Saturday, 25 June 2011

O significado da independência

Com a passagem do 36.º aniversário da independência de Moçambique, será um imperativo que todos reflictamos sobre o significado dessa data, sobre como cada moçambicano entende ou interpreta a sua moçambicanidade.
Tem havido uma tendência, em vários países libertados do colonialismo, de os protagonistas dessa luta heróica se atribuirem a si o papel de dovos colonizados, entendendo que o seu envolovimento na luta de libertação confere-lhes o direito natural de imporem a sua vontade sobre o resto da sociedade. O envolvimento na libertação do país é usado oportunisticamente como factor de negação para o surgimento de novas correntes políticas, do clamor dos despojados por uma sociedade de oportunidades iguais e de desenvolvimento colectivo.
O verdadeiro significado da independência é que nunca em qualquer circunstância o ex-colonizado tenha que se perguntar se está mais livre do que estava durante o período colonial, ou se a sua condição de vida é melhor agora do que era antes.
Moçambique, em tanto que nação independente, constitui ainda um projecto por realizar. Muitos progressos terão certamente sido feitos; há mais crianças nas escolas, há mais moçambicanos formados ao nível terciário, mais moçambicanos com casa e viatura próprias.
Mas há um longo caminho ainda por percorrer para que os frutos da independência cheguem para todos. E esse chegar para todos, deve ser visto não em função daqueles que já têm os seus sonhos realizados, mas sim em função dos que ainda não os têm, que são certamente a esmagadora maioria. É nesta massa de gente que devemos dedicar o nosso pensamento à medida que levantamos as nossas taças de champagne para celebrar a passagem de mais um 25 de Junho.


Editorial do Savana, citado no Diário de um Sociólogo.

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