O banho Araújo em Quelimane não só se ficou a dever à sua “performance” mas também a um verdadeiro apagão verificado na candidatura do frelimista Aboobacar Bico.
Segundo as contagens paralelas disponíveis à hora do fecho do jornal *, Manuel de Araújo, apesar dos votos nas urnas terem baixado em 12%, o candidato da oposição fez subir os votos do renamista Latifo Xarifo em 2008, de 19.236 para a fasquia dos 22 mil votos, um aumento de 16%.
Mas foi sobretudo porque o eleitorado da Frelimo ficou em casa que Araújo ganhou. Em 2008 votaram em Pio Matos 24.201 apoiantes, enquanto Bico se deve situar na fasquia dos 13.500 votos, 56% por cento do “score” do edil que foi dado com “problemas do foro psiquiátrico”. Em aritmética simples, se os eleitores de Pio Matos tivessem ido votar, eram suficientes para derrotar Araújo.
Mas o que fez os quelimanenses ficarem em casa e sobretudo virarem a cara ao “cinzento” Bico, um empresário, que dizem os jornalistas que acompanharam a campanha, não terá falado mais de 15 minutos em toda a campanha?
Em primeiro lugar ainda ninguém percebeu a demissão de Pio Matos. Para além da conspiração Gruveta-Paúnde-Macuácua-Namashilua e das auditorias pouco ilustres às contas do município, ninguém sabe porque Pio teve que sair e expor a Frelimo a um verdadeiro hara-kiri político.
Nos aspectos seguintes, aventa-se a possibilidade de a Frelimo ter sido obrigada a ter de correr atrás do prejuízo inicial. Araújo, claramente um “candidato forte”, surpreendeu o partidão que, em desvantagem, tentou chamar à contenda o académico Manecas Morais, o director do pólo local de uma das universidades estatais do país. Depois da primeira nega, Bico terá sido literalmente empurrado para a candidatura, não gozando inicialmente nem sequer do apoio da comunidade muçulmana.
Dado que desde cedo se constatou que o candidato era “cavalo que não corria”, optou-se pela importação massiva da “Frelimo de Maputo” para vir dar uma ajuda em terras de machuabos. E lá veio Verónica Macamo, Filipe Paúnde, Manuel Tomé, José Pacheco e vários ministros de menor peso partidário. Até a governadora da cidade de Maputo e o edil da Matola vieram em excursão política a Quelimane. O que irritou ainda mais as hostes machuabos. Não só foram secundarizados nos problemas internos do partido como foram paternalisticamente tratados pela direcção comandista de Maputo. A partir daí foi o “deixa-andar” com um pesado “sindroma Bulha” transferido da Beira para Quelimane. Ou seja, os militantes públicos que no secretismo da urna de voto optaram pelo outro candidato ou, pura e simplesmente, não foram votar.
O resto são pecados antigos. Uso massivo de viaturas do Estado, uso de “sms” encomendados à operadora estatal para disseminação entre os utentes de telemóvel pós-pago, a população arregimentada em camiões de comício em comício, os consumidores de camisetes por troca com desfiles e passeatas partidárias.
A juntar a isso, algumas pérolas de campanha, como a descoberta da “família do candidato”, esquecendo-se a actual Frelimo que muito pouco tem a fazer a diferença no que à moral e aos costumes concerne. O mesmo desespero que em Cuamba teve o rótulo racial contra a candidata Maria Moreno, mais clara de pele que o candidato maçaroca, um comportamento autista de um partido que tem problemas em se olhar ao espelho e olhar para dentro do seu próprio guarda-fatos.
Aliás, em 1997, surpreendidos com o à vontade do candidato Phillipe Gagnaux no domínio dos vocábulos tsongas em Maputo, Manuel Tomé também decidiu usar a carta racial esquecendo-se da aliança no dedo, ou um indicativo que na Frelimo do capital o vale tudo e o maquiavelismo político está acima de todos os outros valores.
Por último, mas não menos importante, a Frelimo está habituada a lidar com a Renamo, um partido com muitos tiques semelhantes à Frelimo, muito populista e pouco dada a um trabalho de casa criterioso. Quelimane sempre esteve à mercê da oposição mas a Renamo foi completamente inepta em conseguir conquistar a cidade. A vitória de Araújo fica a dever-se em grande parte ao “trabalho operário” de Daviz Simango e os seus colaboradores que da Beira vieram apoiar a campanha do MDM na capital da Zambézia.
Resta agora saber, se se cumpre a segunda parte da profecia Pio Matos. Será que a cidade implantada à beira do Rio dos Bons Sinais vai ser mesmo governada por um machuabo que gosta realmente de Quelimane?
Araújo tem dois anos para responder a esse repto.
Fernando Lima, Savana, citado aqui.
Segundo as contagens paralelas disponíveis à hora do fecho do jornal *, Manuel de Araújo, apesar dos votos nas urnas terem baixado em 12%, o candidato da oposição fez subir os votos do renamista Latifo Xarifo em 2008, de 19.236 para a fasquia dos 22 mil votos, um aumento de 16%.
Mas foi sobretudo porque o eleitorado da Frelimo ficou em casa que Araújo ganhou. Em 2008 votaram em Pio Matos 24.201 apoiantes, enquanto Bico se deve situar na fasquia dos 13.500 votos, 56% por cento do “score” do edil que foi dado com “problemas do foro psiquiátrico”. Em aritmética simples, se os eleitores de Pio Matos tivessem ido votar, eram suficientes para derrotar Araújo.
Mas o que fez os quelimanenses ficarem em casa e sobretudo virarem a cara ao “cinzento” Bico, um empresário, que dizem os jornalistas que acompanharam a campanha, não terá falado mais de 15 minutos em toda a campanha?
Em primeiro lugar ainda ninguém percebeu a demissão de Pio Matos. Para além da conspiração Gruveta-Paúnde-Macuácua-Namashilua e das auditorias pouco ilustres às contas do município, ninguém sabe porque Pio teve que sair e expor a Frelimo a um verdadeiro hara-kiri político.
Nos aspectos seguintes, aventa-se a possibilidade de a Frelimo ter sido obrigada a ter de correr atrás do prejuízo inicial. Araújo, claramente um “candidato forte”, surpreendeu o partidão que, em desvantagem, tentou chamar à contenda o académico Manecas Morais, o director do pólo local de uma das universidades estatais do país. Depois da primeira nega, Bico terá sido literalmente empurrado para a candidatura, não gozando inicialmente nem sequer do apoio da comunidade muçulmana.
Dado que desde cedo se constatou que o candidato era “cavalo que não corria”, optou-se pela importação massiva da “Frelimo de Maputo” para vir dar uma ajuda em terras de machuabos. E lá veio Verónica Macamo, Filipe Paúnde, Manuel Tomé, José Pacheco e vários ministros de menor peso partidário. Até a governadora da cidade de Maputo e o edil da Matola vieram em excursão política a Quelimane. O que irritou ainda mais as hostes machuabos. Não só foram secundarizados nos problemas internos do partido como foram paternalisticamente tratados pela direcção comandista de Maputo. A partir daí foi o “deixa-andar” com um pesado “sindroma Bulha” transferido da Beira para Quelimane. Ou seja, os militantes públicos que no secretismo da urna de voto optaram pelo outro candidato ou, pura e simplesmente, não foram votar.
O resto são pecados antigos. Uso massivo de viaturas do Estado, uso de “sms” encomendados à operadora estatal para disseminação entre os utentes de telemóvel pós-pago, a população arregimentada em camiões de comício em comício, os consumidores de camisetes por troca com desfiles e passeatas partidárias.
A juntar a isso, algumas pérolas de campanha, como a descoberta da “família do candidato”, esquecendo-se a actual Frelimo que muito pouco tem a fazer a diferença no que à moral e aos costumes concerne. O mesmo desespero que em Cuamba teve o rótulo racial contra a candidata Maria Moreno, mais clara de pele que o candidato maçaroca, um comportamento autista de um partido que tem problemas em se olhar ao espelho e olhar para dentro do seu próprio guarda-fatos.
Aliás, em 1997, surpreendidos com o à vontade do candidato Phillipe Gagnaux no domínio dos vocábulos tsongas em Maputo, Manuel Tomé também decidiu usar a carta racial esquecendo-se da aliança no dedo, ou um indicativo que na Frelimo do capital o vale tudo e o maquiavelismo político está acima de todos os outros valores.
Por último, mas não menos importante, a Frelimo está habituada a lidar com a Renamo, um partido com muitos tiques semelhantes à Frelimo, muito populista e pouco dada a um trabalho de casa criterioso. Quelimane sempre esteve à mercê da oposição mas a Renamo foi completamente inepta em conseguir conquistar a cidade. A vitória de Araújo fica a dever-se em grande parte ao “trabalho operário” de Daviz Simango e os seus colaboradores que da Beira vieram apoiar a campanha do MDM na capital da Zambézia.
Resta agora saber, se se cumpre a segunda parte da profecia Pio Matos. Será que a cidade implantada à beira do Rio dos Bons Sinais vai ser mesmo governada por um machuabo que gosta realmente de Quelimane?
Araújo tem dois anos para responder a esse repto.
Fernando Lima, Savana, citado aqui.
No comments:
Post a Comment