Maputo (Canalmoz / Canal de Moçambique) - Moçambique vai reforçar a “democracia” do “Big man”, uma “democracia” baseada no culto da personalidade, de que a mais recente exposição fotográfica de Alfredo Mueche, na Fortaleza de Maputo, é já o exemplo mais eloquente, das alianças clientelistas, da fidelidade ao líder, dos “yes men”, do uso de recursos do Estado para compra de alianças locais, provinciais e nacionais.
Tudo isso já existia, com uma maioria absoluta. Agora, com certeza será muito pior, com uma maioria desenhada para o superlativo absoluto funcionar qualificadamente. Ainda que a legitimidade da maioria de ¾ resultante destas eleições – por ironia, apenas ¼ do total de eleitores recenseados, isto é de moçambicanos em idade activa – esteja a ser amplamente contestada por diferentes actores da sociedade civil e dos partidos políticos, que se baseiam na “exclusão promovida”, “fraca participação induzida” e “fraude provada”, “ainda que parcial” e até “reconhecida pela própria CNE” no cúmulo do descaramento do mais vergonhoso elenco que esta conheceu, desde que existe, estas eleições vão ficar assim mesmo, pois é de prever que o Conselho Constitucional nada mais adiante ao que já se sabe.
Todos, de agora em diante, vão ter de prestar vassalagem ao “big man”, Armando Emílio Guebuza. Quando dizemos todos, estamos a falar dos empresários, dos órgãos de comunicação social, da sociedade civil e dos cidadãos que baixarem os braços, deixarem de resistir à ditadura e se acomodarem ao fascismo disfarçado que o tempo que mediará este momento das próximas soluções políticas, irá certificar.
De agora em diante, não teremos, mais, uma democracia pluralista, mas, sim, uma monarquia egocêntrica.
Teremos, apenas, uma democracia de fachada, como previmos e escrevemos, muito antes deste desfecho eleitoral, para o qual todas as instituições eleitorais foram instruídas a contribuir.
À força, ou por sedução, fracos de espírito, com benesses do Estado que durarão o que tiverem de durar, até que seja mais recomendável descartá-los, (que o diga Manhenje e outros tantos), o “rei” Guebuza, legítima ou ilegitimamente, conseguiu, aparentemente, o que queria. A bem ou a mal, os artifícios funcionaram. Os súbditos, mesmo não concordando, terão de passar a cantar “Guebuza é que fez, Guebuza é que faz”. Até ao dia em que tiverem que vender as suas próprias acções, quotas e, até, a sua própria consciência crítica aos interesses do “rei”.
O comboio dos “prostituídos” já iniciou a sua marcha. Resta-nos assistir, apenas, à ladainha dos desventrados.
Dos empresários que têm alguma visibilidade, conhece-se bem as suas histórias. Não terão coragem para resistir. Por isso, é de prever que tenha chegado a hora de preparem, já, 10 a 15%, senão mais, só para as primeiras impressões.
O “big man” vai tratar de tudo e de todos!...
Finalmente, já bem tratados, aos “patos” nada mais restará, senão renderem-se à evidência. Já com os bolsos limpos, certamente que a sua alegria entrará definitivamente em êxtase… Mas continuarão alucinados, a cantar contagiante e cinicamente: “Guebuza é que fez!”. “Guebuza é que faz!”.
“Cuá! cuá!”, será o novo refrão…
“O cué cuá a fazer?”, acabarão por perguntar, um dia, pedindo socorro. Nunca será tarde, mas lamentar-se-ão de terem aberto os olhos fora de horas.
A um homem só, não se pode conferir tanto poder. Nós próprios já vimos como isso tem, depois, de terminar.
Se esse homem se tiver munido, com a idade, de algum bom senso, nem mesmo isso será suficiente para que ele resista ao usufruto desse excesso de poder. Os seus próprios acólitos se encarregarão de o impedir de usar o bom senso. A história tem muitos exemplos de como se construíram os ditadores.
As estradas, as pontes, os jardins, as escolas, os hospitais, os aviões, as trotinetas, os chapas, os postos de saúde, os hotéis, tudo vai ter de passar a chamar-se Armando Emílio Guebuza. Mesmo que ele não queira, os seus súbditos vão acreditar que o seu “big man” assim o quer. Assim como fizeram com a Ponte da Unidade Nacional, sobre o Zambeze, a que acabaram por chamar Ponte Armando Emílio Guebuza…
Também iremos ver certos representantes dos doadores a alimentarem o “big man”, pagando com os impostos dos seus respectivos povos os helicópteros para a governação aberta, grandes banquetes de inaugurações, prémios internacionais, grandes jantaradas, bolsas de estudo para os filhos dos que prestam vassalagem ao “rei”, enquanto a plebe senta no chão das aulas, e tantas outras futilidades que iludem certos cidadãos, mas que não lhes assegura estabilidade social.
Vamos ver também certos doadores a participarem na governação aberta e a assistirem o “big man” a anunciar a distribuição de mais fundos públicos, como se fossem do seu próprio bolso. Esses fundos que, em vez de desenvolverem os distritos, estão, antes, a desenvolver a rede clientelista do “big man”, a desacreditar os administradores do Estado e a transformar a administração pública no mercado da desbunda.
Nós perguntamos, senhores doadores que por aí irão entrar: querem continuar a enganar o povo moçambicano, ou vão dizer basta a tudo isto?
Com os resultados já publicados pela CNE, até o relatório da AWEPA/CIP admite que foram depositados votos massivos nas urnas. Comprovada a “fraude”, facto que até a “arbitragem” (CNE) reconhece, ficará tudo na mesma, a dar apenas razão aos 56% de moçambicanos que se recensearam, mas preferiram não serem cúmplices das falcatruas e de uma organização viciada e viciosa.
A FRAUDE existiu, até onde os olhos dos observadores puderam ir. Que se dirá do que foi feito onde os observadores de apenas 8% das assembleias não conseguiram chegar?!...
Que terá acontecido nos outros 92% de assembleias de voto onde os observadores não estiveram?
E porque será que os próprios observadores da União Europeia foram, deliberada e formalmente, obrigados a comprometerem-se a ver, ouvir e calar? Porque será que, eles próprios, foram obrigados a assinar compromissos de silêncio? Não será uma Europa envergonhada que perdeu a legitimidade para falar?
Senhores representantes de certos doadores: será que, com isto, vão continuar a fechar os olhos, sem perceberem que todos nós já entendemos que quem está a construir este “big man” são os senhores, com os impostos dos vossos Povos?
Será que vão continuar a dizer aos vossos Povos que Moçambique é uma democracia de sucesso?
Será que vão continuar a dizer aos vossos Povos que o dinheiro deles está a combater a pobreza, quando o que vemos é que, com esse dinheiro, se está a construir um império que poderá, um dia, fazer, de novo, correr muito sangue, para se poder voltar a repor a Democracia em Moçambique?
O desequilíbrio está à vista de todos nós. “Sem limites, a Paz está em perigo”. “Fazer concessões é o pior caminho para conseguir Paz”, lembrou, recentemente, o matemático israelita, Robert Aumann, Prémio Nobel da Economia em 2005, que, também, acentua: “Para minimizar as surpresas, é preciso calcular, com muito cuidado, como uma acção leva a outras”.
Tudo isso já existia, com uma maioria absoluta. Agora, com certeza será muito pior, com uma maioria desenhada para o superlativo absoluto funcionar qualificadamente. Ainda que a legitimidade da maioria de ¾ resultante destas eleições – por ironia, apenas ¼ do total de eleitores recenseados, isto é de moçambicanos em idade activa – esteja a ser amplamente contestada por diferentes actores da sociedade civil e dos partidos políticos, que se baseiam na “exclusão promovida”, “fraca participação induzida” e “fraude provada”, “ainda que parcial” e até “reconhecida pela própria CNE” no cúmulo do descaramento do mais vergonhoso elenco que esta conheceu, desde que existe, estas eleições vão ficar assim mesmo, pois é de prever que o Conselho Constitucional nada mais adiante ao que já se sabe.
Todos, de agora em diante, vão ter de prestar vassalagem ao “big man”, Armando Emílio Guebuza. Quando dizemos todos, estamos a falar dos empresários, dos órgãos de comunicação social, da sociedade civil e dos cidadãos que baixarem os braços, deixarem de resistir à ditadura e se acomodarem ao fascismo disfarçado que o tempo que mediará este momento das próximas soluções políticas, irá certificar.
De agora em diante, não teremos, mais, uma democracia pluralista, mas, sim, uma monarquia egocêntrica.
Teremos, apenas, uma democracia de fachada, como previmos e escrevemos, muito antes deste desfecho eleitoral, para o qual todas as instituições eleitorais foram instruídas a contribuir.
À força, ou por sedução, fracos de espírito, com benesses do Estado que durarão o que tiverem de durar, até que seja mais recomendável descartá-los, (que o diga Manhenje e outros tantos), o “rei” Guebuza, legítima ou ilegitimamente, conseguiu, aparentemente, o que queria. A bem ou a mal, os artifícios funcionaram. Os súbditos, mesmo não concordando, terão de passar a cantar “Guebuza é que fez, Guebuza é que faz”. Até ao dia em que tiverem que vender as suas próprias acções, quotas e, até, a sua própria consciência crítica aos interesses do “rei”.
O comboio dos “prostituídos” já iniciou a sua marcha. Resta-nos assistir, apenas, à ladainha dos desventrados.
Dos empresários que têm alguma visibilidade, conhece-se bem as suas histórias. Não terão coragem para resistir. Por isso, é de prever que tenha chegado a hora de preparem, já, 10 a 15%, senão mais, só para as primeiras impressões.
O “big man” vai tratar de tudo e de todos!...
Finalmente, já bem tratados, aos “patos” nada mais restará, senão renderem-se à evidência. Já com os bolsos limpos, certamente que a sua alegria entrará definitivamente em êxtase… Mas continuarão alucinados, a cantar contagiante e cinicamente: “Guebuza é que fez!”. “Guebuza é que faz!”.
“Cuá! cuá!”, será o novo refrão…
“O cué cuá a fazer?”, acabarão por perguntar, um dia, pedindo socorro. Nunca será tarde, mas lamentar-se-ão de terem aberto os olhos fora de horas.
A um homem só, não se pode conferir tanto poder. Nós próprios já vimos como isso tem, depois, de terminar.
Se esse homem se tiver munido, com a idade, de algum bom senso, nem mesmo isso será suficiente para que ele resista ao usufruto desse excesso de poder. Os seus próprios acólitos se encarregarão de o impedir de usar o bom senso. A história tem muitos exemplos de como se construíram os ditadores.
As estradas, as pontes, os jardins, as escolas, os hospitais, os aviões, as trotinetas, os chapas, os postos de saúde, os hotéis, tudo vai ter de passar a chamar-se Armando Emílio Guebuza. Mesmo que ele não queira, os seus súbditos vão acreditar que o seu “big man” assim o quer. Assim como fizeram com a Ponte da Unidade Nacional, sobre o Zambeze, a que acabaram por chamar Ponte Armando Emílio Guebuza…
Também iremos ver certos representantes dos doadores a alimentarem o “big man”, pagando com os impostos dos seus respectivos povos os helicópteros para a governação aberta, grandes banquetes de inaugurações, prémios internacionais, grandes jantaradas, bolsas de estudo para os filhos dos que prestam vassalagem ao “rei”, enquanto a plebe senta no chão das aulas, e tantas outras futilidades que iludem certos cidadãos, mas que não lhes assegura estabilidade social.
Vamos ver também certos doadores a participarem na governação aberta e a assistirem o “big man” a anunciar a distribuição de mais fundos públicos, como se fossem do seu próprio bolso. Esses fundos que, em vez de desenvolverem os distritos, estão, antes, a desenvolver a rede clientelista do “big man”, a desacreditar os administradores do Estado e a transformar a administração pública no mercado da desbunda.
Nós perguntamos, senhores doadores que por aí irão entrar: querem continuar a enganar o povo moçambicano, ou vão dizer basta a tudo isto?
Com os resultados já publicados pela CNE, até o relatório da AWEPA/CIP admite que foram depositados votos massivos nas urnas. Comprovada a “fraude”, facto que até a “arbitragem” (CNE) reconhece, ficará tudo na mesma, a dar apenas razão aos 56% de moçambicanos que se recensearam, mas preferiram não serem cúmplices das falcatruas e de uma organização viciada e viciosa.
A FRAUDE existiu, até onde os olhos dos observadores puderam ir. Que se dirá do que foi feito onde os observadores de apenas 8% das assembleias não conseguiram chegar?!...
Que terá acontecido nos outros 92% de assembleias de voto onde os observadores não estiveram?
E porque será que os próprios observadores da União Europeia foram, deliberada e formalmente, obrigados a comprometerem-se a ver, ouvir e calar? Porque será que, eles próprios, foram obrigados a assinar compromissos de silêncio? Não será uma Europa envergonhada que perdeu a legitimidade para falar?
Senhores representantes de certos doadores: será que, com isto, vão continuar a fechar os olhos, sem perceberem que todos nós já entendemos que quem está a construir este “big man” são os senhores, com os impostos dos vossos Povos?
Será que vão continuar a dizer aos vossos Povos que Moçambique é uma democracia de sucesso?
Será que vão continuar a dizer aos vossos Povos que o dinheiro deles está a combater a pobreza, quando o que vemos é que, com esse dinheiro, se está a construir um império que poderá, um dia, fazer, de novo, correr muito sangue, para se poder voltar a repor a Democracia em Moçambique?
O desequilíbrio está à vista de todos nós. “Sem limites, a Paz está em perigo”. “Fazer concessões é o pior caminho para conseguir Paz”, lembrou, recentemente, o matemático israelita, Robert Aumann, Prémio Nobel da Economia em 2005, que, também, acentua: “Para minimizar as surpresas, é preciso calcular, com muito cuidado, como uma acção leva a outras”.
(Canal de Moçambique, 19/11/09)
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