Há situações que envergonham por si quem as determina e quem delas é vítima. A isenção concedida aos mega-projectos, apresentada semana passada no Parlamento, é desse jaez.
Se estivermos atentos aos dados fornecidos por fontes alheias à propaganda dos que nos governam ficamos envergonhados com o lugar que nos cabe: povo humilde, subserviente e burrificado. Aqueles que, como nós, nada mandam e a todos os “mandos” devem obediência, também se devem sentir envergonhados.
O pior, no meio desta fantochada, é que partidos como MDM e Renamo, os quais defendiam ferozmente, pelo menos publicamente, a renegociação dos mega-projectos mudaram de posição do dia para a noite.
Efectivamente, na hora de demonstrar o quão detestam, deploram e descordam de tais isenções guardaram a dignidade, a rectidão e os escrúpulos num picador de papel. Consenso assim, só na altura dos Navarras e dos aumentos principescos de que beneficiam anualmente os ilustres deputados.
Nós sentimos vergonha. Não adianta dizer que não mandamos em nada. Todos juntos mandamos muito mais do que aqueles que nos mandam.
Se os olhássemos de frente e lhes disséssemos que basta, que queremos ser respeitados, que não estamos dispostos a viver eternamente à espera de promessas, se não aceitássemos desculpas, se batêssemos o pé a cada tentativa de nos esmagarem com taxas de lucro máximo, com o desbaratamento dos nossos recursos e com tantas outras coisas que todos os dias nos barram o caminho sempre que precisamos de um despacho, outro galo cantaria.
Se disséssemos um rotundo NÃO àquilo que não compreendemos porque nos é imposto, ao arroz de terceira qualidade, à crise do gás e do pão, do transporte e do óleo, da farinha e do tomate, do habitação ao acesso aos cuidados de saúde, se em suma exigíssemos ser respeitados enquanto sujeitos de direitos face a esses que se julgam autorizados pelo voto a fazer tudo e mais alguma coisa, poderíamos estar seguros de que teríamos um país melhor.
É tempo de fazermos alguma coisa diante desta promiscuidade política. As eleições estão à porta e temos uma oportunidade ímpar de demonstrar o nosso descontentamento. Não é segredo para ninguém que paira um sentimento de insegurança generalizado devido à possível manifestação dos desmobilizados, à fuga de cadastrados das celas de um comando policial e a essa eventual prostituição judicial.
Portanto, hoje mais do que nunca, há uma necessidade inadiável de nos levantarmos contra esse estado letárgico de coisas que tem manifestamente favorecido as mesmas gravatas de sempre e sistematicaticamente excluído, marginalizado e asfixiado no marasmo existencial a larga maioria dos “apátridas” nacionais.
Editorial, A Verdade
Se estivermos atentos aos dados fornecidos por fontes alheias à propaganda dos que nos governam ficamos envergonhados com o lugar que nos cabe: povo humilde, subserviente e burrificado. Aqueles que, como nós, nada mandam e a todos os “mandos” devem obediência, também se devem sentir envergonhados.
O pior, no meio desta fantochada, é que partidos como MDM e Renamo, os quais defendiam ferozmente, pelo menos publicamente, a renegociação dos mega-projectos mudaram de posição do dia para a noite.
Efectivamente, na hora de demonstrar o quão detestam, deploram e descordam de tais isenções guardaram a dignidade, a rectidão e os escrúpulos num picador de papel. Consenso assim, só na altura dos Navarras e dos aumentos principescos de que beneficiam anualmente os ilustres deputados.
Nós sentimos vergonha. Não adianta dizer que não mandamos em nada. Todos juntos mandamos muito mais do que aqueles que nos mandam.
Se os olhássemos de frente e lhes disséssemos que basta, que queremos ser respeitados, que não estamos dispostos a viver eternamente à espera de promessas, se não aceitássemos desculpas, se batêssemos o pé a cada tentativa de nos esmagarem com taxas de lucro máximo, com o desbaratamento dos nossos recursos e com tantas outras coisas que todos os dias nos barram o caminho sempre que precisamos de um despacho, outro galo cantaria.
Se disséssemos um rotundo NÃO àquilo que não compreendemos porque nos é imposto, ao arroz de terceira qualidade, à crise do gás e do pão, do transporte e do óleo, da farinha e do tomate, do habitação ao acesso aos cuidados de saúde, se em suma exigíssemos ser respeitados enquanto sujeitos de direitos face a esses que se julgam autorizados pelo voto a fazer tudo e mais alguma coisa, poderíamos estar seguros de que teríamos um país melhor.
É tempo de fazermos alguma coisa diante desta promiscuidade política. As eleições estão à porta e temos uma oportunidade ímpar de demonstrar o nosso descontentamento. Não é segredo para ninguém que paira um sentimento de insegurança generalizado devido à possível manifestação dos desmobilizados, à fuga de cadastrados das celas de um comando policial e a essa eventual prostituição judicial.
Portanto, hoje mais do que nunca, há uma necessidade inadiável de nos levantarmos contra esse estado letárgico de coisas que tem manifestamente favorecido as mesmas gravatas de sempre e sistematicaticamente excluído, marginalizado e asfixiado no marasmo existencial a larga maioria dos “apátridas” nacionais.
Editorial, A Verdade
No comments:
Post a Comment