Lisboa - O crescimento económico em Moçambique não tem correspondência na diminuição da pobreza e apesar das ajudas internacionais o número de pobres e dos muito pobres naquele país continua a aumentar, considerou hoje (quinta-feira) em Lisboa o investigador britânico Joseph Hanlon.
Jornalista e docente em Inglaterra, Joseph Hanlon falou à Lusa à margem da conferência "Pobreza e Paz nos PALOP", organizado pelo Centro de Estudos Africanos do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresa, que termina hoje em Lisboa.
Retomando as ideias que expressou no livro intitulado "Há mais bicicletas - mas há Desenvolvimento?", lançado em Julho desde ano em Maputo, Hanlon leu hoje na conferência o texto "No peace without jobs" ("Sem empregos não há paz"), em que desenvolveu o conceito que chamou de "paradoxo moçambicano".
"Apesar da maciça ajuda dos doadores internacionais: mil milhões de dólares anualmente (667 milhões de euros), cada vez há mais pobres, cada vez aumentam mais os índices de pobreza", salientou, acentuando que a redução da pobreza "foi menor do que devia ter sido".
Defensor de mais investimentos na agricultura - "para garantir maior auto-suficiência alimentar e menos êxodo rural" -, Joseph Hanlon lamentou que os doadores internacionais - "que garantem cerca de metade do orçamento de Estado moçambicano" -, continuem a insistir nos investimentos nos sectores sociais.
O problema reside no facto de Moçambique receber mais ajuda externa do que outros países africanos, "correspondendo ao que os doadores lhe dizem para fazer".
Estas "pressões" conduzem àquilo que Hanlon classificou como "armadilhas que a pobreza coloca à paz".
A título de exemplo, recordou dois casos passados no distrito de Montepuez, na província de Cabo Delgado, norte do país.
Primeiro o ocorrido em 2000, em que mais de uma centena de pessoas foi morta em circunstâncias apresentadas como resultado da luta política e, mais recentemente, no passado dia 11, a morte de funcionários do Ministério da Saúde, às mãos de populares, que os acusaram de terem tentado infectá-los com o bacilo da cólera.
A falta de informação está na base deste último episódio que Hanlon caracterizou como "exemplo de mais um caso em que os pobres respondem ao receio de que os ricos os queiram matar".
Num plano mais geral, Joseph Hanlon questiona-se sobre o que "correu mal", em que o aumento da ajuda internacional não foi acompanhado da diminuição do número de pobres.
"Que foi que correu mal? Dos grandes projectos não resultam mais empregos e nem se pode falar em aumento do consumo interno, porque com mais pobres, e como estes não têm dinheiro, não compram nada", sintetizou.
Jornalista e docente em Inglaterra, Joseph Hanlon falou à Lusa à margem da conferência "Pobreza e Paz nos PALOP", organizado pelo Centro de Estudos Africanos do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e Empresa, que termina hoje em Lisboa.
Retomando as ideias que expressou no livro intitulado "Há mais bicicletas - mas há Desenvolvimento?", lançado em Julho desde ano em Maputo, Hanlon leu hoje na conferência o texto "No peace without jobs" ("Sem empregos não há paz"), em que desenvolveu o conceito que chamou de "paradoxo moçambicano".
"Apesar da maciça ajuda dos doadores internacionais: mil milhões de dólares anualmente (667 milhões de euros), cada vez há mais pobres, cada vez aumentam mais os índices de pobreza", salientou, acentuando que a redução da pobreza "foi menor do que devia ter sido".
Defensor de mais investimentos na agricultura - "para garantir maior auto-suficiência alimentar e menos êxodo rural" -, Joseph Hanlon lamentou que os doadores internacionais - "que garantem cerca de metade do orçamento de Estado moçambicano" -, continuem a insistir nos investimentos nos sectores sociais.
O problema reside no facto de Moçambique receber mais ajuda externa do que outros países africanos, "correspondendo ao que os doadores lhe dizem para fazer".
Estas "pressões" conduzem àquilo que Hanlon classificou como "armadilhas que a pobreza coloca à paz".
A título de exemplo, recordou dois casos passados no distrito de Montepuez, na província de Cabo Delgado, norte do país.
Primeiro o ocorrido em 2000, em que mais de uma centena de pessoas foi morta em circunstâncias apresentadas como resultado da luta política e, mais recentemente, no passado dia 11, a morte de funcionários do Ministério da Saúde, às mãos de populares, que os acusaram de terem tentado infectá-los com o bacilo da cólera.
A falta de informação está na base deste último episódio que Hanlon caracterizou como "exemplo de mais um caso em que os pobres respondem ao receio de que os ricos os queiram matar".
Num plano mais geral, Joseph Hanlon questiona-se sobre o que "correu mal", em que o aumento da ajuda internacional não foi acompanhado da diminuição do número de pobres.
"Que foi que correu mal? Dos grandes projectos não resultam mais empregos e nem se pode falar em aumento do consumo interno, porque com mais pobres, e como estes não têm dinheiro, não compram nada", sintetizou.
FONTE: Angola Press (confira aqui) e citado no Forever Pemba (confira aqui).
15 comments:
Assim vai o país da marrabenta.
Precisando de um banho de água benta
Enquanto uns poucos em champanhe nadam
As “gentes” nem pra pão ganham
O coro do combate a corrupção,
Só mesmo pra enganar população,
A cantiga de “estamos a vencer a pobreza”
Abafa o nosso choro de fome,
Mas nunca matará a nossa sede de justiça,
Jamais calará a voz da razão.
só para uma análise complementar do tema vide as estatísticas do INE http://www.ine.gov.mz e do Banco de Moçambique http://www.bancomoc.mz
O Mais interessante é que o documento de panorama económico de Moçambique e previsões do Banco Portugues de Investimento, que realiza estudos macro-económicos e sociais de conjuntura económica e financeira de Moçambique semestralmente indica que há bons sinais de crescimento económico, desenvolvimento e redução dos índices de pobreza.
igualmente o relatório de desenvolvimento humano (RDH) das Nações unidas apresenta outros dados sobre Moçambique dispersos em relação aos estudos anteriores.
A minha questão é: será que qualquer um pode produzir previsões ou estudos económicos em função dos seus interesses financeiros e estomacais ?
um abraço
Basílio
Caro Reflexões, a sua abordagem é muito interessante, é uma realidade que temos grandes problemas no combate à pobreza e à corrupção.
Um grande abraço!
Ilustre Basílio, há estatísticas muito positivas mas outros dados são menos positivos. De qualquer modo, penso que é um paradoxo termos um bom crescimento económico mas o impacto desse crescimento não se reflecte na melhoria das condições de vida do Povo.
Penso que a ajuda a Moçambique tem de ser repensada, há a sensação de que tanto investimento canalizado para o País não tem produzido os resultados desejados.
Estamos juntos na sua preocupação: "A minha questão é: será que qualquer um pode produzir previsões ou estudos económicos em função dos seus interesses financeiros e estomacais ? "
Abraço forte!
Mocambique e um pais onde crescimento economico e desenvolvimento econonmico (melhoria do bem estar da populacao) andam ao mesmo ritmo, pese embora ainda haja muito a fazer do ponto de vista de melhoria de alguns indices. Nao se pode falar em crescimento e desenvolvimento sem parametros, sem dados, e os dados disponiveis ate ao momento e principalmente os relativos a 2009 sao satisfatorios
Obviamente que ha pobreza em Mocambique e tambem assiimetrias, mas nada alarmante como em Angola ou mesmo no Brazil. Em relacao a regiao austral de africa, fomos das poucas economias cujo governo levou a cabo com sucesso medidas de contencao das crises financeira e de alimentos
Basílio, há mesmo um "paradoxo moçambicano" pois apesar de tanto investimento não há sinais de que a pobreza esteja a diminuir. O bom crescimento e desempenho económico tem forçosamente de se refelectir no nível de vida do povo.
Sem dúvida que algumas estatísticas são positivas mas também há alguns indicadores muito preocupantes. Por exemplo, o Global Competitiveness Index do World Economic Forum, indica que em África só o Burundi, Zimbabwe e Chad, estão piores que Moçambique. Incrível, mas verdadeiro.
Confira em http://www.weforum.org /pdf/AFCR09/Rankingsinfull.pdf
e tambem em
http://www.weforum.org/documents/AFCR09/index.html
e tambem em
http://www.weforum.org/en/initiatives/gcp/Africa%20Competitiveness%20Report/index.htm
Vamos concordar que deve haver mais transparência na ajuda e que temos de intensificar a luta contra a pobreza para que o Povo possa saborear os frutos do desenvolvimento.
Um grande abraço!
Caro Jose
Acho que estou a pecar por tomar os dados do Instituto Nacional de Estatistica, do Banco de Mocambique e do PNUD (Indice de Desenvolvimento Humano) para qualificar a pobreza em Mocambique. Os dados que me indica do WEF dizem respeito a competitividade do Pais e nao a reducao da pobreza. Afinal de contas o que significa reducao da piobreza? Se a esperanca de vida aumenta de 39 para 45 anos, se o numero de hospitais aumentya, se a taxa de analfabetismo reduz, se o PIB per capita aumenta, se o acessoa educacao aumenta, se ha descentralizacao das financas publicas, etc, estamos a falar de que exactamente? Quais sao as variaveis que tomamos em consideracao quando medimos a pobreza num pais? Se nao estivermos certos disso continuaremos a debater sem balizas e corremos o risco de comecar a discutir questoes politicas e nao economicas. Ha varios relatorios sobre Mocambique, mas nos Mocambicanos ainda temos o grande defeito de so divulgarmos aqueles que colocam o nosso pais em posicoes mens vantajosas e tomar como referencia. Nos ultimos dias nao se fala do censo da populacao nem do relatorio de desenvolvimento humano apenas porque Mocambique, nesses documentos relevantes, tem posicoes de forca.
Caro Basílio, não sei se estamos a falar exactamente das mesmas coisas. O que está em causa é APENAS o facto de que os resultados do combate à pobreza não corresponderem ao enorme investimento feito. Como afirmei, há dados positivos mas também há dados preocupantes
O Joseph Hanlon é um profundo conhecedor da realidade moçambicano e o seu livro tenta explicar toda esta problemática..
Os dados do INE, BM e PNUD podem ajudar mas há muitos outros dados importantes. Os dados do WEF tambem são importantes na medida em que a competitividade é um índice importante para compreendermos a situação do País. Eu usei esses dados para mostrar que nem todos os dados são favoráveis. Se é verdade que não devemos usar apenas os dados negativos também é verdade que não devemos usar apenas os dados positivos, devemos ser sempre equilibrados.
Já que falou no Índice de Desenvolvimento Humano do PNUD, recordemos o que o Relatório afirma:
Moçambique ocupa o 172º lugar no ranking das Nações Unidas sobre o índice de Desenvolvimento Humano, numa lista de 182 país.
O nosso país ainda está na cauda do índice que se baseia nas expectativas de vida, acesso a educação, padrão de vida medido pelo Produto Interno Bruto.
O Basílio repare que nem sequer estamos a abordar as questões políticas deste problema. A realidade é que quem se confronta com os problemas da pobreza não se vai contentar apenas com a frieza dos números, vai querer muito mais.
Saudações fraternas,
José
Muito bem Jose
Se tivermos k comparar pobreza e investimento sem parametros vai ser um debate de muitos dias e muita tinta de relatividade. Pobreza tem parametros em qualquer parte do mundo. Se quisermos analisar pobreza temos que fazer com alguma base comparativa. Seja ela cronologica, para ver como ela se comporta ao longo do tempo, ou usando qualquer outra base de comparacao. So para ver que o Jose continua a olhar segundo os seus olhos, foi buscar apenas a 172 posicao de Mocambique no ranking das NU. Afinal na sua optica a pobreza esta a aumentar ou a diminuir em Mocambique ? Como e que faz essa comparacao entre indice de pobreza e investimento publico/privado ? Que elementos de comparacao esta a usar ? Gostaria de perceber melhor. Eu digo que a pobreza esta a reduzir
O economista português Carlos Nuno Castel-Branco, na apresentação em Maputo do relatório de 2008 sobre "Crescimento, Pobreza e Termos da Parceria para o Desenvolvimento" nos Países Menos Desenvolvidos, elaborado pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD), afirmou o seguinte:
A desigualdade social em Moçambique aumentou, apesar de o país ter registado nos últimos anos um elevado crescimento económico.
O documento apresentado avalia 50 países menos desenvolvidos, incluindo Moçambique e Angola, com base em critérios como o rendimento per capita, activos humanos e vulnerabilidade da economia. No tocante a Moçambique, a avaliação mostra que o país está entre os que têm registado "altas taxas médias de crescimento nos últimos anos", acima de 6,5 por cento, mas através de "um padrão de crescimento que não é nem sustentável nem inclusivo e muito desigual".
Basílio, não há como contornar esta questão: o crescimento e o desenvolvimento económico não se faz sentir significativamente no nível de vida do Povo. O Basílio acredita que a pobreza esteja a reduzir e eu acredito que essa redução não tem acompanhado o crescimento económico impulsionado pela ajuda.
O Basílio é que fez referencia ao Relatório do PNUD, eu apenas lembrei o que esse Relatório mencionava.
José, não fujamos do tema central. cita Castel-Branco (economista Portugues ou Moçambicano) que diz que: "A desigualdade social em Moçambique aumentou, apesar de o país ter registado nos últimos anos um elevado crescimento económico".
Quem está a contornar a questão não sou eu. Castel Branco não fala de pobreza mas sim de desigualdades sociais. Eu não tenho dados que indiquem o aumento da pobreza. As desigualdades sociais ou económicas da população em Moçambique acontecem porque o crescimento económico tem um ritmo mais acentuado em relação à redução da pobreza. No entanto, não há dados que indiquem que a pobreza esteja a aumentar em Moçambique.
Portanto, Castel-Branco tem razão na sua tese, pois crescimento económico e desenvolvimento económico crescem a ritmos diferentes, mas isso não significa aumento da pobreza e nem se pode confundir desigualdades sociais com aumento da pobreza.
A questão que se coloca é: que nível de redução da pobreza se ajusta ao crescimento económico de Moçambique ? As previsões feitas por organismos nacionais e internacionais sobre crescimento e desenvolvimento económico para 2008-2010 continuam a registar-se, com variações pouco significativas, o que é sinal de que Moçambique está em torno das metas de crescimento e desenvolvimento económico previstas.
o Boom que o José pretende não se faz da noite para o dia. O Debate sobre desigualdades sociais vs. crescimento económico é outro assunto também interessante, mas diferente do debate entre indice de pobreza vs. crescimento económico.
Basilio, estou muito apertado com falta de tempo, mas voltarei brevemente a esta discussao.
Penso que temos abordagens diferentes sobre o problema mas eu e nuitos continuamos a pensar que o desempenho economico nao se traduz em termos visiveis a diminuicao da pobreza.
A desigualdade e a pobreza são coisas distintas mas frequentemente há uma relação entre estes dois conceitos. A propósito , a socióloga e consultora Rachel Watherhouse alertou recentemente em Maputo que a pobreza em Moçambique parece estar novamente em crescimento, paralelamente ao aumento da desigualdade. Durante uma conferência internacional sobre pobreza e concentração de renda, a socióloga disse haver "indicadores que apontam para que a pobreza pode estar crescendo de novo, nomeadamente decorrente de aumento de preços dos produtos, podendo chegar aos 58 por cento".
Rachel Watherhouse afirmou que não há dados recentes, mas lembrou que as informações disponíveis indicam que 50% da população moçambicana "vive em pobreza absoluta", o que coloca o país na lista dos mais pobres do mundo.
Já agora, vejamos esta notícia recente, que pode confirmar no Notícias com a data de 5 de Agosto de 2009.
"A REDUÇÃO da pobreza em Moçambique estagnou, apesar da entrada massiva de capitais no país, segundo um relatório sobre Perspectivas Económicas na África (African Economic Outlook 2009), lançado em Maputo.
"O African Economic Outlook 2009” é uma iniciativa conjunta do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e da Comissão Económica das Nações Unidas para África (UNECA).
O relatório salienta que o nível de pobreza permanece elevado em Moçambique, apesar de o país apresentar uma forte taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
Desta feita, o relatório sublinha que sem a melhoria do ambiente de negócios o país corre o risco de esgotar os benefícios resultantes do acentuado crescimento verificado a partir do fim do conflito (1992), ao mesmo tempo que poderá perder a oportunidade de expandir a economia e reduzir a pobreza."
Já no ano passado, um estudo do Banco Mundial (Bird) revelava que " a redução do número de pobres verifica-se em todas as regiões do planeta, à excepção da África Subssariana, onde tem vindo a aumentar".
O já referido economista Nuno Castel-Branco também afirmou no Relatorio mencionado previamente: "Devido ao pouco impacte social que "as altas taxas de crescimento económico" tiveram nos 50 países analisados, o relatório conclui que os modelos de desenvolvimento e crescimento seguidos por esses Estados falharam, impondo-se, por isso, a formulação de novos padrões".
Basílio, o que estamos falando é que não há evidencia que o crescimento e investimento tenham grande impacto na redução da pobreza. O Basílio acredita que a pobreza está a ser reduzida e que as perspectivas económicas são boas, respeito a sua opinião, que pode ser baseada em algumas estatísticas, mas eu e muitos outros gostariamos de ver a evidencia palpável.
Ilustre José !
Está a ficar cada vez mais difícil o nosso debate, mas sinto-me sensibilizado a que continuemos a esclarecer algumas coisas de modo a que fiquemos claros em relação ao seu tema.
Repito que NÃO TENHO NENHUM DADO QUE ME INDIQUE QUE A POBREZA EM MOÇAMBIQUE ESTEJA A AUMENTAR. Se tiver agradecia que me desse esse DADO.
O José não tem acesso a relatórios e estudos, estatisticas, dados nacionais e oficiais? está a buscar retalhos de informação de WEO, BAD, OCDE, UNECA, BIRD,etc. Vai buscar citações que indicam possíveis ameaças à redução da pobreza, mas nada que nos diga claramente que a pobreza aumenta ou está aumentar em Moçambique. Estagnar a redução da pobreza não significa aumentar a pobreza, significa que os indices de pobreza reduziram, mas a ritmos pouco significativos ou nulos.
Concordo com os relatórios que apresenta das Organizações internacionais a que tanto faz referencia como se não tivessemos dados internos e fiáveis. Aliás, é importante lançarmos o debate sobre como é que as estatíticas e dados sobre Moçambique são produzidos por algumas instituições e consultores internacionais. Veremos que muitos deles "despacham" os tais estudos, não indo ao promenor, preocupados apenas com as "verdinhas". E nós como dependemos da ajuda externa patrocinamos a divulgação desses dados. Este é um outro debate.
Voltando à pobreza, e a esses relatórios que salientam que o nível de pobreza é elevado, temos que concordar. Efectivamente o nível de pobreza é elevado em Moçambique apesar da forte taxa de crescimento do PIB (que já nem é tão forte assim).
As citações dos organismos internacionais nada dizem em relação ao aumento da pobreza em Moçambique, apenas reconhecem que os níveis de pobreza são elevados e que é necessários levar à cabo uma série de acções de políticas de desenvolvimento para fazer face a essa pobreza e é isto que está a acontecer.
Agora, se o José diz-me que o crescimento e o investimento não tem impacto na redução da pobreza, a minha questão é: o que é que tem grande impacto na redução da pobreza ?
Se quer ver evidências palpáveis de redução da pobreza procure uma imagem do troço aeroporto de Maputo-baixa em 1990 e busque uma mesma imagem em 2009, verá que naquela zona já não há casas de caniço como antigamente, mas que agora é tudo de material de melhor qualidade. A pobreza dessas pessoas reduziu.
Mas se quer algo melhor, procure ler estatísticas de Moçambique sobre os postos de trabalho criados por alguns projectos como Mozal, Areias pesadas de moma, Mozambique Leaf tobaco, e sobre os efeitos multiplicadores destes e outros grandes e médios projectos no rendimento das pessoas, e os efeitos multiplicadores destes projectos noutras vertentes.
Se queiser continuar a palpar a redução da pobreza (que não é a desejável obviamente) procure saber quantos silos já foram criados em Moçambique para fazer face à recente crise de alimentos, e como é que estes cilos contribuem na redução da pobreza. Pode também fazer as contas da redução dos custos para os agricultores (pequenos) resultantes da construção da Ponte Armando Guebuza.
Sabe quantos furos de água foram construídos nos últimos 10 anos em Moçambique, apenas para reduzir a distancia percorrida por milhares cidadãos para terem acesso à agua potável ? Ou pode dizer-me a quantos andava a taxa de analfabetismo há 6 anos atrás e a quantas anda hoje ? Por acaso tenho que repetir que a esperança de vida à nascença em Moçambique melhorou dos 36 para os 45 anos de idade.
Obviamente que a pobreza é alta, não acompanha o crescimento económico, mas está a reduzir, isso é um dado adiquirido. Não haverá nenhuma estatística ou relatório a apontar um aumento da pobreza em moçambique nos últimos 10 anos.
Obrigado
PS: Espero que tenha visto os debates da STV e TVM sobre a economia Moçambicana e ajuda externa e ainda o debate sobre o mesmo tema hoje na RM. Ajudaram-nos muito a compreender estas dinâmicas.
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