum compensado no salário do cidadão-produtor da riqueza que alimenta algumas barrigas neste mundo chamado Moçambique.
Portanto, estamos perante um cenário confuso entre o discurso e a realidade. Todos estamos claros que Moçambique não produz petróleo e por conseguinte precisa de importar os seus derivados para assegurar a continuidade da actividade da sua indústria. Todos estamos de acordo que em razão dessa situação os preços dos combustíveis devem de tempos a tempos serem reajustados. Todos estamos conscientes que as mexidas nos preços dos combustíveis, ainda que necessários, também acabam mexendo com o bolso do cidadão comum, aquele que no nosso mundo moçambicano não aufere mensalmente mais que 2.500 meticais, aquele que tem um contingente de família por alimentar, educar e garantir o mínimo dos cuidados sanitários e de higiene. Portanto, todos estamos de acordo que os preços dos combustíveis devem ser revistos sempre que as condições assim o imporem. Só que já não se pode aceitar a grande quantidade de areia que se atira aos olhos da população num claro exercício de confundir cada vez mais as mentes destes seres pensantes que habitam este espaço geográfico chamado Moçambique.
A confusão acentua-se ainda quando o Executivo vem a terreiro anunciar a redução de 200 para 150 meticais o subsídio pago às panificadoras, uma medida tomada o ano passado para se evitar o agravamento do preço do pão e assegurar o poder de compra aos consumidores. Aqui, vistas as coisas nos termos em que nos são colocados estamos perante uma faca de dois gumes. Ou as panificadoras vão se ver na obrigação de também reduzirem o peso do pão que é colocado à disposição do faminto cidadão ou então, para mantê-lo vão precisar de aumentar o seu preço, sob justificação da necessidade de cobrir os preços de produção. Mas a confusão não para por aqui. Acentua-se ainda mais quando para justificar determinadas decisões sermos chamados a comparar os preços que se praticam no país com os que são praticados noutros países da região, como se o nível de vida dos moçambicanos fosse igual a dos sul-africanos, principal potência económica da região. Portanto, tomo que há muita confusão nas diferentes justificações que vão perfilando, tudo na tentativa de atirar areia aos olhos do pobre povão. É mesmo uma confusão que só o tempo se encarregará de esclarecer. Mas por enquanto e pelo andar da carruagem nada impede concluir que estamos perante uma autêntica confusão.
Felisberto Matusse
Maputo, Quinta-Feira, 7 de Julho de 2011:: Notícias
Há sensivelmente um mês, o Governo veio a público justificar que não havia necessidade de introdução da propalada cesta básica pois as condições económico-financeiras nos eram favoráveis, que o Metical estava estável e até a apreciar-se em razão das principais moedas de troca que circulam no país, que a famosa crise económica internacional passou a leste do nosso país, que os preços dos combustíveis no mercado internacional estavam estáveis e, por conseguinte, todas as condições macroeconómicas estavam a nosso favor, razões mais que suficientes para que o cidadão comum não encontrasse motivos de ver o seu curso de vida em sobressalto.
Só que da profusão de informação que circula no nosso meio alguma dela acaba criando uma autêntica confusão que, nalgum momento roça ao disparate. Não é fácil entender e digerir como as coisas mudaram em menos de trinta dias, a ponto de o Executivo ter vindo recentemente afirmar que a factura dos combustíveis estava a pressionar a economia nacional e, por via disso, via-se na contingência de fazer novos reajustamentos às tarifas até então em vigor para compensar os gastos na aquisição dos carburantes, sabido que é que qualquer mexida nestes produtos, também por simpatia acaba mexendo com tudo o que é produto comercializado e em consequência acaba mexendo, e de que maneira, no bolso do cidadão.
Também não deixa de ser confuso que volvidos sensivelmente trinta dias depois de vários discursos optimistas quanto à evolução da economia nacional, o Governo anuncie o reajuste dos preços dos combustíveis, coincidentemente na mesma ocasião que a nossa maior companhia de transporte público de passageiros também anuncia o agravamento da tarifa de passagem por pessoa nos seus autocarros, uma situação que ao tudo indica não será de modo algum compensado no salário do cidadão-produtor da riqueza que alimenta algumas barrigas neste mundo chamado Moçambique.
Portanto, estamos perante um cenário confuso entre o discurso e a realidade. Todos estamos claros que Moçambique não produz petróleo e por conseguinte precisa de importar os seus derivados para assegurar a continuidade da actividade da sua indústria. Todos estamos de acordo que em razão dessa situação os preços dos combustíveis devem de tempos a tempos serem reajustados. Todos estamos conscientes que as mexidas nos preços dos combustíveis, ainda que necessários, também acabam mexendo com o bolso do cidadão comum, aquele que no nosso mundo moçambicano não aufere mensalmente mais que 2.500 meticais, aquele que tem um contingente de família por alimentar, educar e garantir o mínimo dos cuidados sanitários e de higiene. Portanto, todos estamos de acordo que os preços dos combustíveis devem ser revistos sempre que as condições assim o imporem. Só que já não se pode aceitar a grande quantidade de areia que se atira aos olhos da população num claro exercício de confundir cada vez mais as mentes destes seres pensantes que habitam este espaço geográfico chamado Moçambique.
A confusão acentua-se ainda quando o Executivo vem a terreiro anunciar a redução de 200 para 150 meticais o subsídio pago às panificadoras, uma medida tomada o ano passado para se evitar o agravamento do preço do pão e assegurar o poder de compra aos consumidores. Aqui, vistas as coisas nos termos em que nos são colocados estamos perante uma faca de dois gumes. Ou as panificadoras vão se ver na obrigação de também reduzirem o peso do pão que é colocado à disposição do faminto cidadão ou então, para mantê-lo vão precisar de aumentar o seu preço, sob justificação da necessidade de cobrir os preços de produção. Mas a confusão não para por aqui. Acentua-se ainda mais quando para justificar determinadas decisões sermos chamados a comparar os preços que se praticam no país com os que são praticados noutros países da região, como se o nível de vida dos moçambicanos fosse igual a dos sul-africanos, principal potência económica da região. Portanto, tomo que há muita confusão nas diferentes justificações que vão perfilando, tudo na tentativa de atirar areia aos olhos do pobre povão. É mesmo uma confusão que só o tempo se encarregará de esclarecer. Mas por enquanto e pelo andar da carruagem nada impede concluir que estamos perante uma autêntica confusão.
Felisberto Matusse
2 comments:
O governo já veio "desautorizar" o aumento dos TPM.É realmente muita confusão. Abordei isso numa curta postagem lá no meu mundo.
Nelson, na verdade são confusoes a mais! Vou espreitar o teu post!
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