Nas vésperas das eleições de 28 de Outubro, circulou um e-mail que chamaram de o maior de todos os tempos e eu transcrevo na integra a sua conclusão, com pedido adiantado de desculpas devido a alguns termos: "o problema de Moçambique é que, quem elege os governantes não é o pessoal que lê jornal, mas quem limpa o cu com ele!"!
Eu percebo o trecho acima como querendo dizer que a grande parte do eleitor moçambicano não tem acesso a informação, ou por conta da sua condição sócio económica ou simplesmente porque não sabem ler, escrever ou perceber a língua portuguesa que é a oficial. E como tudo acontece em português é já previsível os efeitos disso.
Até pode parecer uma brincadeira de mau gosto, mas parece que os resultados preliminares e os que ainda estão por vir mostraram que, realmente, as pessoas que contribuíram por via do voto para a vitoria do partido já no poder, são aquelas que vivem nas zonas rurais e que por causa da sua condição social não têm acesso a informação.
Não foi difícil notar que o partido vencedor perdeu em alguns círculos urbanos muito fortalecidos como é o bairro central da Cidade de Maputo e a Polana Cimento, lá onde moram os sortudos do país. Se as eleições de 2009 foram maioritariamente concorridos por jovens então os filhos, netos e sobrinhos dos sortudos não votaram neles. Quem sabe, alguns deles já não acreditam em si.
Na Beira por exemplo, a cidade conhecida como sendo a segunda do país, os resultados dos vitoriosos tiveram que ser forcados por via da fraude, devidamente comprovada por gravações em vídeo. Isso porque as pessoas que lêem o jornal já mudaram a sua tendência de voto.
Mas quantos são esses que lêem o jornal? Não passam de 20%. Aproximadamente, a percentagem que votou em Daviz Simango. Incluindo na Polana, na Josina Machel e em outros lugares altamente urbanizados.
Os que não podem ler o jornal em Moçambique, são acima de 70% e maioritariamente, essas pessoas vivem nas zonas suburbanas, nos subúrbios e no campo. Mas essas pessoas têm uma característica: são adoptadas de uma obediência cega a quem manda. Não precisam reflectir muito sobre as consequências das suas decisões, pois pensam que as suas decisões não podem influenciar demasiadamente. São pessoas que governam sem saber!
São pessoas que obedecem cegamente como ovelhas conduzidas ao matadouro. Eu fiquei preocupado quando e, alguns lugares de votação, um único candidato e o seu partido chegaram a obter 100% dos votos. Este é um dado muito importante para a reflexão. Embora isso agrade ao vencedor, mas é aqui que o vencedor descobre a sua fraqueza. É acompanhado por muita gente que não o questiona, que é pobre de informação e que obedece cegamente. É por isso que falo da quantidade de votos e da qualidade de voto.
Eu sou daqueles que acredita que a democracia para que seja participativa e inclusiva, o poder constituinte precisa dos elementos mais básicos para tomar a decisão. Os poucos que possuem esses elementos são os que estão nas zonas urbanas e eles mostraram qual a sua tendência de voto. Muito contraria daqueles que estão no campo.
É coisa para dizer que os moçambicanos eleitores estão divididos em três grupos: os que ainda não sabem em quem votar ou não podem votar por outros motivos, os que votam nas zonas urbanas e os que votam na periferia e nas zonas rurais. Esses que não votam são as abstenções, os que votam nas cidades são os que perdem porque são poucos e a vitoria é daqueles que votam no campo, em que mesmo sem os pressupostos do exercício do direito a votar são a maioria.
Coisa para dizer que é sempre bom saber a quem pedir o voto. A quem pode dar um voto de qualidade e perder ou a quem pode dar a maioria dos votos e ganhar? Os mais espertos começaram por colocar o campo e as zonas rurais como o pólo das suas atenções e conseguiram atrair aquela massa que não lê o jornal.
Mas ok, tudo acima são somente algumas provocações, o que conta mesmo é o resultado final, porque tanto o que vota com consciência como o que vota sem consciência, incluindo aquele que prefere abster-se são todos moçambicanos e as suas escolhas devem ser muito bem respeitadas, sob pena de dividirmos o país.
É aqui que mais uma vez se apela tanto aos perdedores como aos ganhadores que pautem sempre pelo bom senso, pela razão e pela inclusão dos moçambicanos em todo o processo das suas actividades politicas. Porque, embora votados no campo, é na cidade onde acontece o laboratório de desenvolvimento nacional. Embora perdendo nas cidades é sobre o campo em que a maior parte da governação deve incidir.
E o mais importante ainda é que todos devem começar a perceber que embora a democracia seja um sistema de maiorias elas podem não reflectir o ideal, quando não dotadas dos elementos necessários para tomar uma decisão mais democrática, no ponto de vista de razoabilidade, inclusão e participação. Penso que precisamos dialogar melhor sobre a dicotomia campo e cidade, considerando o acesso a informação de qualidade.
(Custódio Duma, em www.athiopia.blogspot.com)
Eu percebo o trecho acima como querendo dizer que a grande parte do eleitor moçambicano não tem acesso a informação, ou por conta da sua condição sócio económica ou simplesmente porque não sabem ler, escrever ou perceber a língua portuguesa que é a oficial. E como tudo acontece em português é já previsível os efeitos disso.
Até pode parecer uma brincadeira de mau gosto, mas parece que os resultados preliminares e os que ainda estão por vir mostraram que, realmente, as pessoas que contribuíram por via do voto para a vitoria do partido já no poder, são aquelas que vivem nas zonas rurais e que por causa da sua condição social não têm acesso a informação.
Não foi difícil notar que o partido vencedor perdeu em alguns círculos urbanos muito fortalecidos como é o bairro central da Cidade de Maputo e a Polana Cimento, lá onde moram os sortudos do país. Se as eleições de 2009 foram maioritariamente concorridos por jovens então os filhos, netos e sobrinhos dos sortudos não votaram neles. Quem sabe, alguns deles já não acreditam em si.
Na Beira por exemplo, a cidade conhecida como sendo a segunda do país, os resultados dos vitoriosos tiveram que ser forcados por via da fraude, devidamente comprovada por gravações em vídeo. Isso porque as pessoas que lêem o jornal já mudaram a sua tendência de voto.
Mas quantos são esses que lêem o jornal? Não passam de 20%. Aproximadamente, a percentagem que votou em Daviz Simango. Incluindo na Polana, na Josina Machel e em outros lugares altamente urbanizados.
Os que não podem ler o jornal em Moçambique, são acima de 70% e maioritariamente, essas pessoas vivem nas zonas suburbanas, nos subúrbios e no campo. Mas essas pessoas têm uma característica: são adoptadas de uma obediência cega a quem manda. Não precisam reflectir muito sobre as consequências das suas decisões, pois pensam que as suas decisões não podem influenciar demasiadamente. São pessoas que governam sem saber!
São pessoas que obedecem cegamente como ovelhas conduzidas ao matadouro. Eu fiquei preocupado quando e, alguns lugares de votação, um único candidato e o seu partido chegaram a obter 100% dos votos. Este é um dado muito importante para a reflexão. Embora isso agrade ao vencedor, mas é aqui que o vencedor descobre a sua fraqueza. É acompanhado por muita gente que não o questiona, que é pobre de informação e que obedece cegamente. É por isso que falo da quantidade de votos e da qualidade de voto.
Eu sou daqueles que acredita que a democracia para que seja participativa e inclusiva, o poder constituinte precisa dos elementos mais básicos para tomar a decisão. Os poucos que possuem esses elementos são os que estão nas zonas urbanas e eles mostraram qual a sua tendência de voto. Muito contraria daqueles que estão no campo.
É coisa para dizer que os moçambicanos eleitores estão divididos em três grupos: os que ainda não sabem em quem votar ou não podem votar por outros motivos, os que votam nas zonas urbanas e os que votam na periferia e nas zonas rurais. Esses que não votam são as abstenções, os que votam nas cidades são os que perdem porque são poucos e a vitoria é daqueles que votam no campo, em que mesmo sem os pressupostos do exercício do direito a votar são a maioria.
Coisa para dizer que é sempre bom saber a quem pedir o voto. A quem pode dar um voto de qualidade e perder ou a quem pode dar a maioria dos votos e ganhar? Os mais espertos começaram por colocar o campo e as zonas rurais como o pólo das suas atenções e conseguiram atrair aquela massa que não lê o jornal.
Mas ok, tudo acima são somente algumas provocações, o que conta mesmo é o resultado final, porque tanto o que vota com consciência como o que vota sem consciência, incluindo aquele que prefere abster-se são todos moçambicanos e as suas escolhas devem ser muito bem respeitadas, sob pena de dividirmos o país.
É aqui que mais uma vez se apela tanto aos perdedores como aos ganhadores que pautem sempre pelo bom senso, pela razão e pela inclusão dos moçambicanos em todo o processo das suas actividades politicas. Porque, embora votados no campo, é na cidade onde acontece o laboratório de desenvolvimento nacional. Embora perdendo nas cidades é sobre o campo em que a maior parte da governação deve incidir.
E o mais importante ainda é que todos devem começar a perceber que embora a democracia seja um sistema de maiorias elas podem não reflectir o ideal, quando não dotadas dos elementos necessários para tomar uma decisão mais democrática, no ponto de vista de razoabilidade, inclusão e participação. Penso que precisamos dialogar melhor sobre a dicotomia campo e cidade, considerando o acesso a informação de qualidade.
(Custódio Duma, em www.athiopia.blogspot.com)
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