As empresas portuguesas estão interessadas em investir nos projectos de expansão de energias renováveis no país. Dos vários projectos que Portugal quer desenvolver destaca-se o projecto da espinha dorsal e o fornecimento de lâmpadas eficientes.
O secretário de Estado de Portugal, Artur Trindade, disse que o seu país vai investir centenas de milhões de euros para dinamizar a execução dos projectos de electrificação nas zonas rurais de Moçambique.
Trindade fez estes pronunciamentos no decurso da conferência entre Moçambique e Portugal sobre as energias renováveis, quarta-feira, na capital do país. A cerimónia de abertura da conferência foi presidida pelo ministro moçambicano da Energia, Salvador Namburete.
Este encontro contou com a presença do presidente da Câmara de Comércio Moçambique-Portugal, Daniel David; presidente do Fundo de Energia, Miquelina Menezes, entre outras individualidades.
Esta conferência constitui um marco importante na história político-económica entre os dois países, uma vez que as duas partes tencionam desenvolver parcerias de curto e longo prazos para alavancar os projectos na área de energia, sobretudo energias limpas.
Os dois países assinaram acordos bilaterais no ramo energético, os quais vão contribuir, significativamente, para o desenvolvimento socioeconómico de Moçambique. Os projectos que serão executados no nosso país por Portugal vão criar postos de emprego para milhares de moçambicanos residentes nos pontos mais recônditos do país.
Namburete referiu que Moçambique possui um alto potencial em recursos energéticos (hídricos, solares, eólicos, biocombustíveis, carvão mineral e gás natural), dada a sua localização geográfica, que é a porta do hinterland africano, servido de infra-estruturas ferro-portuárias e elo de ligação entre os países da região.
Moçambique e Portugal possuem uma experiência de maior relevo tanto no domínio de energia, quanto no de trocas comerciais, que datam há anos. Isto constitui um ganho importante para a materialização de parcerias com ganhos recíprocos.
A par de projectos de grande envergadura, estão, igualmente, em desenvolvimento projectos de média e pequena dimensão. Estes projectos irão permitir o aumento da disponibilidade de energia, para responder às reais necessidades do crescimento económico e desenvolvimento social a curto, médio e longo prazos.
De referir que apenas 36.8% da população moçambicana é que tem acesso à energia, mas isto levanta muitos pontos de interrogação, visto que o nosso país tem maior potencial de produção de energia em relação a Portugal e muitos países da África Austral. Mesmo assim, a nossa energia é controlada, na sua maioria, pela África do Sul, país que consome mais energia em relação a Moçambique. O encontro entre os dois países visa trocar experiências na área de energias limpas, experiências que vão culminar com a execução de projectos para a electrificação da maior parte dos distritos e vilas de Moçambique.
Artur Trindade disse ainda que “as empresas portuguesas estão a desenvolver parcerias com as empresas moçambicanas em energias renováveis, para a electrificação das regiões onde não existe uma ligação directa com a rede nacional de energia, no sentido de levar a energia para algumas regiões que não estão abrangidas pela rede de Cahora Bassa”.
Todos estes projectos estão a ganhar ímpeto com apoio de empresários portugueses.
Portugal vai levar a cabo a implementação de vários projectos a nível de infra-estruturas, a destacar o projecto da espinha dorsal, um projecto que envolve maioritariamente capitais portugueses, o projecto da implementação duma grande rede de transporte, que vai ligar os centros electrocultores aos centros de consumo e com outros países da região austral de África.
Existe também um projecto de pequena dimensão, que vai envolver cerca de cinquenta aldeias, que serão iluminadas com energia solar em várias regiões de Moçambique.
Já a presidente do Fundo de energia, Mequelina Menezes, disse que estão a ser traçados projectos para electrificação de escolas, centros de saúde e vilas e que existem cerca de 700 escolas e centros de saúde a serem electrificados no período entre 2012 e 2013. Segundo ela, estes investimentos vão custar ao Estado cerca de 18 milhões de dólares norte-americanos.
O presidente da Câmara de Comércio Moçambique-Portugal, Daniel David, na sua intervenção, salientou que ‘’o crescimento de qualquer economia deve ser sustentável e, para que isso aconteça, é necessário que haja políticas que apoiem o desenvolvimento, quer políticas a nível de investimento, quer a nível de políticas sectoriais do Governo’’. David disse ainda que Moçambique tem um alto potencial de desenvolvimento de infra-estruturas, factores determinantes para o desenvolvimento de qualquer sociedade e que a nossa política macro-económica é bem implementada no país, uma vez que existem instituições financeiras a funcionarem bem.
Importa referir que este projecto de expansão da rede de energia permitiu iluminar um total de 117 sedes distritais, das quais 56 no período compreendido entre 2005 e 2011, estando em curso a electrificação das restantes 21 sedes distritais.
Questão da reversão dos 7.5% das acções da albufeira de Cahora Bassa a Moçambique
Esta conferência sobre energias renováveis surge um mês depois da entrega de 7.5% das acções dos 15% que Portugal detinha na gloriosa Cahora Bassa.
Estes projectos ou acordos bilaterais vão permitir a internacionalização das empresas portuguesas e a sua expansão em Moçambique. A RÉN detém 7.5% das acções de Cahora Bassa e é a mesma que vai financiar vários projectos de expansão de energia no país. Portugal viu a sua economia fragilizada pela crise que afecta a Zona Euro desde ano passado, e com estes acordos na energia isso vai permitir a transferência de capital para Portugal como corolário dos investimentos feitos em projectos de expansão de energia em Moçambique. Isto vai, de certa forma, resgatar a economia portuguesa ora fragilizada.
Os moçambicanos, por sua vez, sairão a ganhar, uma vez que até o pequeno agricultor residente na localidade vai ver a sua casa iluminada e vai poder carregar o seu telemóvel sem ter que incomodar o seu vizinho.
Estes projectos vão, de certa maneira, melhorar a qualidade de vida das populações que vivem no interior, dos serviços de saúde e o rendimento escolar das crianças e dos estudantes no geral.
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