Friday, 24 June 2011

Moçambique: Economista do BM critica adopção de políticas efémeras e aponta investimento na saúde e educação


O economista sénior do Banco Mundial (BM), Ricardo Gazel, criticou hoje (quarta-feira) a adopção de políticas efémeras em Moçambique, defendendo a "compatibilização do investimento público com uma estratégia global de desenvolvimento", visando obter bons resultados.

Falando na conferência económica do Banco Comercial e de Investimento (BCI) subordinada ao tema "Investimento Público em Tempo de Crise", alusiva ao 15.º aniversário da instituição bancária detida pela Caixa Geral de Depósitos, Ricardo Gazel assinalou a necessidade de se "definirem prioridades" de longo prazo nas áreas públicas em que se pretende intervir.
"Uma das questões fundamentais é dar prioridade aos investimentos. Porquê e como investir. Primeiro, o investimento público deve estar compatível com uma estratégia global de desenvolvimento. Não é de manhã, num dia, o ministro da Planificação aparecer e dizer: vamos construir aquela estrada, ou porque não constrói aquela ponte. É necessário uma estratégia", assinalou o economista.
O economista brasileiro apontou as áreas da educação e saúde como "fundamentais" para o desenvolvimento de um país, porque "têm impacto no crescimento económico", pelo que o Governo moçambicano devia "apostar", por exemplo, na saúde porque "reduz o número de dias em que os trabalhadores podem ficar doentes".
Para obter bons resultados no investimento que faz no sector público, o Estado moçambicano "devia sempre ter um stock de projectos", mas "todo o projecto deveria ser submetido a uma análise económica e financeira".
A conferência do BCI contou com três economistas - Ricardo Gazel, Eneas Comiche, antigo presidente do município de Maputo, e Ragendra de Sousa, que discutiram o tema "Investimento Público em Tempo de Crise".
O académico moçambicano Ragendra de Sousa considerou que as instituições do país têm uma visão estratégica bem definida, mas criticou a "profunda instabilidade" que as mesmas representam.
"Há instituições que estão muito bem (do ponto de vista organizacional), mas quando se muda as pessoas, a instituição morre.As nossas instituições são profundamente instáveis. Do Ministério onde venho (Agricultura), em 35 anos teve 11 ministros. Quando o ministro começa a saber o que é cebola, sai e entra outro", exemplificou.
Segundo Eneas Comiche, Moçambique deve apostar na agricultura e na criação de infra-estruturas, que permitam o escoamento dos produtos para a comercialização e "aumentar o rendimento".
"Temos que considerar prioritário o investimentos nas estradas e infra-estruturas", sendo "necessário aumentar o conhecimento nas diversas áreas, investindo por exemplo na agricultura", disse Eneas Comiche.

(RM/Lusa)

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