A verdade manda dizer que não é preciso um relatório do PNUD sobre Índice de Desenvolvimento Humano para aferir que as coisas no país do “deixa-andar”, do “combate a pobreza absoluta” e do “povo maravilhoso” podem estar a caminhar para todas direcções, menos rumo ao desenvolvimento efectivo dos moçambicanos que elegem as pessoas responsáveis pelas políticas que traçam o rumo do país.
Por isso, no nosso entender, a resposta do Governo à posição de Moçambique não devia ser, de forma nenhuma, a contestação dos métodos de análise, os quais, diga-se, não estão livres do erro. Contudo, é um absurdo do tamanho do mundo barafustarmos porque acreditamos que somos melhores do que países medíocres. O que seria sensato e normal era arregaçarmos as mangas e lutarmos para inverter a situação. Até porque este não é o último IDH.
Se perguntarmos aos nacionais, sobretudo aos que habitam no país real, o que melhorou na vida deles, nos últimos anos, as respostas seriam capazes de corar de vergonha os que papagueiam sistematicamente o discurso da fragilização de isto e mais aquilo. Actualmente, nas farmácias estatais só é possível encontrar paracetamol e amoxixilina. Os materiais de construção – embora o preço do cimento tenha baixado ligeiramente – estão cada vez mais caros.
Num passado recente, o número de autocarros era maior e as pessoas chegavam ao destino sem muitas ligações e, melhor, poupavam mais dinheiro. Hoje, as carrinhas de caixa aberta, no caso do rosto do país, a cidade de Maputo, tomaram de assalto as avenidas e os bolsos do cidadão comum, aquele que faz contas para viver 30 dias com um salário mísero, o qual por questões de decoro preferem chamar mínimo. Dito de outro modo, hoje não só somos transportados como animais, mas também temos cada vez menos alternativas.
O pão perdeu peso. O arroz está mais caro e os consumidores não têm nenhum tipo de protecção. A situação do gás é das coisas mais vergonhosas que o país vive. Em 2006 prometeram uma refi naria por causa de uma crise do gás de cozinha, mas, até hoje, ninguém tugiu e nem mugiu em relação ao assunto. A refinaria que seria parida em 20 meses, frise-se, acabou se transformando num aborto bem sucedido na clandestina clínica da nossa autoestima.
De aborto em aborto, o gás segue, debaixo dos nossos pés, inexorável o seu percurso para o país vizinho. Nós, os pobres de sempre, aqueles que não têm voz e nem vez, continuamos impotentes e sem consciência de que, em alguns aspectos, somos mais empobrecidos do que pobres.
Em Moçambique, um país com uma crítica, frágil e alienada, que não tem resultados nem qualquer estratégia de combate no domínio preventivo, que é um país onde se desprezam os contributos dos não alinhados e se governamentalizam as estatísticas, o mero debate sobre o IDH é um caso político muito complicado. Fica a espuma das asneiras, do confronto à volta dos métodos, a conversa de sempre, o jogo do avança-recua. Baralha-se para se voltar a dar um dia destes. Há 36 anos que é assim, há 36 anos que não se sai disto! Há vinte anos que querem que nos contentemos com a ideia patriótica de que, afi nal, não somos assim tão maus neste campeonato do desenvolvimento humano ou que não se deve gritar muito alto coisas que podem deixar mal o país lá fora. Pois sim...
Por isso, no nosso entender, a resposta do Governo à posição de Moçambique não devia ser, de forma nenhuma, a contestação dos métodos de análise, os quais, diga-se, não estão livres do erro. Contudo, é um absurdo do tamanho do mundo barafustarmos porque acreditamos que somos melhores do que países medíocres. O que seria sensato e normal era arregaçarmos as mangas e lutarmos para inverter a situação. Até porque este não é o último IDH.
Se perguntarmos aos nacionais, sobretudo aos que habitam no país real, o que melhorou na vida deles, nos últimos anos, as respostas seriam capazes de corar de vergonha os que papagueiam sistematicamente o discurso da fragilização de isto e mais aquilo. Actualmente, nas farmácias estatais só é possível encontrar paracetamol e amoxixilina. Os materiais de construção – embora o preço do cimento tenha baixado ligeiramente – estão cada vez mais caros.
Num passado recente, o número de autocarros era maior e as pessoas chegavam ao destino sem muitas ligações e, melhor, poupavam mais dinheiro. Hoje, as carrinhas de caixa aberta, no caso do rosto do país, a cidade de Maputo, tomaram de assalto as avenidas e os bolsos do cidadão comum, aquele que faz contas para viver 30 dias com um salário mísero, o qual por questões de decoro preferem chamar mínimo. Dito de outro modo, hoje não só somos transportados como animais, mas também temos cada vez menos alternativas.
O pão perdeu peso. O arroz está mais caro e os consumidores não têm nenhum tipo de protecção. A situação do gás é das coisas mais vergonhosas que o país vive. Em 2006 prometeram uma refi naria por causa de uma crise do gás de cozinha, mas, até hoje, ninguém tugiu e nem mugiu em relação ao assunto. A refinaria que seria parida em 20 meses, frise-se, acabou se transformando num aborto bem sucedido na clandestina clínica da nossa autoestima.
De aborto em aborto, o gás segue, debaixo dos nossos pés, inexorável o seu percurso para o país vizinho. Nós, os pobres de sempre, aqueles que não têm voz e nem vez, continuamos impotentes e sem consciência de que, em alguns aspectos, somos mais empobrecidos do que pobres.
Em Moçambique, um país com uma crítica, frágil e alienada, que não tem resultados nem qualquer estratégia de combate no domínio preventivo, que é um país onde se desprezam os contributos dos não alinhados e se governamentalizam as estatísticas, o mero debate sobre o IDH é um caso político muito complicado. Fica a espuma das asneiras, do confronto à volta dos métodos, a conversa de sempre, o jogo do avança-recua. Baralha-se para se voltar a dar um dia destes. Há 36 anos que é assim, há 36 anos que não se sai disto! Há vinte anos que querem que nos contentemos com a ideia patriótica de que, afi nal, não somos assim tão maus neste campeonato do desenvolvimento humano ou que não se deve gritar muito alto coisas que podem deixar mal o país lá fora. Pois sim...
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