Tuesday 11 August 2015

O que faz mover Moçambique

 
DESENVOLVIMENTO: Sendo um dos dez países com maior crescimento anual (7,4% em 2014) em África, Moçambique quer livrar-se da classificação que o inscreve ainda no clube dos mais pobres do mundo
Exame Moçambique


 
Megaprojetos como o da fundição de alumínio Mozal (a maior empresa de Moçambique); o gás natural da Sazol; a extracção de areias pesadas de Moma ou de Chibuto; o carvão de Moatize e de Benga; ou a Hidroeléctrica de Cahora Bassa são exemplos de grandes investimentos que alavancam a economia moçambicana. Mas há mais projetos, em diferentes sectores, que são oportunidades de negócio para investidores estrangeiros que pretendam entrar ou expandir negócio no país.
Sendo um dos dez países com maior crescimento anual (7,4% em 2014) em África, Moçambique quer livrar-se da classificação que o inscreve ainda no clube dos mais pobres do mundo. O investimento na economia, deixando de lado as ajudas externas, é há alguns anos um objectivo num país que tem das maiores reservas de carvão e gás natural do mundo e que espera dar o salto para o desenvolvimento até ao fim da década.
O governo aprovou nos últimos anos vários instrumentos jurídicos para facilitar o investimento. Por exemplo, o regulamento das parcerias público-privadas, aprovado em Agosto de 2011, e a adopção de um Plano Estratégico de Promoção de Investimento Privado (PEPIP), que vigorará até 2016. Lourenço Sambo, director-geral do CPI (Centro de Promoção de Investimento) sublinha: para quem quiser entrar no mercado moçambicano “as carências que o país apresenta, são exactamente proporcionais às oportunidades e negócio existentes. Grandemente vastas”.

Energia


Mais de 90% da energia eléctrica produzida no país é gerada pela barragem de Cahora Bassa, no Zambeze. Mas o governo quer mudar esta realidade e reduzir a fonte da energia hídrica para 55% até 2030, e apostar nas renováveis, estando identificados 43 projectos prioritários de energia solar com 598 megawatts. Segundo Augusto Fernando, presidente conselho de administração da Electricidade de Moçambique (EdM) 26% da população tem hoje acesso a energia eléctrica. Comparativamente a outros países da região é uma taxa ainda bastante reduzida.
Mas isso pode mudar se, até 2030, o governo conseguir que os tais 55% da energia produzida em Moçambique seja gerada por recurso a renováveis, 25% por via do carvão e 20% do gás natural. No portefólio dos “grandes investimentos” energéticos está o projecto de construção da linha de transporte de energia eléctrica de Tete até Maputo, mais conhecida como Espinha Dorsal da rede eléctrica nacional (Cesul). Orçado em 2 mil milhões de dólares, foi adjudicado a um consórcio formado pela EdM (20%) e três empresas privadas: os chineses da State Grid (46%), os sul-africanos da Eskom (20%).

Construção e infraestruturas


Do imobiliário às grandes obras públicas, o ritmo das construções no país tem sido avassalador. Em Moçambique já estão Mota-Engil, Teixeira Duarte e Soares da Costa, entre outras construtoras portuguesas de menor dimensão, mas é um sector em que se pode continuar a investir apesar da concorrência estar a aumentar, nomeadamente a chinesa e a sul-africana. A construção representa um mercado de 400 milhões de dólares e tem um peso de apenas 3% no PIB. Na última década, cresceu a um ritmo extraordinário de 12% ao ano, superando em larga escala a dinâmica de todos os outros sectores.
O país virou um estaleiro. Particularmente Maputo, que hoje tem obras a decorrerem de uma ponta à outra da cidade e prédios a crescerem a uma velocidade estonteante. Em Maputo, a nova construção residencial significa preços de apartamentos bem acima da média do mercado. Segundo João Pena, director-geral da consultora Colliers, já há imóveis em Maputo a serem vendidos por 4 mil dólares o metro quadrado. “Já faltou mais para chegarmos aos níveis de Luanda”, revela Pena.
A acompanhar de perto a ebulição do imobiliário tem estado o mercado das obras públicas. Estradas, pontes, aeroportos, ferrovias, portos, escolas, mercados e uma série de outras infraestruturas têm sido construídas a uma velocidade alucinante de norte a sul do país. Muitos desses projetos têm sido garantidos com financiamento internacional de governos e organismos internacionais, e alicerçados nas boas expectativas que persistem em redor da exploração do gás e do carvão. Para os próximos anos o país tem um portefólio de potenciais projectos relacionados com infraestruturas no valor de 30 mil milhões de dólares, o equivalente a duas vezes o PIB.

Agricultura


O programa ProSAVANA promete duplicar a produção, aumentar a produtividade e os rendimentos dos agricultores. É o sonho para quem trabalha a terra com uma enxada de cabo curto. Assente no desenvolvimento agrário do corredor de Nacala abrange uma área superior a 107 mil quilómetros quadrados, envolve 19 distritos nas províncias de Nampula, Niassa e Zambézia, onde residem 4,3 milhões de pessoas (17% da população moçambicana).
Promovido pelo governo moçambicano e as agências de cooperação do Japão (JICA) e do Brasil (ABC), o programa apresenta um orçamento preliminar superior a 243 milhões de dólares (9325 milhões de meticais), dos quais 111 milhões de dólares serão garantidos pela JICA, segundo a Agência de Informação de Moçambique (AIM). A agricultura é a base da economia nacional há largos anos. Estima-se que o sector agrícola empregue cerca de 80% da população activa e contribua com 23% para o produto interno bruto (PIB).

Banca

O sector bancário em Moçambique constitui um dos mais dinâmicos em África, beneficiando de uma economia em forte crescimento. De facto, entre 2005 e 2012 o número de agências bancárias mais do que duplicou, expandindo a cobertura do sistema financeiro de 27 distritos (21% do total) para 63 (49%). Simultaneamente houve um crescimento de 2,5 vezes do número de ATM e de quatro vezes de POS. Os bancos de capital português lideram o mercado. O Millennium bim (do BCP) e o BCI (da CGD e do BPI) dominam mais de metade do mercado, aliados a investidores locais. Há ainda o Banco Terra detido pelo português Montepio Geral (44,5%) e pelo sul-africano Nedbank (36,6%).





Expresso

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