ENQUANTO OS POLÍTICOS AFRICANOS NÃO LIDERAM OUTROS OS SUBSTITUEM
A Globalização predadora é um dos resultados visíveis…
Do ocidente sopram ventos democráticos mas também suspeitos…
Todos os esforços de trazer desenvolvimento e resultados consistentes que transformem a vida de milhões de africanos, em quase todos os países, chocam com uma realidade de ausência de liderança.
Nossos presidentes e primeiros-ministros, altos funcionários governamentais e quase todos escalões do aparelho de administração pública funcionam e actuam segundo agendas que quase sempre são concebidas pelos doadores e seus especialistas.
A máquina governativa, o modelo posto em prática para gerir os recursos naturais de África são de concepção ocidental. Quando os primeiros países africanos se tornaram independentes abriram-se caminhos para uma nova era. Só que tal foi sendo adiado e adiado.
O poder político em África, com muito poucas excepções, tem sido utilizado pelos seus detentores, de instrumento para apropriação em regime de exclusividade das possibilidades nacionais.
A maioria vive numa pobreza atroz sem que se encontrem razões que o justifiquem. A soma combinada de recursos que África pode perfeitamente alimentar e providenciar para todo o tipo de necessidades de toda a sua população. Não há nenhum país depois que se possa considerar desprovido de recursos naturais com algum valor comercial. Mesmo onde não chove existe sal ou peixe, praias e uma outra coisa que atrai turistas do mundo inteiro. Se a pobreza em África não é por falta de recursos naturais e de condições para o desenvolvimento de uma agricultura mais produtiva, então qual é mesmo o problema? Qual é causa de toda esta situação constrangedora e inaceitável?
Porque que será que as águas de rios como o Limpopo e Zambeze, o Nilo e o Congo continuam a fluir para os oceanos sem que se tire partido do seu potencial para irrigar milhares de hectares de terra arável e assim acabar com a vergonha de termos milhares de somalis morrendo à fome esperando pela caridade internacional?
Décadas de governo próprio não se traduziram em melhorias e na capacidade de governar diligentemente nossos países. Está claro que nada acontece por acaso. Há interesses fortes que pretendem manter o status em África. Se a situação na Republica Democrática do Congo estabilizasse, e os congoleses tomassem o controlo efectivo de seus fabulosos recursos minerais, a Bélgica sofreria consequências directas, na medida em que teria que passar a pagar muito mais pelas suas importações originárias da RDC. O cobalto, diamantes e outras mercadorias exportadas pela RDC, se valorizados e as contrapartidas financeiras de sua extracção revertem-se para os cofres públicos, aquele país teria fundos mais do que suficientes para desenvolver a sua infra-estrutura pública. Poderia custear a saúde e educação sem recorrer a créditos internacionais.
Quem fala da RDC fala de Angola em que ex-militares ameaçam desencadear manifestações porque se sentem marginalizados e impossibilitados de levar uma vida digna depois da sua desmobilização ao abrigo de acordos de paz assinados entre os beligerantes na guerra civil. Quem fala de Angola poderia falar de Moçambique onde um dossier de ex-militares também permanece sem solução que os agrade.
A Primavera Árabe na África do Norte é um sinal claro de que ditaduras esclerosantes, mantida à custa de um aparato de segurança e intimidação que se considerava imbatível não funcionam nem estão seguras da fúria popular. Aquela avalanche de manifestações significa que onde se pensava que havia líderes de facto só existiam ditadores megalomaníacos, governando seus países como se tratasse de sua propriedade privada. Acumulando milhões de maneira ilícita à custa de negociatas dos recursos nacionais com corporações multinacionais julgavam que poderiam construir dinastias que jamais abandonariam o poder. Vitórias eleitorais de 98% na Tunísia e Egipto no passado de Bem Ali e Hosni Mubarak foram desmascaradas, os cidadãos rebelaram-se e as ditaduras caíram.
Kofi Anan antigo secretário-geral da ONU já se referiu a este assunto de falta ou ausência de liderança no continente. Na África Negra o cenário assemelha-se ao da África do Norte pois quase todos os que aqui governam, estão apegados ao poder, e não conseguem transformar a sua passagem pela presidência, numa oportunidade de reverter uma situação que reclamavam ser produto da colonização.
Embora a colonização tenha as suas “culpas no cartório” não se pode depois de décadas de independência continuar acusando os colonizadores. Quem mata os seus compatriotas já não é colonizador. Quem reprime e impede que concidadãos não tenham acesso e participem na vida política e económica de seus países já não vem de Lisboa ou Paris ou Londres.
Quem não se preparou, não aprendeu e não consegue discernir que África, os países, podem ser governados de maneira diferente e com benefícios para um número cada vez mais alargado de pessoas é que deve ser denunciado como o culpado da presente situação.
A falta de coesão ao nível da União Africana, um conjunto de organizações regionais montadas sem a firme vontade de reverter cenários mas como simples cópias de receitas oferecidas ou recomendadas, também não surtido os efeitos desejados.
A democracia política apregoada pelo ocidente, a cooperação “desinteressada” da Índia e China, a intervenção dos BRIC’s, o FMI/BM não estão trazendo nada de novo.
Saque continuado de recursos, adquiridos ao desbarato é o que “amigo” chinês e brasileiros fazem. De Londres chegam-nos manobras de fuga ao fisco de engenharia financeira digna de estudo. Pequenas corporações abrem o caminho, com prospecções e aquisição de direitos de exploração de carvão e outros minerais que depois são convenientes vendidos em Camberra ou em Adelaide, Londres ou Paris. Os países detentores dos recursos naturais não recebem nenhum centavo dessas operações bilionárias.
Só com realismo e algum sentido de nação, de respeito para com os concidadãos é se poderá esperar governar e liderar com os povos no centro da agenda. Há que rever conceitos e repensar com profundidade e sentido crítico o que se está passando entre nós.
Quando ditaduras caducas e senis teimam em manter-se no poder e uma corte de rapina se nega a aceitar resultados eleitorais como se viu na Costa do marfim e Zimbabwe é caso para dizer que o nosso problema é grave. Liderar, estimular e dinamizar acções que concorrem para o desenvolvimento é algo que só pode ser feito por políticos que estejam comprometidos com a democratização económica de África. Há que fazer os dirigentes governamentais entenderem que o país é mais do que sua família e que os recursos nacionais não podem continuar a ser abocanhados por uma meia dúzia de pessoas ligadas a eles.
A fraqueza negocial demonstrada pelos governos africanos torna o jogo das multinacionais possível.
Sem uma conjugação de esforços que leve a uma tomada de posição única negociar nossos recursos naturais continuará a ser muito complicado e com claras vantagens unilaterais para as multinacionais estrangeiras.
É preciso que entendamos, que novos países desenvolvidos, como o Brasil, África do Sul ou China, terão comportamento similar aos de governos como os da França, EUA, Reino Unido ou Bélgica, quando a questão na mesa for acederem aos nossos recursos naturais.
A globalização defendida em certos quadrantes, não está sendo mais do que uma maneira diferente de colonizar estados fracos.
É sabido que a arma dos fracos é a unidade mas onde há falta de liderança isso não acontece.
Houve experiências com algum sucesso de união política de esforços como a “Linha da Frente” mas logo que o objectivo político de independência dos países da região se concretizou, cada governo começou a “puxar a brasa para a sua sardinha”. É inaceitável que por exemplo o Zimbabwe impusesse tanta dificuldade na circulação dos moçambicanos sabido que é que inúmeros sacrifícios foram consentidos tanto pelo governo moçambicano como por cidadãos comuns de Moçambique na luta pelo fim regime racista de Ian Smith. Se há manifestações de xenofobia na África do Sul alguma coisa muito grave em termos de liderança existe. O ANC, partido governamental, passou grande parte dos anos de aparthied no exílio, em Moçambique, Angola, Tanzania, Zimbababwe, Europa e América. Como é Jacob Zuma e seus “camaradas” permitem a chacina de refugiados económicos e políticos?
Quem governa ou que é suposto estar governando pode fazer a diferença com simples actos.
No lugar de vermos nossos dirigentes governando com diligência e responsabilidade patriótica o que nos é dado a ver são escândalos sucessivos, relacionando governantes africanos com empresas fabricantes de armas no Ocidente ou outros governantes contrabandeando diamantes para a China. A preocupação de gente que está no governo e que deveria estar protegendo seus concidadãos é no geral manifestamente lesiva ao que se podem considerar interesses nacionais.
Quem em nome da globalização facilita a rapina de recursos naturais de nossos países não está de maneira alguma liderando…
Há tudo para se aproveitar a Primavera Árabe e acelerar a democratização política de África ao mesmo tempo que se estabelecem regras de jogo diferentes para a exploração dos recursos africanos. O mínimo que devemos fazer em memória dos milhões que se sacrificaram nesta África, é trabalhar para que nossas sociedades sejam mais justas, desenvolvidas, tolerantes e fortes…
Noé Nhantumbo. Confira aqui!
A Globalização predadora é um dos resultados visíveis…
Do ocidente sopram ventos democráticos mas também suspeitos…
Todos os esforços de trazer desenvolvimento e resultados consistentes que transformem a vida de milhões de africanos, em quase todos os países, chocam com uma realidade de ausência de liderança.
Nossos presidentes e primeiros-ministros, altos funcionários governamentais e quase todos escalões do aparelho de administração pública funcionam e actuam segundo agendas que quase sempre são concebidas pelos doadores e seus especialistas.
A máquina governativa, o modelo posto em prática para gerir os recursos naturais de África são de concepção ocidental. Quando os primeiros países africanos se tornaram independentes abriram-se caminhos para uma nova era. Só que tal foi sendo adiado e adiado.
O poder político em África, com muito poucas excepções, tem sido utilizado pelos seus detentores, de instrumento para apropriação em regime de exclusividade das possibilidades nacionais.
A maioria vive numa pobreza atroz sem que se encontrem razões que o justifiquem. A soma combinada de recursos que África pode perfeitamente alimentar e providenciar para todo o tipo de necessidades de toda a sua população. Não há nenhum país depois que se possa considerar desprovido de recursos naturais com algum valor comercial. Mesmo onde não chove existe sal ou peixe, praias e uma outra coisa que atrai turistas do mundo inteiro. Se a pobreza em África não é por falta de recursos naturais e de condições para o desenvolvimento de uma agricultura mais produtiva, então qual é mesmo o problema? Qual é causa de toda esta situação constrangedora e inaceitável?
Porque que será que as águas de rios como o Limpopo e Zambeze, o Nilo e o Congo continuam a fluir para os oceanos sem que se tire partido do seu potencial para irrigar milhares de hectares de terra arável e assim acabar com a vergonha de termos milhares de somalis morrendo à fome esperando pela caridade internacional?
Décadas de governo próprio não se traduziram em melhorias e na capacidade de governar diligentemente nossos países. Está claro que nada acontece por acaso. Há interesses fortes que pretendem manter o status em África. Se a situação na Republica Democrática do Congo estabilizasse, e os congoleses tomassem o controlo efectivo de seus fabulosos recursos minerais, a Bélgica sofreria consequências directas, na medida em que teria que passar a pagar muito mais pelas suas importações originárias da RDC. O cobalto, diamantes e outras mercadorias exportadas pela RDC, se valorizados e as contrapartidas financeiras de sua extracção revertem-se para os cofres públicos, aquele país teria fundos mais do que suficientes para desenvolver a sua infra-estrutura pública. Poderia custear a saúde e educação sem recorrer a créditos internacionais.
Quem fala da RDC fala de Angola em que ex-militares ameaçam desencadear manifestações porque se sentem marginalizados e impossibilitados de levar uma vida digna depois da sua desmobilização ao abrigo de acordos de paz assinados entre os beligerantes na guerra civil. Quem fala de Angola poderia falar de Moçambique onde um dossier de ex-militares também permanece sem solução que os agrade.
A Primavera Árabe na África do Norte é um sinal claro de que ditaduras esclerosantes, mantida à custa de um aparato de segurança e intimidação que se considerava imbatível não funcionam nem estão seguras da fúria popular. Aquela avalanche de manifestações significa que onde se pensava que havia líderes de facto só existiam ditadores megalomaníacos, governando seus países como se tratasse de sua propriedade privada. Acumulando milhões de maneira ilícita à custa de negociatas dos recursos nacionais com corporações multinacionais julgavam que poderiam construir dinastias que jamais abandonariam o poder. Vitórias eleitorais de 98% na Tunísia e Egipto no passado de Bem Ali e Hosni Mubarak foram desmascaradas, os cidadãos rebelaram-se e as ditaduras caíram.
Kofi Anan antigo secretário-geral da ONU já se referiu a este assunto de falta ou ausência de liderança no continente. Na África Negra o cenário assemelha-se ao da África do Norte pois quase todos os que aqui governam, estão apegados ao poder, e não conseguem transformar a sua passagem pela presidência, numa oportunidade de reverter uma situação que reclamavam ser produto da colonização.
Embora a colonização tenha as suas “culpas no cartório” não se pode depois de décadas de independência continuar acusando os colonizadores. Quem mata os seus compatriotas já não é colonizador. Quem reprime e impede que concidadãos não tenham acesso e participem na vida política e económica de seus países já não vem de Lisboa ou Paris ou Londres.
Quem não se preparou, não aprendeu e não consegue discernir que África, os países, podem ser governados de maneira diferente e com benefícios para um número cada vez mais alargado de pessoas é que deve ser denunciado como o culpado da presente situação.
A falta de coesão ao nível da União Africana, um conjunto de organizações regionais montadas sem a firme vontade de reverter cenários mas como simples cópias de receitas oferecidas ou recomendadas, também não surtido os efeitos desejados.
A democracia política apregoada pelo ocidente, a cooperação “desinteressada” da Índia e China, a intervenção dos BRIC’s, o FMI/BM não estão trazendo nada de novo.
Saque continuado de recursos, adquiridos ao desbarato é o que “amigo” chinês e brasileiros fazem. De Londres chegam-nos manobras de fuga ao fisco de engenharia financeira digna de estudo. Pequenas corporações abrem o caminho, com prospecções e aquisição de direitos de exploração de carvão e outros minerais que depois são convenientes vendidos em Camberra ou em Adelaide, Londres ou Paris. Os países detentores dos recursos naturais não recebem nenhum centavo dessas operações bilionárias.
Só com realismo e algum sentido de nação, de respeito para com os concidadãos é se poderá esperar governar e liderar com os povos no centro da agenda. Há que rever conceitos e repensar com profundidade e sentido crítico o que se está passando entre nós.
Quando ditaduras caducas e senis teimam em manter-se no poder e uma corte de rapina se nega a aceitar resultados eleitorais como se viu na Costa do marfim e Zimbabwe é caso para dizer que o nosso problema é grave. Liderar, estimular e dinamizar acções que concorrem para o desenvolvimento é algo que só pode ser feito por políticos que estejam comprometidos com a democratização económica de África. Há que fazer os dirigentes governamentais entenderem que o país é mais do que sua família e que os recursos nacionais não podem continuar a ser abocanhados por uma meia dúzia de pessoas ligadas a eles.
A fraqueza negocial demonstrada pelos governos africanos torna o jogo das multinacionais possível.
Sem uma conjugação de esforços que leve a uma tomada de posição única negociar nossos recursos naturais continuará a ser muito complicado e com claras vantagens unilaterais para as multinacionais estrangeiras.
É preciso que entendamos, que novos países desenvolvidos, como o Brasil, África do Sul ou China, terão comportamento similar aos de governos como os da França, EUA, Reino Unido ou Bélgica, quando a questão na mesa for acederem aos nossos recursos naturais.
A globalização defendida em certos quadrantes, não está sendo mais do que uma maneira diferente de colonizar estados fracos.
É sabido que a arma dos fracos é a unidade mas onde há falta de liderança isso não acontece.
Houve experiências com algum sucesso de união política de esforços como a “Linha da Frente” mas logo que o objectivo político de independência dos países da região se concretizou, cada governo começou a “puxar a brasa para a sua sardinha”. É inaceitável que por exemplo o Zimbabwe impusesse tanta dificuldade na circulação dos moçambicanos sabido que é que inúmeros sacrifícios foram consentidos tanto pelo governo moçambicano como por cidadãos comuns de Moçambique na luta pelo fim regime racista de Ian Smith. Se há manifestações de xenofobia na África do Sul alguma coisa muito grave em termos de liderança existe. O ANC, partido governamental, passou grande parte dos anos de aparthied no exílio, em Moçambique, Angola, Tanzania, Zimbababwe, Europa e América. Como é Jacob Zuma e seus “camaradas” permitem a chacina de refugiados económicos e políticos?
Quem governa ou que é suposto estar governando pode fazer a diferença com simples actos.
No lugar de vermos nossos dirigentes governando com diligência e responsabilidade patriótica o que nos é dado a ver são escândalos sucessivos, relacionando governantes africanos com empresas fabricantes de armas no Ocidente ou outros governantes contrabandeando diamantes para a China. A preocupação de gente que está no governo e que deveria estar protegendo seus concidadãos é no geral manifestamente lesiva ao que se podem considerar interesses nacionais.
Quem em nome da globalização facilita a rapina de recursos naturais de nossos países não está de maneira alguma liderando…
Há tudo para se aproveitar a Primavera Árabe e acelerar a democratização política de África ao mesmo tempo que se estabelecem regras de jogo diferentes para a exploração dos recursos africanos. O mínimo que devemos fazer em memória dos milhões que se sacrificaram nesta África, é trabalhar para que nossas sociedades sejam mais justas, desenvolvidas, tolerantes e fortes…
Noé Nhantumbo. Confira aqui!
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