Sunday, 27 June 2010

Moçambique/35 anos: Independência ainda não satisfez expectativas criadas na altura, moçambicanos na diáspora

Os 35 anos de independência de Moçambique, não trouxeram aos moçambicanos aquilo que eram as expectativas na altura, lamentou o presidente da Casa de Moçambique em Portugal, Evaristo Enoque João.
Em declarações à Lusa por ocasião dos 35 anos sobre à proclamação da Independência Nacional, o responsável disse ser “frustrante” constatar que, passadas mais de três décadas, a soberania do país "não está a trazer aos irmãos moçambicanos, que sofrem, aquilo que estávamos à espera”.
O presidente da direcção da Casa de Moçambique, uma entidade de solidariedade social, reconhece que o país “alcançou bastante” desde a sua independência, mas considera que a “falta de união, de fraternidade entre o povo moçambicano” e a existência de “certos setores recalcados da sociedade” impedem que o país consiga "avançar ainda mais".
“O meu país precisa de estar mais unido na luta contra a pobreza, que apesar de ser falado muitas vezes, na prática não existe. Mais unido também em termos de ideias que vêm de fora e que podem potenciar o desenvolvimento e progresso do país”, advogou.
Para Enoque João, a diáspora moçambicana – que “lamentavelmente continua a ser esquecida” – pode ajudar Moçambique a “crescer de uma forma muito mais sustentada” e desempenhar um papel importante “na criação de pontes de investimento no país, que ajudem a criar emprego”.
“Mas para que isso aconteça é importante que o Governo abra portas a instituições como a Casa de Moçambique, para que possamos fazer esse trabalho”, defendeu.
Para o responsável, não basta apenas falar em empreendorismo, “é preciso abrir caminhos para que possamos ser empreendedores”, assim como “não basta formar quadros, se esses doutores e engenheiros não tem onde ir e mostrar o que apreenderam”.
“O presidente Guebuza chama-nos, mas é também preciso que outros ministros nos abram as portas, o que não acontece”, acrescentou, lamentando o facto de ainda hoje existir “uma certa animosidade com os moçambicanos que vieram para Portugal, o país colonializador”.
Conta que quando volta ao seu país, já não é visto como moçambicano.
“Dizem que sou tuga. É triste, porque é dito no sentido mais depreciativo. Lutou-se pela independência, mas agora é entre nós que nos magoamos”, lamentou.
Destacou o facto de, em 2004, a disporá moçambicana em Portugal ter tido, pela primeira vez, a oportunidade de votar e eleger um deputado, uma “vitória importante que mostrou a nossa moçambicanidade".
“É importante que haja moçambicanidade, é preciso dar, mas o país também tem de estar aberto para receber essa ajuda, e não ver a diáspora como um empecilho”, salientou Enoque João.

RM/Lusa

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