Thursday, 29 September 2011

Problemática de análise crítica

SR. DIRECTOR!

Esta nossa sociedade é complicada, aliás, penso que qualquer sociedade o é, portanto, a nossa não é fácil de entendê-la nem agradá-la. Muito menos é fácil falar sobre ela, sem que os iluminados, os sábios cá da nossa praça, nos conotem com esta ou aquela cor. Pintam os outros como querem, esperam que se fale de boas notícias, quando o que temos à nossa volta são somente acidentes/desastres, ou seja, nem só de boas novas vive o país.

Maputo, Quinta-Feira, 29 de Setembro de 2011:: Notícias


Acham que se deve gritar aos quatro ventos que o país não tem problemas e que tudo está bem, quando eles sabem que não é bem assim! Dizem que os outros são apóstolos da desgraça, quando apontam aquele/a, outro/a erro/falha, neste e naquele domínio no seio da sociedade, seja este domínio, o político, o económico, o desportivo, o religioso, o escolar, o social, etc. Pensam eles ou querem mesmo que os moçambicanos não desenvolvam o sentido de análise crítica, eles apontam o dedo e dizem que esses são inimigos do povo, do desenvolvimento, do bem-estar. Será?!
Meus senhores esclareçam-me, por que é que em Moçambique formular uma análise crítica é mal visto? Por que é que se aponta o dedo de forma jocosa àqueles que fazem a análise crítica de diversos fenómenos que ocorrem na nossa sociedade? Até que ponto os que criticam são menos patriotas que os outros? Pois, para mim, somos todos filhos deste Moçambique, Pátria Amada, mesmo que tenhamos pontos de vista diferentes no que se refere ao que acontece nesta terra. A verdade é que todos querem ver Moçambique alcançar altos índices de desenvolvimento, que venha a beneficiar todo o moçambicano do Norte a Sul de Este a Oeste. O que pode acontecer, é as pessoas terem pontos de vista divergentes de como isto se deve fazer, é só isso, nada mais. Daí não ver a razão para desconfianças e repúdios quando alguém expressa publicamente o que pensa, desde que não ofenda a ninguém.
Tudo isto vem a propósito dos recém terminados X Jogos Africanos que depois da sua inauguração muitos apareceram a crucificar e não foram criticar aqueles que tiveram um olhar crítico no que estava a acontecer quanto à preparação das infra-estruturas e mesmo das várias selecções que representariam Moçambique, para além de toda logística que asseguraria o bom andamento dos jogos. Ora, o que os “anti-críticos” se esqueceram é que Moçambique estava atrasado nessa preparação a todos os níveis, o que ainda falha na sua análise, é que todos os que criticaram positivamente, na minha opinião, sobre como as coisas estavam a decorrer, ajudaram a acordar o Governo e o respectivo comité organizador para que o trabalho fosse levado a bom porto. O olhar vesgo no sentido de análise dos anti-críticos esqueceu-se deste detalhe. Caros compatriotas, este país precisa sim, na minha opinião, de uma massa crítica responsável que esteja atenta e pronta a apontar as falhas, excessos, as mazelas nos diferentes sectores da nossa sociedade e também a elogiar quando for o caso.
E eu penso que os moçambicanos de todos os estratos sociais e categorias, políticos e apolíticos deveriam habituar-se cada vez mais a conviver com a crítica, afinal em tempos de inebriamento revolucionário neste país falou-se muito da prática da crítica e autocrítica. Onde foi morrer este espírito? É só pegar na história deste país e verificar que este modelo de fazer a política e se construir este país era uma das marcas do sistema político de então, mas hoje há quem tenta negar o desenvolvimento destas capacidades no moçambicano. Sinceramente, haja tolerância!
Antes de terminar posso congratular Moçambique e os moçambicanos, o Governo e o Comité Organizador dos Jogos Africanos (COJA) por terem superado na organização dos X Jogos Africanos 2011, parabéns! Até mais...

Joel Hamba Jr.

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