A Conferência dos Institutos Religiosos de Moçambique manifestou hoje "indignação" com o nível de violência que assola o país, protestando contra o assassínio de um padre na passada quinta-feira numa paróquia da Matola, nos arredores de Maputo.
Na quinta-feira, o padre moçambicano Valentim Camal morreu por paragem cardíaca a caminho do hospital, depois de ter sido agredido por um grupo de homens que assaltou a paróquia de Santa Teresinha do Menino Jesus, em Liqueleva, na zona da Matola.
Um outro grupo de assaltantes invadiu, na sexta-feira, a casa das Irmãs Hospitalares nas Mahotas, localizada num bairro suburbano da capital moçambicana.
A onda de assaltos a casas de religiosos em Moçambique "instalou o medo" no seio dos religiosos, pois, desde janeiro último, "em cada 15 dias" registam-se ataques às residências de clérigos e freiras, disse o presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Moçambique, padre Paulo Nadolny.
"Nos últimos tempos, várias casas religiosas em todo o país têm sido vitimadas pela acção dos assaltantes. Na maioria das vezes usam violência para alcançar os seus objectivos", mas "na busca de auxílio das forças públicas de segurança, a maioria das vítimas se deparam com problemas constrangedores", disse Paulo Nadolny.
"Não podemos imaginar o desenvolvimento de um país sem levar em conta os elementos fundamentais para o desenvolvimento do ser humano, que não é descartável, pelo contrário: a vida humana é mais valiosa do que qualquer megaprojecto ou investimento financeiro", considerou o presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Moçambique.
Para o padre Paulo Nadolny, "entre os vários elementos que devem colocar a dignidade da pessoa humana em primeiro lugar - e não o lucro - a segurança pública é um deles", pelo que "o poder público tem o dever constitucional de promover a segurança do seu povo e não apenas de forma paliativa depois dos factos terem acorrido, mas sim preventiva e investigava".
A necessidade de criação "de uma polícia forte, bem preparada, em quem se pode confiar" foi igualmente defendida pela irmã Rozália da Conferência dos Institutos Religiosos de Moçambique, que recentemente também foi vítima de assalto.
Falando aos jornalistas, a irmã Rozália considerou que os religiosos são "vítimas fáceis" dos assaltantes, que, aliás, "andam sem medo" da polícia, supostamente "mal preparada".
No entanto, a Conferência dos Institutos Religiosos de Moçambique descartou a criação de medidas especiais de segurança.
"Eu e uma outra irmã fomos assaltadas, há um tempo atrás. Roubaram-nos tudo, deixaram-nos apenas com a roupa do corpo. Fomos denunciar à esquadra mais próxima, onde encontrámos dois polícias a dormir com duas espingardas ao lado", contou a religiosa, criticando a "falta de resposta" da polícia.
(RM/Lusa)
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