(do livro 'Lutar por Moçambique', banda desenhada de Helena Motta baseada no livro de Eduardo Mondlane)
É com um misto de alegria e mágoa que muitos de nós recordamos a ‘Independência de Moçambique’.
Alegria sim, porque gostávamos (e continuamos a gostar!) da nossa terra e com a Independência esperávamos um futuro mais promissor, com mais justiça, social, igualdade e fraternidade. Era o fim de quinhentos anos de colonização portuguesa, da opressão colonial, da destruição de cultura e valores, de abusos, exploração, etc.
Muitos de nós tivemos a honra de assistir à cerimónia solene no Estádio da Machava. Chovia. Samora Machel proclamou a independência com as seguintes palavras:
‘Moçambicanos, moçambicanas, em vosso nome, às zero horas de hoje, 25 de Junho de 1975, o Comité Central da Frelimo proclama solenemente a Independência total e completa de Moçambique e a sua Constituição em República Popular de Moçambique.’
Lembramo-nos da cerimónia de troca das bandeiras, de ouvir o hino nacional, etc. Discursaram Vasco Gonçalves, primeiro-ministro português e fechou a cerimónia Mohamed Siad Barre com palavras que deram as boas-vindas a Moçambique, a mais jovem nação africana.
Foi um momento bonito da nossa história. Nessa altura não imaginávamos que pouco depois começaria outra guerra. Para nós a guerra tinha terminado com os Acordos de Lusaka assinados a 7 de Setembro de 1974 entre o governo português e a Frelimo, na sequência da Revolução dos Cravos. Pouco depois da independência, começou a guerra civil que durou 16 anos, provocou cerca de um milhão de mortos e cinco milhões de deslocados e destruiu grande parte das infra-estruturas do país.
E mágoa, porque não esperávamos que o processo da descolonização nos fosse traumatizar, porque estávamos longe de pensar que um dia iríamos deixar Moçambique rumo à Europa. Estávamos longe de ouvir falar da fome, da HIV-sida, das injustiças sociais, da corrupção, de atentados à vida das pessoas (estamos a recordar a morte do jornalista Carlos Cardoso, do economista Siba Siba Macuacua e, mais recentemente, o atentado à vida de Daviz Simango), etc.
Nós, na diáspora, por muito que estejamos bem, falta-nos sempre alguma coisa ‘íntima e nossa’: o calor da nossa terra, a nossa comida, a nossa língua, o lugar onde nascemos e crescemos, sem falar da família e dos amigos, numa palavra: raízes.No entanto temos confiança no futuro.
E, se por um lado, temos saudades, por outro temos esperanças de um futuro melhor. Citando Jorge Rebelo:
O mundo em que combato tem a beleza de um sonho construído.É este combate, amiga, este sonho que tenho para te ofertar.in "O mundo que te ofereço, amiga"
Por isso, queremos contribuir para a reconstrução de Moçambique. A paz e a democracia que se vivem são factores importantes para atrair investimentos. O país tem muitos recursos naturais, praias, fauna etc. Há cada vez mais turistas que visitam Moçambique. Os horizontes para o progresso estão abertos para os moçambicanos dentro e fora do país.
Esperamos que a cooperação entre os países se venha a desenvolver no plano económico, político, cultural, tecnológico e científico. É vantajoso para os Povos que isso aconteça.
Resolvemos celebrar esta data realizando uma festa para juntar os moçambicanos e os amigos de Moçambique. É uma oportunidade para trocarmos opiniões sobre a realidade política, social, económica, cultural, etc. Talvez até nasçam ideias para projectos ou empresas. Isto tudo ao sabor da nossa comida típica e ao som de boa música. Esperemos que o sol não falte, que haja alegria e que o encontro seja um sucesso. Contamos com a vossa participação no dia 20 de Junho (ver agenda).
(por Ivone Caldeira e Carmo Mota, na Holanda)
NOTA: Conheça mais sobre a comunidade moçambicana na Holanda em:
www.comoz.nl
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