Maputo (Canal de Moçambique) - Os sinais disponíveis desde a entronização de Armando Emilio Guebuza no poder, começam a ser preocupantes. Os hossanas à sua governação, estão na fase mais exponencial de sempre. Criticar os excessos que começam a ser cada vez mais reveladores nas suas “presidências abertas”, remetem, os que o fazem abertamente, à conquista do titulo de “apóstolos da desgraça”. Seja como for: as palavras não podem ser, e nem jamais serão detidas, tal como a morte de uma andorinha não detém a primavera.
Este intróito vem a propósito da ponte entre Chimuara (Zambézia) e Caia (Sofala). Acaba de ser anunciado que vai levar o nome do louvado líder, à boa maneira «kim il sunguiana», Armando Emilio Guebuza. É a ponte que finalmente vai ligar o nosso pais, de norte a sul, por via terrestre, materializando-se assim aquilo que já chamavam de ponte da unidade nacional e esse nome chegou mesmo a ser dado como certo, em língua local. E, porque as grandes realizações – e logo num ano eleitoral – devem ter inaugurações com a pompa e circunstancia que merecem, não se sabe porque carga de águas, e por decisão de que sábio, a ponte vai levar o nome do louvado líder. Hossana!!! Num ano em que o governo liderado pelo louvado líder, decidiu proclamá-lo como ano de Eduardo Mondlane, porque não antes atribuir à ponte o nome deste que é tido como o arquitecto da unidade nacional? Era outra hipótese.
Em 2008, nós que tivemos a oportunidade de assistir, em Songo, as cerimónias centrais da reversão da Hidroeléctrica de Cahora Bassa – a “nossa segunda independência”, vimos e assistimos aos hossanas que culminaram com a inauguração da avenida e praça Armando Emilio Guebuza. Estas acções já resvalam para o campo do culto de personalidade. Um pouco antes vimos, aplaudir-se a inauguração da Escola Secundaria Armando Emílio Guebuza, obra de vulto patrocinada pela Vodacom. Continua a ser pouco? Que se dane a memória do arquitecto? O que é que tudo isto quer dizer?
Desde o fim da chancelaria de Joaquim Chissano, também ele imortalizado em muitos lugares, assistimos ao processo de afirmação do recém chegado. É a negação do retirado. Sobrepõem-se cenas tais que o “pai do espírito do deixa andar” está imparável a atribuir o seu próprio nome a empreendimentos. São sinais preocupantes. O Carlos Cardoso já se foi, mas parece ter dito ontem: “Guebuza, não!” Espero arranjar um lugar num dos seis helicópteros para a inauguração da ponte!!... O curso das histórias está a pôr-se mesmo preocupante!!...
(Luís Nhachote, Canal de Moçambique, 03/07/09 )
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