É verdade, mais um assassinato se veio juntar à longa lista dos que dão tanto trabalho a investigar à nossa PRM. Daqueles que estão a ser investigados há anos e anos, sempre em segredo de justiça, e sem resultados esclarecedores.
Talvez para “comemorar” os 14 anos passados sobre o assassinato de Siba Siba Macuácua, mais uma pessoa incómoda para os poderosos deste país foi algemado, levado para uma vala de drenagem e morto com dois tiros na cabeça.
Chamava-se Ianlamo Ali Mussa e tinha feito carreira nos services secretos, de onde foi, entretanto, marginalizado.
Morto entre sexta-feira e sábado, a PRM, na segunda feira, disse a um jornal de Maputo que ainda não estava informada do acontecimento. Como é habitual vão seguir-se os pedidos das autoridades para que as deixem trabalhar, eventualmente uma notícia de que já têm pistas e depois, gradualmente, o mergulho no esquecimento.
Foi assim com Siba Siba, foi assim com Orlando José, foi assim com o juiz Silica, foi assim com Gilles Cistac, foi assim com a lista enorme de assassinatos ligados ao tráfico de drogas e vai ser assim agora com Ali Mussa. Fatal como o destino.
E parece não haver ninguém com vontade de alterar isto. Ou com força para o fazer. Mudam-se as caras, ao longo dos anos, mas não mudam os métodos, não muda a moral, ou a falta dela.
Ali Mussa sabia que o queriam matar e acusava uma alta patente policial de ser o mandante do seu assassinato. Já anteriormente tinha sido espancado violentamente e afirmava que tinha sido por polícias. Será essa mesma polícia que vai descobrir quem o assassinou? Seria um milagre e, desde criança, eu deixei de acreditar em milagres.
O Dr. Frangoulis, que foi afastado da direcção da Polícia de Investigação Criminal por estar a ser demasiado eficiente em casos em que essa eficiência era desaconselhada, pergunta onde terão os assassinos arranjado as algemas com que Ali Mussa estava preso quando o mataram. E já ele estava a fazer esta pergunta quando o porta-voz da PRM ainda dizia que só terça-feira estariam informados. Claramente duas velocidades diferentes...
E assim vamos andando, e continuaremos a andar, enquanto não se desfizer a rede de compadrio e cumplicidades que une os dirigentes de praticamente todas as instituições nacionais, à sombra de um mesmo cartão.
Inclusive as instituições que se encarregam de perpetuar o sistema.
Machado da Graça
Savana, 14-08-2015,
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