Sunday 6 November 2011

Pressionar até esburacar-se













O PASSEIO é um espaço concebido para o peão, enquanto o carro circula na faixa de rodagem. Mas, como uma nova maneira de ser e de estar, os carros na cidade do Maputo têm-se tornado inimigos dos passeios. Disputam-no com os peões e sempre vencem, com o peão reduzindo-se ao elo mais fraco e a ceder sempre e com ele essas infra-estruturas.


Maputo, Sábado, 5 de Novembro de 2011:: Notícias

Esta introdução vem, desta feita, a-propósito do que de há algum tempo a esta parte temos vindo a assistir, particularmente no passeio da Avenida 10 de Novembro, do lado da travessia para a Catembe, entre este ponto e o restaurante Water Front. O passeio em causa virou passarela de carros. O desfile é feito não só em função da marca e da potência da viatura, mas também da potência da aparelhagem sonora nela instalada.
São viaturas que, aos fins-de-semana, sobretudo, ficam “apinhadas” naquele passeio, enquanto os seus ocupantes refrescam. E ao ritmo do actual parque automóvel na cidade do Maputo, o passeio vai recebendo um número cada vez maior de viaturas, ao qual não deverá suportar por muito mais tempo. Aliás, o pavimento já denota alguns sinais de danificação por conta da pressão das viaturas que estacionam naquele espaço reservado a peões.
A coisa vai virando moda e parece que ninguém tem consciência de que essa atitude concorre para a destruição daquele lugar, igualmente exposto à acção da natureza: a água do mar com a força que lhe é reconhecida.
Ao que tudo indica, ninguém se preocupa em estancar a situação, a da pressão exercida por viaturas que perfilam ao longo do passeio. Não nos esqueçamos do que aconteceu no passeio da Marginal, entre o viaduto (depois da Escola Náutica) e o Clube Naval, onde foram gastos rios de dinheiro para recuperar o passeio destruído pela acção combinada da pressão de viaturas e da acção da água do mar.
Assim vamos assistindo, impávidos, à destruição dos passeios de uma das áreas mais paradisíacas e sensíveis da cidade do Maputo.
Antes, a situação era mais notória nos dias mortos, como feriados e fins-de-semana, mas nos últimos tempos, mesmo em pleno dia útil, o desfile de viaturas acontece. São coisas que vão acontecendo nesta cidade e que de tanto assistirmos deixam de ser estranhas. Achamos que é preciso uma “mão dura” contra os prevaricadores.

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