Friday, 18 June 2010

Acentos nos assuntos

Bachir: fumos e fogos

Porque já muito foi sobre isso dito e escrito, não vou recordar aqui o que aconteceu, quando semanas atrás, os Estados Unidos citaram um dos mais conhecidos empresários moçambicanos por alegado narcotráfico. Chama-se, se disso o leitor necessitar de ser lembrado, Momed Bachir Sulemane, cujo império dista hoje anos luz do gatinhar commercial com que se lançou como empresário há

tempos lançado em Nampula. Como disse, não vou recordar o que aconteceu, as reacções do visado, media e analistas e a (des)conferência que em nada acrescentou ao primeiro anúncio. Prefiro recordar , isso sim, que não é,lamentavelmente, novidade que Moçambique apareça no centro de alegações relacionadas com o narcotráfico internacional . Disso encarregaram-se relatórios e descobertas fantásticas de fabricas, fabriquetas, 'peixe miúdo' mas nunca os donos, os chefes, os barões e os que mandam, os que matam - porque droga, ainda que não sendo SIDA, mata. Imenso. Prefiro recordar que pouco tem sido feito face a tais estórias e estorietas - há até quem fale de droga encontrada no interior de equipamento audio-visual - pouco se fez, como sabiamente apontam Paul Fauvet, da Agência de Informação de Moçambique, Marcelo Mosse, do Centro de Integridade Pública, e o empresário e analista Amade Camal , ent re outros. Pelo contrário. Sem grandes sofisticações, com um atrevimento a arranhar o obsceno até, as redes de narcot ráf ico internacionais vão consolidando o ínfame estatuto de 'entreposto' atribuído ao nosso país. Basta a este propósito lêr o estudo do jornalista Luis Nhachote. Assim, para muitos o melhor é assobiar para o lado. Ou porque os bolsos falam mais alto, ou por saberem que para já a luta afigura-se inglória. Especialmente quando já jazem por aí muitos heróis mortos. E enterrados. Sem direito a salva de canhões!


Mundial de Futebol e os centavos Que vamos ganhando


Continua aincomodar -me , sobremaneira a maneira, infeliz e condenável, como conseguimos não tirar partido do Mundial de Futebol, que, desde semana passada, decorre mesmo aqui no vizinho. O que aconteceu ou melhor o que não aconteceu será a expressão, a manifestação mais alta e fiel desse verbo tão moçambicano que é 'desconseguir'. Ou, como alguem diria, um exemplo para as enciclopédias de que como 'arrancar uma derrota das mãos da vitória'. Já sabíamos do Mundial desde 2004. Tivemos seis anos para nos prepararmos, para nos municiarmos de modo a beneficiarmo-nos dos jogos de preparação, da chegada em massa de espectadores e potenciais turistas á região, enfim. A verdade, porém, é que o Estádio Nacional anda de greve em greve, como anda o famoso Aeoroporto. O único consolo, que nos resta, são os centavos que vão entrando por via das bandeirinhas, vuvuzelas e cachecóis. Com um sorriso, lá nos vamos apertando e vibrando diante das montras dos estabelecimentos comerciais que, car idosamente, resolveram deixar os televisores ligados e sintonizados a canais de televisão que passam os jogos.


Eleuterio Finita, no Wamphula Fax de 16/06/10, citado no Diário de um Soci ólogo

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