A delegação do governo, em sede do diálogo
político, que decorre há mais de dois anos e cujo fim não se vislumbra para
breve, acusa a Renamo, principal partido da oposição em Moçambique, de ter
protagonizado ataques contra as forças policiais, no distrito de Tsangano,
província central de Tete.
A acusação foi feita hoje no Centro de
Conferencias Joaquim Chissano, em Maputo, no final da 113ª ronda do diálogo,
pelo chefe adjunto da delegação do Governo, Abduremane de Almeida, que é,
igualmente, Ministro da Justiça, Assuntos Constitucionais e Religiosos.
A nossa discussão gravitou em volta do relatório
elaborado pelos peritos militares e, neste mesmo relatório, estão lá anunciados
mais cinco ataques realizados pela Renamo contra as forças policiais, disse o chefe adjunto, adiantando que os homens
pertencentes ao partido de Afonso Dhlakama atacaram, também, uma viatura civil.
Por seu turno, o chefe da delegação da Renamo,
Saimone Macuane, disse haver necessidade de se criar uma comissão de inquérito
composta pelas duas delegações e pelos mediadores nacionais, para que se possa
apuarar os factos.
O governo apresentou questões que no seu
entender têm a ver com possíveis violações do Acordo de Cessação dos Acordos
Militares, assinados em Setembro do ano passado, disse Macuiane, completando que nós, ao nível da
mesa, dissemos que é fundamental a criação duma comissão de inquérito para a
zona onde o governo fez referência.
Na ronda de hoje, era suposto que as partes
tivessem arrancado com o quarto ponto da agenda negocial refente às Questões
Económicas, onde se pretende debater a distribuição equitativa dos recursos que
o país possui. No entanto, a Renamo ainda não apresentou a sua proposta.
Era nossa espectativa que a Renamo tivesse
trazido aquilo que é a sua proposta para o quarto ponto do diálogo político,
desta feita, ficamos a espera dos passos subsequentes, afirmou De Almeida, acrescentando que aliás, foi plano
da própria Renamo trazer a substância que constitui o quarto ponto.
As partes continuam a divergir no procedimento a
tomar com a declaração da Despartidarização do Aparelho do Estado. Isso porque
a Renamo quer que a mesma seja homologada pela Assembleia da República, o
parlamento moçambicano, facto que o governo não concorda.
O nosso espanto é que o governo refere que
apenas a Renamo tem a responsabilidade de submeter este documento à Assembleia
da República, enquanto que está claro que ambas as partes devem faze-lo, disse o chefe da delegação da Renamo.
Fazem parte da agenda deste diálogo, o pacote
eleitoral, a despartidarização do Aparelho do Estado, Questões Militares, que
preconizam a desmilitarização da Renamo, e Questões Económicas. Entretanto,
apenas o primeiro ponto, referente ao Pacote Eleitoral, foi concluido, por
consenso.
(AIM)
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