Dupla Mavie/Fauvet em apuros? Ou é mais uma armação táctica de “insiders”?
Acusar Gustavo Mavie de gestão danosa na Agência de Informação de Moçambique e veicular isso na imprensa não é algo corriqueiro ou que aconteça todos os dias.
Agora ter a reboque disso outro “guru” da comunicação social moçambicana relacionado o mesmo assunto por via indirecta é como “abater dois coelhos com uma cajadada”. É um golpe digno de mestres da manipulação ou de gente altamente cotada em serviços de inteligência. Não se pode inferir ou explicar que este caso esteja sendo resultando simplesmente de argúcia jornalística ou algo que se pareça.
Quem sabe da importância de recursos humanos escassos e com a qualidade ou influência necessária assim como experiência nas lides da comunicação social não se pode dar ao luxo de “queimar” tais recursos com processos ou ataques via da comunicação social.
Todos sabem quão prestável tem sido Mavie e Fauvet em tudo o que se relaciona com propaganda e elogios ao favor do regime do dia. Desta III república e da II república. O posicionamento inequívoco em defesa dos processos eleitorais suspeitos que fizeram a Frelimo vencer eleições e mesmo a exclusão de outros partidos de concorrerem em alguns círculos eleitorais sempre nunca receberam qualquer comentário contrário por parte desta dupla que desde a muito exerce funções na AIM.
Muitos dos pronunciamentos dirimidos em favor do Relatório Gersony contra a Renamo durante a guerra civil dos dezasseis anos foram da lavra de Paul Fauvet. Ele entanto que profissional tem direito a sua opinião e pontos de vista.
Mavie também tem os direitos. Se agora se questiona a legalidade contrato de trabalho de Fauvet alguma razão haverá para assim aja. “São outros tempos e outras vontades”?
A surpresa com que Gustavo Mavie aparece acusado alegadamente de gestão danosa em si não surpreende se tivermos em conta o modus vivendi do “oficialato” moçambicano. É de domínio público que os funcionários vivem de esquemas. Recordam-se da acusação de que ex-viceministra de Saúde do anterior governo de AEG se beneficiava ilicitamente de ajudas de custo? Lembram-se de que certa imprensa noticiou que parte dos fundos utilizados para pagar despesas relacionadas com as “Presidências Abertas e Inclusivas” de AEG eram fonte de enriquecimento ilícito por via de uma sobrefacturação praticada por alguns funcionários de províncias visitadas?
Quantas vezes o Ministro de Finanças não conseguiu justificar desvios de aplicação de fundos públicos e até não mandou verificar a legalidade de algumas aquisições feitas com fundos públicos sob responsabilidade de vários dirigentes governamentais? O jogo da vista grossa por parte de quem deveria por inerência de funções fiscalizar e inspecionar não é uma invenção do autor destas linhas.
O campo está cheio de provas circunstâncias e directas de descaminho e roubos de fundos públicos em Moçambique. A prática está tão enraizada que se torna difícil encontrar quem não se esteja beneficiando dos esquemas engendrados para sacar dinheiro do Estado.
Com a sucessão de escândalos financeiros que chegam a comunicação social e decerto centenas de outros que acabam encobertos por teias de proteccionismo, torna-se muito complicado tecer considerações sobre a legalidade e a boa governação neste país. Parece que a roubalheira está institucionalizada e o Parlamento não consegue cumprir o seu papel.
No mínimo o que se poderia esperar que Gustavo Mavie fizesse era usar um pouco da sua “vivência” em Londres para seguir o caminho que dirigentes públicos e de empresas fazem quando lá seu comportamento é questionado em público. Em Londres as pessoas acusadas ou alegadamente implicadas em práticas que se situam fora do que é considerado ético e moral para titulares de cargos de direcção, simples e rapidamente colocam seus lugares à disposição, demitem-se e retiram-se da vida pública.
Sem que se pretenda sacrificar a integridade e honra de altos funcionários da AIM é importante que se diga que está criado o ambiente propício para a desconfiança e suspeitas de ilicitude numa instituição subordinada ao Gabinete do Primeiro-Ministro do país. Isto não é salutar e deve ser tratado com a seriedade que merecem casos deste tipo e natureza.
Governar tem os seus termos de referência e dirigir empresas públicas também está vinculado a regras que se tem de seguir.
Se durante alguns anos ou muitos anos algumas pessoas desenvolveram a crença errada de que estavam acima de tudo e todos e inclusive acima da lei, isso se está tornando insustentável. A demagogia, o populismo, as meias-verdades, o encobrimento tácito da verdade sempre que susceptível de favorecer os opositores políticos, o “mercenarismo” jornalístico barato, o jogo da aceitação de “encomendas” funcionam numa dimensão temporal determinada.
Embora se resista em reconhecer que os tempos são outros nada de facto é como era como antes. Quem se esperava que zelosos e prestáveis altos funcionários e instituições como o Centro de Processamento de dados se vissem com processos judiciais às costas?
Jamais alguém sonhou que um ministro “desse dentro” em Moçambique?
É para dizer que a Primavera Árabe até aqui na ensolarada “Pérola do Índico” já tem consequências. O mundo é de facto uma aldeia global e a tendência predominante aponta para a emergência de um tipo diferente de relacionamento entre governos e instituições.
Sem ser o advento do puritanismo fático e extremista os cidadãos governandos esperam que seus governantes responsam pelo que fazem.
Se os filhos do deposto Mubarak estão com data marcada para se apresentarem no tribunal em Cairo decerto que a dimensão dessa decisão judicial terá efeitos também nos procedimentos judiciais moçambicanos.
Quem comprou barato a abaixo do valor do mercado, património do estado em Moçambique tem de esperar responder judicialmente por isso pois nesse acto está configurado um acto de corrupção. Quem durante anos se engajou na protecção de todo o tipo de ilicitude tem de esperar responder em juízo pelos enormes prejuízos provocados ao processo democrático e político moçambicano.
Está chegando o fim da impunidade e é de saudar a coragem que teve o articulista que despoletou esta triste novela...
Noé Nhantumbo, DIÁRIO DA ZAMBÉZIA – 03.06.2011, citado no Moçambique para todos
Acusar Gustavo Mavie de gestão danosa na Agência de Informação de Moçambique e veicular isso na imprensa não é algo corriqueiro ou que aconteça todos os dias.
Agora ter a reboque disso outro “guru” da comunicação social moçambicana relacionado o mesmo assunto por via indirecta é como “abater dois coelhos com uma cajadada”. É um golpe digno de mestres da manipulação ou de gente altamente cotada em serviços de inteligência. Não se pode inferir ou explicar que este caso esteja sendo resultando simplesmente de argúcia jornalística ou algo que se pareça.
Quem sabe da importância de recursos humanos escassos e com a qualidade ou influência necessária assim como experiência nas lides da comunicação social não se pode dar ao luxo de “queimar” tais recursos com processos ou ataques via da comunicação social.
Todos sabem quão prestável tem sido Mavie e Fauvet em tudo o que se relaciona com propaganda e elogios ao favor do regime do dia. Desta III república e da II república. O posicionamento inequívoco em defesa dos processos eleitorais suspeitos que fizeram a Frelimo vencer eleições e mesmo a exclusão de outros partidos de concorrerem em alguns círculos eleitorais sempre nunca receberam qualquer comentário contrário por parte desta dupla que desde a muito exerce funções na AIM.
Muitos dos pronunciamentos dirimidos em favor do Relatório Gersony contra a Renamo durante a guerra civil dos dezasseis anos foram da lavra de Paul Fauvet. Ele entanto que profissional tem direito a sua opinião e pontos de vista.
Mavie também tem os direitos. Se agora se questiona a legalidade contrato de trabalho de Fauvet alguma razão haverá para assim aja. “São outros tempos e outras vontades”?
A surpresa com que Gustavo Mavie aparece acusado alegadamente de gestão danosa em si não surpreende se tivermos em conta o modus vivendi do “oficialato” moçambicano. É de domínio público que os funcionários vivem de esquemas. Recordam-se da acusação de que ex-viceministra de Saúde do anterior governo de AEG se beneficiava ilicitamente de ajudas de custo? Lembram-se de que certa imprensa noticiou que parte dos fundos utilizados para pagar despesas relacionadas com as “Presidências Abertas e Inclusivas” de AEG eram fonte de enriquecimento ilícito por via de uma sobrefacturação praticada por alguns funcionários de províncias visitadas?
Quantas vezes o Ministro de Finanças não conseguiu justificar desvios de aplicação de fundos públicos e até não mandou verificar a legalidade de algumas aquisições feitas com fundos públicos sob responsabilidade de vários dirigentes governamentais? O jogo da vista grossa por parte de quem deveria por inerência de funções fiscalizar e inspecionar não é uma invenção do autor destas linhas.
O campo está cheio de provas circunstâncias e directas de descaminho e roubos de fundos públicos em Moçambique. A prática está tão enraizada que se torna difícil encontrar quem não se esteja beneficiando dos esquemas engendrados para sacar dinheiro do Estado.
Com a sucessão de escândalos financeiros que chegam a comunicação social e decerto centenas de outros que acabam encobertos por teias de proteccionismo, torna-se muito complicado tecer considerações sobre a legalidade e a boa governação neste país. Parece que a roubalheira está institucionalizada e o Parlamento não consegue cumprir o seu papel.
No mínimo o que se poderia esperar que Gustavo Mavie fizesse era usar um pouco da sua “vivência” em Londres para seguir o caminho que dirigentes públicos e de empresas fazem quando lá seu comportamento é questionado em público. Em Londres as pessoas acusadas ou alegadamente implicadas em práticas que se situam fora do que é considerado ético e moral para titulares de cargos de direcção, simples e rapidamente colocam seus lugares à disposição, demitem-se e retiram-se da vida pública.
Sem que se pretenda sacrificar a integridade e honra de altos funcionários da AIM é importante que se diga que está criado o ambiente propício para a desconfiança e suspeitas de ilicitude numa instituição subordinada ao Gabinete do Primeiro-Ministro do país. Isto não é salutar e deve ser tratado com a seriedade que merecem casos deste tipo e natureza.
Governar tem os seus termos de referência e dirigir empresas públicas também está vinculado a regras que se tem de seguir.
Se durante alguns anos ou muitos anos algumas pessoas desenvolveram a crença errada de que estavam acima de tudo e todos e inclusive acima da lei, isso se está tornando insustentável. A demagogia, o populismo, as meias-verdades, o encobrimento tácito da verdade sempre que susceptível de favorecer os opositores políticos, o “mercenarismo” jornalístico barato, o jogo da aceitação de “encomendas” funcionam numa dimensão temporal determinada.
Embora se resista em reconhecer que os tempos são outros nada de facto é como era como antes. Quem se esperava que zelosos e prestáveis altos funcionários e instituições como o Centro de Processamento de dados se vissem com processos judiciais às costas?
Jamais alguém sonhou que um ministro “desse dentro” em Moçambique?
É para dizer que a Primavera Árabe até aqui na ensolarada “Pérola do Índico” já tem consequências. O mundo é de facto uma aldeia global e a tendência predominante aponta para a emergência de um tipo diferente de relacionamento entre governos e instituições.
Sem ser o advento do puritanismo fático e extremista os cidadãos governandos esperam que seus governantes responsam pelo que fazem.
Se os filhos do deposto Mubarak estão com data marcada para se apresentarem no tribunal em Cairo decerto que a dimensão dessa decisão judicial terá efeitos também nos procedimentos judiciais moçambicanos.
Quem comprou barato a abaixo do valor do mercado, património do estado em Moçambique tem de esperar responder judicialmente por isso pois nesse acto está configurado um acto de corrupção. Quem durante anos se engajou na protecção de todo o tipo de ilicitude tem de esperar responder em juízo pelos enormes prejuízos provocados ao processo democrático e político moçambicano.
Está chegando o fim da impunidade e é de saudar a coragem que teve o articulista que despoletou esta triste novela...
Noé Nhantumbo, DIÁRIO DA ZAMBÉZIA – 03.06.2011, citado no Moçambique para todos
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