Tuesday 28 June 2011

Zambézia: Madeira valiosa está a saque num negócio que envolve líderes comunitários e madereiros ilegais


Entre as espécies mais procuradas destacam-se a chanfuta, pau-ferro e jambire
O transporte de madeira em camiões faz-se, regra geral, à noite

Líderes comunitários de alguns povoados de Mocuba, na Zambézia, estão a ser indiciados de conivência com madeireiros furtivos que de há alguns anos a esta parte devastam as florestas daquele distrito.
Segundo o diário Notícias, pelo menos três deles foram já afastados dos seus postos em consequência das suas ligações com operadores ilegais do chorudo negócio, de que está a resultar, em zonas como Mataia, numa extracção que já atingiu extensas áreas e o abate de árvores com diâmetro de dimensões abaixo do recomendado pelas autorizadades abalizadas.
Os alertas sobre este criminoso negócio são antigos, o mais recentes dos quais veio do Instituto Panos da África Austral, uma instituição lançada no país no ano passado e que há dias levou um grupo de jornalistas àquele ponto para reportarem o assunto.
Segundo o Notícias, o corte ilegal de madeira em Mocuba decorre à luz do dia e é protagonizado pelos naturais ao serviço de indivíduos (intermediários) idos da sede do distrito ou da cidade de Quelimane. Os intermediários pagam aos cortadores apenas 100 meticais por cada toro.
O transporte de madeira em camiões faz-se, regra geral, à noite e especula-se que posteriormente os toros comprados a 100 meticais são revendidos a estrangeiros posicionados em Quelimane, por cerca de três mil Mt a unidade.
Alves Ricardo e Horácio Franque, operadores de moto-serra, encontrados nas matas de Mataia, disseram que são habitualmente contratados para derrubar árvores e dividi-las em toros. Por cada unidade ganham 100 meticais. Já seca, a madeira é transportada de noite em lotes de 40 ou 60 para fora daquele povoado.
Entre as espécies mais procuradas destacam-se a chanfuta, pau-ferro e jambire.
Maria Isabel Sebastião, chefe da localidade de Munhiba, onde se insere o povoado de Mataia, reconheceu que a zona está, realmente, a ser devastada por madeireiros furtivos, que se aproveitam das fragilidades existentes na fiscalização destinada a evitar os desmandos.
Sebastião disse que, em consequência, pelo menos três líderes comunitários dos povoados de Mataia e Julião foram recentemente afastados dos cargos por conivência com operadores furtivos.

RM

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