Embora muitos não acreditem...
Aquela teimosia aliada a uma arrogância típica de ditadores e seus funcionários seniores não está longe das margens dos nossos rios nem das nossas praias. Os que que fazem os discursos são exímios em mostrar uma face poética de bom gosto embora um tanto ou quanto a puxar para latitudes mais próximas da Coreia do Norte do que seria de desejar.
Não são os discuros que vão salar o país quando chegar o mau tempo. Da aparente estabilidade de hoje para um conflito sangrento a distância não é assim tanta. Ninguém quer ser ave de mau agoiro mas para quem viveu os dias e anos logo a seguir a independência não se pode esquecer de como tudo começou daquela vez.
Hoje armados de uma legitimidade duvidosa, de um poder que se tomou por via da adulteração do AGP ou exactamente por via do aproveitamento de suas lacunas e do facto de que jamais se compartilhou poder algum, vemos pessoas que ontem até negociaram o AGP enveredando pela via do esquecimento.
O que provocou a guerra civil de ontem ainda não foi integralmente eliminado. O que provocou a chamada por alguns de “guerra de desestabilização” por alguns dos detentores do poder foi toda uma combinação de factores que continuam a estar presentes no panorama político moçambicano. A facilidade com que alguns moçambicanos se enganam a si próprios e avançam por caminhos de auto-destruição é admirável. Queremos aparecer como os melhores à custa de ignorar os outros e se possível pisotear os outros. Quando se nega o exercício da transparência, seriedade, justeza e liberdade num processo tão importante como o eleitoral isso se torna o indicativo objectivo do que realmente querem os detentores do poder.
Não tenhamois ilusões sobre ao que podem ser os resultados de políticos experimentadas e falhadas. Não gostaríamos de ver moçambicanos sendo vítimas de mais um conflito como aquele que só a força do poder dos doadores ou parceiros internacionais permitiu que chegasse ao fim. Pois convém não nos enganarmos quanto ao protagonismo assumido para que a guerra tivesse o seu fim. Quem facilitou a comunicação e passou mensagens de um lado para o outro, quem pagou e financiou viagens e meios não foram os moçambicanos. Quem suportou toda a máquina negocial durante o tem po todo que foi necessário não foram os moçambicanos. Deveria haver certa humildade sobre o que se fez e não fez para que a guerra terminasse em Moçambique. A Guerra-Fria em África teve os seus preços e quem pagou e ainda está pagando são os povos.
Está claro que os interesses dos ocidentais e agora o de chineses e russos jogam o seu papel na génese e desenvolvimento dos conflitos em nossos países. O que pode parecer algo definitivo e com um fim que se poder considerar definitivo pode não ser bem assim.
Nada nos pode assegurar de que a paz que vivemos hoje é de facto para valer e para sempre. O grau de insatisfação popular é grande. O desemprego atinge números assustadores. Os pendentes de casos como os dos “CFM”, “Madgerman” e outras empresas estatais privatizadas são inúmeros e constituem um constrangimento grave para o governo. Do lado das forças armadas temos o caso dos desmobilizados não inscritos no sistema de pagamento de pensões. Ainda existem antigos combatentes da luta de libertação nacional que ainda não possuem pensões. Toda esta situação demonstrativa de incapacidade para resolver casos pertinentes é o critério para julgar que tipo de governo existe.
Alguma satisfação que possa resultar de vitórias eleitorais não pode fazer esquecer o que se passa neste país. Nem pode fazer esquecer como se chegou a tais vitórias.
Embora se possa falar em mérito ou demérito de intervenientes e até se possa falar de situações que no seu conjunto contribuíram par4a a derrota de determinadas forces políticas nas eleições passadas nada pode justificar a manipulação ou utilização de meios ilícitos para se chegar a vitória.
Nada justifica o tipo de comportamento que a PRM teve durante a campanha eleitoral.
Também nada justifica o comportamento que que a Procuradoria-Geral da República teve durante o mesmo período. O silêncio cúmplice de determinadas autoridades favoreceu o partido no poder e isso não é lícito.
E muito mais se poderia dizer sobre o processo eleitoral em si.
O mais importante é que se aprenda do processo havido e com isso se contribua para o fortalecimento dos preceitos democráticos no país.
Moçambique até é suficiente para todos nós e decerto que podemos compartilhar o país sem conflitos.
Mas é necessário que aprendamos a respeitar-nos. A arrogância ou qualquer outro comprtamento que não tenha em conta de que os outros também são importantes só nois levarão aos conflitos e guerras...
Noé Nhanthumbo, Diário da Zambézia, 18/11/09
NOTA: Noé Nhantumbo, no seu habitual estilo frontal e contundente, faz uma análise perfeita da actual situaçao e lança alguns alertas pertinentes. Seria bom que todos meditassem seriamente nestas palavras, principalmente aqueles que comemoram as " vitorias retumbantes" indiferentes à realidade e aos perigos.
Aquela teimosia aliada a uma arrogância típica de ditadores e seus funcionários seniores não está longe das margens dos nossos rios nem das nossas praias. Os que que fazem os discursos são exímios em mostrar uma face poética de bom gosto embora um tanto ou quanto a puxar para latitudes mais próximas da Coreia do Norte do que seria de desejar.
Não são os discuros que vão salar o país quando chegar o mau tempo. Da aparente estabilidade de hoje para um conflito sangrento a distância não é assim tanta. Ninguém quer ser ave de mau agoiro mas para quem viveu os dias e anos logo a seguir a independência não se pode esquecer de como tudo começou daquela vez.
Hoje armados de uma legitimidade duvidosa, de um poder que se tomou por via da adulteração do AGP ou exactamente por via do aproveitamento de suas lacunas e do facto de que jamais se compartilhou poder algum, vemos pessoas que ontem até negociaram o AGP enveredando pela via do esquecimento.
O que provocou a guerra civil de ontem ainda não foi integralmente eliminado. O que provocou a chamada por alguns de “guerra de desestabilização” por alguns dos detentores do poder foi toda uma combinação de factores que continuam a estar presentes no panorama político moçambicano. A facilidade com que alguns moçambicanos se enganam a si próprios e avançam por caminhos de auto-destruição é admirável. Queremos aparecer como os melhores à custa de ignorar os outros e se possível pisotear os outros. Quando se nega o exercício da transparência, seriedade, justeza e liberdade num processo tão importante como o eleitoral isso se torna o indicativo objectivo do que realmente querem os detentores do poder.
Não tenhamois ilusões sobre ao que podem ser os resultados de políticos experimentadas e falhadas. Não gostaríamos de ver moçambicanos sendo vítimas de mais um conflito como aquele que só a força do poder dos doadores ou parceiros internacionais permitiu que chegasse ao fim. Pois convém não nos enganarmos quanto ao protagonismo assumido para que a guerra tivesse o seu fim. Quem facilitou a comunicação e passou mensagens de um lado para o outro, quem pagou e financiou viagens e meios não foram os moçambicanos. Quem suportou toda a máquina negocial durante o tem po todo que foi necessário não foram os moçambicanos. Deveria haver certa humildade sobre o que se fez e não fez para que a guerra terminasse em Moçambique. A Guerra-Fria em África teve os seus preços e quem pagou e ainda está pagando são os povos.
Está claro que os interesses dos ocidentais e agora o de chineses e russos jogam o seu papel na génese e desenvolvimento dos conflitos em nossos países. O que pode parecer algo definitivo e com um fim que se poder considerar definitivo pode não ser bem assim.
Nada nos pode assegurar de que a paz que vivemos hoje é de facto para valer e para sempre. O grau de insatisfação popular é grande. O desemprego atinge números assustadores. Os pendentes de casos como os dos “CFM”, “Madgerman” e outras empresas estatais privatizadas são inúmeros e constituem um constrangimento grave para o governo. Do lado das forças armadas temos o caso dos desmobilizados não inscritos no sistema de pagamento de pensões. Ainda existem antigos combatentes da luta de libertação nacional que ainda não possuem pensões. Toda esta situação demonstrativa de incapacidade para resolver casos pertinentes é o critério para julgar que tipo de governo existe.
Alguma satisfação que possa resultar de vitórias eleitorais não pode fazer esquecer o que se passa neste país. Nem pode fazer esquecer como se chegou a tais vitórias.
Embora se possa falar em mérito ou demérito de intervenientes e até se possa falar de situações que no seu conjunto contribuíram par4a a derrota de determinadas forces políticas nas eleições passadas nada pode justificar a manipulação ou utilização de meios ilícitos para se chegar a vitória.
Nada justifica o tipo de comportamento que a PRM teve durante a campanha eleitoral.
Também nada justifica o comportamento que que a Procuradoria-Geral da República teve durante o mesmo período. O silêncio cúmplice de determinadas autoridades favoreceu o partido no poder e isso não é lícito.
E muito mais se poderia dizer sobre o processo eleitoral em si.
O mais importante é que se aprenda do processo havido e com isso se contribua para o fortalecimento dos preceitos democráticos no país.
Moçambique até é suficiente para todos nós e decerto que podemos compartilhar o país sem conflitos.
Mas é necessário que aprendamos a respeitar-nos. A arrogância ou qualquer outro comprtamento que não tenha em conta de que os outros também são importantes só nois levarão aos conflitos e guerras...
Noé Nhanthumbo, Diário da Zambézia, 18/11/09
NOTA: Noé Nhantumbo, no seu habitual estilo frontal e contundente, faz uma análise perfeita da actual situaçao e lança alguns alertas pertinentes. Seria bom que todos meditassem seriamente nestas palavras, principalmente aqueles que comemoram as " vitorias retumbantes" indiferentes à realidade e aos perigos.
2 comments:
Artigo excelentemente compilado por N. Nhanthumbo.
Concordo plenamente com o que ele escreve.
Tenho andado extremamente ocupada e com alguns problemas familiares, mas
aproveito para lhe enviar um abraço e cumprimentos, extensivos a sua familia.
Maria Helena
Excelente e realista o texto do Noé.
Desejo-lhe os maiores sucessos e retribuo os cumprimentos e abraço.
Zé
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