O que poderão ter em comum o treinador de futebol Carlos Queiroz, o filho do general que disparou o primeiro tiro contra os portugueses na luta pela libertação nacional e o presidente da Federação de Futebol de Moçambique? A resposta está no Boletim da República de Moçambique de 18 de Abril de 2011.
No jornal oficial desta data consta o registo de uma empresa com escritura assinada a 14 de Fevereiro deste ano e que se chama Niassalândia Lda. E que tem, como únicos sócios, Carlos Manuel Brito Leal Queiroz, Jorge Manuel Oliveira da Silva, Alberto Joaquim Chipande Júnior – filho do general Chipande – e a sociedade RIL-Rex Investimentos Lda, pertencente a Fezal Sidat, presidente da federação moçambicana de futebol.
A Niassalândia, além de pretender actuar na indústria de madeiras, tem em vista «a exploração de actividade mineiras, prospecção e pesquisa geológica, compra e venda de recursos minerais preciosos e semipreciosos, gemas, esmeraldas, rubis, turmalinas, ouro e todos os outros tipos de pedras e minerais e abertura de uma fábrica _de processamento destes materiais», segundo o Boletim da República.
A sede da empresa será na província do Niassa, no distrito de Marangira. Esta é uma das províncias menos desenvolvidas do país, no Norte. E na proposta do Plano Económico e Social de Moçambique para 2008, um dos objectivos era a electrificação da vila-sede deste distrito. Este cenário faria crer que qualquer investimento na região teria de ser acompanhado de um capital social capaz de colmatar as lacunas de infra-estruturas.
Ora, o capital social da Niassalândia é de 50 mil meticais – pouco mais de mil euros, com cada sócio a contribuir com 12.500 meticais (cerca de 280 euros).
Um capital social pouco ambicioso que entra em contradição com os negócios dos sócios da empresa. Em Moçambique, Queiroz possui a Mangoma, Lda, cujo capital social é de 20 milhões de meticais, sendo que ao ex-seleccionador português pertencem 40%, correspondentes a oito milhões de meticais (188 mil euros). A isso soma-se um investimento avaliado em 9 milhões de euros na Mozambique Wild Adventures Lda e na Ilha de Vazimi, no Arquipélago da Quirimbas.
Por seu lado, além da RIL-Rex Investimentos Lda, Feizal Sidat detém acções na Tipografia Académica, na Papelaria Académica, na Sidat Office Solutions e na Papelaria Rex.
Nenhum deles tem ligações a empresas de exploração de madeiras ou pedras preciosas.
por Marta Curto, em Maputo, SOL
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