Alguns indivíduos, porque se encontram próximos do poder político do dia, pensam que os seus governados são “matrecos”, nada percebem, por isso é “fácil” ludibriá-los, ninguém vai reclamar. Dizem eles que a força do voto é tudo. O que fazem já foi legitimado pelo povo eleitor. Os jovens que ainda não atingiram a maioridade eleitoral olham para nós com uma lágrima no canto do olho, como quem diz: “Não fomos nós, foram eles que elegeram estes homens que nos enganam”.
Maputo, Segunda-Feira, 21 de Novembro de 2011:: Notícias
Bem, volto à carga, porque penso que ninguém está satisfeito com as justificações que nos são dadas sobre a morte de Samora Machel. Penso que todos os moçambicanos querem e anseiam saber a verdade, apenas a verdade. O resto fica para lá. Muitas interrogações rodeiam a morte de Samora Machel, aquele que foi um homem do povo, um homem que pautava pela justiça justa e pela igualdade. Ele desejava o bem para todos. Ele que já estava a desenhar um futuro de economia de mercado, à maneira, para evitar que, nos tempos que correm, falemos de forma selvática da economia de mercado. Ora, meus concidadãos, por que motivo a verdade não vem ao de cima? Os discursos que até aqui foram proferidos são incongruentes, pois julgo que estão aquém da verdade. São discursos enganadores, porque dão a ideia de que algo está sendo feito.
Ninguém pode ter como argumento que mesmo assassinatos de estadistas, ocorridos na década de 60, ainda não tiveram explicação. Para nós, o que se diz é que o crime foi encomendado pelo “apartheid”. Pode ser que sim. Se isso corresponde à verdade, o que custa denunciar? Quem não conhece os mentores daquele regime estabelecido, oficialmente, na África do Sul em 1948?
Por que razões andamos em “pingue-pongue”? Por que têm medo de pôr o guizo ao gato? Correligionários de Samora Machel, de onde veio a encomenda? Para mim, a avaliar por aquilo que nos é permitido analisar, a morte não foi encomendada somente pelo regime segregacionista sul-africano de então. Há um mistério que só a coragem de quem de direito pode desvendar. Repito, o que nós, os cidadãos e compatriotas de Samora Machel, queremos saber é exclusivamente a verdade, apenas a verdade.
Se os correligionários de Samora estavam descontentes com o regime de que eles eram protagonistas, por que motivos não manifestavam abertamente? As palavras de uma das filhas de Samora Machel deram-me a ideia de que há roupa suja por lavar, internamente. Ao apontarmos o dedo acusador a outrem, diz o ditado, três apontam-nos. Espero que não tenha ofendido a quem quer que seja. Oh, pela boca morre o peixe, assim o disse um dos meus ídolos, Leite de Vasconcelos (que Deus o tenha em paz). Se este ano é dedicado a Samora Machel, então algo tem de ser feito e que dê resultados aceitáveis pela maioria. Chega de politiquices!
•Arlindo Oliveira
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