ESPERO que todos tenhamos entrado em 2012 com ansiedade. Digo que espero porque não posso fazer um juízo seguro por não estar a par do que terá acontecido efectivamente com outros cidadãos. Agora o momento é dado a balanços positivos e negativos. É verdade que cada um tem de fazer, por si só, à sua visão, o seu balanço, mas salta-me o ano passado, à vista, uma conclusão quase unânime: apesar de o país ter registado avanços em várias frentes, ainda há muito por fazer para combater a pobreza absoluta que fustiga o maior número de cidadãos em Moçambique, o desemprego e outros males que estão no centro das preocupações globais.
Maputo, Quinta-Feira, 5 de Janeiro de 2012:: Notícias
Se bem que não pretendo fazer um diagnóstico precoce, tanto mais que estou habituado a encarar as transições de ano com optimismo, sinto também desta vez, profundamente inquieto, o facto de tudo indicar que as consequências nefastas da globalização, o desemprego e o empobrecimento da maior parte das famílias moçambicanas poderem continuar a definir as suas angústias diárias no ano que acabamos de entrar. É uma realidade irrefutável.
Acredito que neste ano muita coisa boa possa resultar da mudança que se venha a dar na implementação de várias acções de desenvolvimento por parte do Governo, tanto é que compete ao Executivo do dia de tudo fazer para que a vida neste país seja possível, mas arrisco-me a dizer que, o que, isso sim, me preocupa é que essa mudança possa ser “estragada” com os discursos do “politicamente correcto” ou transformar-se num fim em si mesmo.
A entrada em 2012 não signifique o que deveria significar para o nosso país: o fim das frustrações que se apoderam dos moçambicanos e das ameaças do retorno à guerra, que ninguém com ideias nobres não seja capaz de desistir ou deixar de criticar de forma frontal, aquilo que vai mal na nossa pátria, na perspectiva de que haja ponderação, com inteiro sentido das responsabilidades e seriedade na tomada de decisões por parte dos que nos dirigem.
É sempre importante entrar num ano novo como o 2012, que promete ser ano de várias e grandes transformações no nosso país e à escala global. O bom senso, que me conste, nunca fez mal a ninguém, daí que espero igualmente que no presente ano o exercício da militância política seja feito com escrúpulos para a consolidação do processo democrático no nosso país. Importante é ainda quando se está consciente sobre a necessidade da renovação dos esforços no desenvolvimento dos nossos municípios, alguns dos quais tendem cada vez mais a abrandar o seu engrandecimento, como é o caso da cidade de Nampula.
Do mesmo modo espero que o ano 2012 faça com que o país económico e o país político possam estar reconhecíveis através de investimentos e maturidade política, a igualdade de direitos conferidos na Constituição da República não seja uma miragem distante, o nosso jornalismo seja sério e responsável, a consolidação da unidade nacional que todos os dias se fala não seja só nas palavras, porque senão fará menos sentido que tenhamos entrado nele.
E porque se diz que quando há crença e convicção num ideal, não há machado que corte a raiz do pensamento, nós aqui continuaremos a dar a nossa contribuição da forma e estilo que damos, partilhando as posições críticas dos outros que também estão interessados em ver este país a andar e chegar onde possa chegar sem hipocrisia de qualquer índole. Que 2012 seja ano de progressos e esperança para todos nós!
Mouzinho de Albuquerque
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