Lisboa, 06 jun (Lusa) - Dificuldades em reduzir a pobreza aliadas à subida dos preços do petróleo e alimentos poderão gerar agitação social em Moçambique, alerta um relatório internacional, sublinhando que a riqueza gerada não está a conseguir melhorar a vida das populações.
"Apesar da impressiva taxa de crescimento, os distúrbios de rua registados em setembro de 2010 e os novos dados sobre a pobreza evidenciaram a fraca relação entre o desempenho macroeconómico e as condições de vida da maioria da população", refere o relatório "Perspetivas Económicas em África", do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), que será apresentado hoje em Lisboa, no âmbito da reunião anual da instituição até 10 de junho na capital portuguesa.
A economia moçambicana cresceu 8,1 por cento em 2010, mais 1,7 por cento do que em 2009, e a taxa de pobreza da população caiu dos 69,4 por cento em 1997 para 55 por cento em 2010.
No entanto, "a situação estagnou e as disparidades regionais permanecem muito altas", refere o documento, alertando que "a crescente desigualdade pode levar a tensões sociais" no futuro.
Para 2011, as previsões de crescimento do PIB são de 7,7 por cento e para 2012 de 7,9 por cento.
A economia moçambicana está centrada no investimento estrangeiro em megaprojectos ligados às indústrias extrativas, em grande parte isentos de tributação, e o relatório adianta que a agitação social do ano passado obrigou o governo, doadores e instituições internacionais a reconsiderarem o modelo de crescimento de Moçambique.
"Não é evidente que este modelo beneficie a população por efeito de arrastamento face ao fracasso do governo em promover a produção interna e os serviços existentes ligados a megaprojectos", sublinha o texto.
A avaliação do BAD estima que a inflação em Moçambique, que em 2010 subiu para dois dígitos, possa em 2011 ser contida pelos subsídios aos preços dos transportes urbanos e à farinha de trigo, por uma política monetária "mais apertada" e pelo reforço da produção de alimentos.
Para o BAD, o principal risco nas previsões de crescimento reside no facto de a recuperação dos preços internacionais dos combustíveis e alimentos e as más condições meteorológicas "poderem resultar em dificuldades no controlo da inflação".
O relatório alerta ainda para o "aumento substancial do défice" das contas do Estado que poderá resultar da aplicação ao longo dos próximos três anos de um "ambicioso" programa de obras públicas do governo.
O investimento público, que será sobretudo em infraestruturas através de parcerias público privadas, deverá "absorver praticamente todas as disponibilidades orçamentais previstas para o período de 2011 a 2013".
O texto dá também conta das intenções de Moçambique de reduzir a sua dependência dos doadores internacionais, cujas contribuições representaram quase 50 por cento das receitas em 2010, estabelecendo ligações com economias emergentes como a China, Brasil e Índia.
Apesar de os indicadores do desenvolvimento terem melhorado nos últimos anos, o BAD estima que a maioria dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio não poderá ser alcançada a menos que o governo e os doadores reforcem o seu empenho ao longo dos próximos cinco anos.
Lusa, citado no Notícias Sapo
"Apesar da impressiva taxa de crescimento, os distúrbios de rua registados em setembro de 2010 e os novos dados sobre a pobreza evidenciaram a fraca relação entre o desempenho macroeconómico e as condições de vida da maioria da população", refere o relatório "Perspetivas Económicas em África", do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), que será apresentado hoje em Lisboa, no âmbito da reunião anual da instituição até 10 de junho na capital portuguesa.
A economia moçambicana cresceu 8,1 por cento em 2010, mais 1,7 por cento do que em 2009, e a taxa de pobreza da população caiu dos 69,4 por cento em 1997 para 55 por cento em 2010.
No entanto, "a situação estagnou e as disparidades regionais permanecem muito altas", refere o documento, alertando que "a crescente desigualdade pode levar a tensões sociais" no futuro.
Para 2011, as previsões de crescimento do PIB são de 7,7 por cento e para 2012 de 7,9 por cento.
A economia moçambicana está centrada no investimento estrangeiro em megaprojectos ligados às indústrias extrativas, em grande parte isentos de tributação, e o relatório adianta que a agitação social do ano passado obrigou o governo, doadores e instituições internacionais a reconsiderarem o modelo de crescimento de Moçambique.
"Não é evidente que este modelo beneficie a população por efeito de arrastamento face ao fracasso do governo em promover a produção interna e os serviços existentes ligados a megaprojectos", sublinha o texto.
A avaliação do BAD estima que a inflação em Moçambique, que em 2010 subiu para dois dígitos, possa em 2011 ser contida pelos subsídios aos preços dos transportes urbanos e à farinha de trigo, por uma política monetária "mais apertada" e pelo reforço da produção de alimentos.
Para o BAD, o principal risco nas previsões de crescimento reside no facto de a recuperação dos preços internacionais dos combustíveis e alimentos e as más condições meteorológicas "poderem resultar em dificuldades no controlo da inflação".
O relatório alerta ainda para o "aumento substancial do défice" das contas do Estado que poderá resultar da aplicação ao longo dos próximos três anos de um "ambicioso" programa de obras públicas do governo.
O investimento público, que será sobretudo em infraestruturas através de parcerias público privadas, deverá "absorver praticamente todas as disponibilidades orçamentais previstas para o período de 2011 a 2013".
O texto dá também conta das intenções de Moçambique de reduzir a sua dependência dos doadores internacionais, cujas contribuições representaram quase 50 por cento das receitas em 2010, estabelecendo ligações com economias emergentes como a China, Brasil e Índia.
Apesar de os indicadores do desenvolvimento terem melhorado nos últimos anos, o BAD estima que a maioria dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio não poderá ser alcançada a menos que o governo e os doadores reforcem o seu empenho ao longo dos próximos cinco anos.
Lusa, citado no Notícias Sapo
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