Os dirigentes e agentes desportivos, sobretudo os que verdadeiramente mandam no desporto e quejandos não têm qualquer legitimidade – enquanto não apoiarem os atletas e criarem políticas desportivas consentâneas com a realidade – para lhes exigir qualquer medalha que seja, quanto mais 19!
Esses senhores terão alguma legitimidade para mandar dar o sangue, quando vivem à grande e à francesa, enquanto o material desportivo chega um dia antes das provas iniciarem? Quando a Vila Olímpica fica sem água? Quando não há papel higiénico? Quando não há medalhas? Quando chegam bicicletas no dia da competição? Quando não há salas de imprensa espalhadas pelos recintos de competição? quando a pista do Estádio Nacional está em obras? Quando há filas enormes no refeitório? Quando não há informação em tempo real?
Afinal o que condicionou a chegada tardia dos equipamentos? De quem é a culpa? Será do deixa andar tradicional ou este terá sido substituído pelo doutoramento em partilha de méritos alheios, porém mantendo a sua característica essencial de refúgio e esconderijo da incompetência e dos incompetentes, escondendo nas suas rotinas as razões de ser dos comportamentos e permitindo a perpetuação, por mera inércia, de actos e factos há muito despropositados e inúteis – ou até nocivos ao país e que não podem ser mascarados com um punhado de medalhas.
Ao mesmo tempo, os mestres de feitos alheios encadeiam uma série de actos impessoais e automáticos em que se diluem as responsabilidades e que tornam quase impossível responsabilizar os verdadeiros autores de cada conquista, gerando uma sensação de trabalho árduo de quem nada contribuiu para alcançar o sucesso.
Fica sempre bem pousar na fotografia e mostrar, para quem quiser ver, que as medalhas são fruto de um trabalho aturado de TODOS; e que TODOS estão comprometidos com os atletas. Mas isso não é verdade e a prova maior é que as campeãs de basquetebol, nos Jogos Africanos do Cairo, só agora é que receberam os prémios, passados 20 anos. Um país que trata desta forma os seus campeões tem outras preocupações e essas, diga-se, não passam pela educação, saúde e muito menos pelo desporto.
Por isso, se os nossos atletas não conquistam mais medalhas não é por inércia. É, em muitos casos, a escassez de meios materiaisque impede que eles façam mais.
Quem quiser ver, verá que por trás de uma conquista exemplar (e até invejada no estrangeiro) existe uma realidade que pouco tem a ver com o contributo de dirigentes desportivos, Governo e o Ministério da Juventude e Desportos.
PS: Não foram os atletas que tomaram as péssimas opções de em relação aos Jogos. Não foram eles que descontrolaram os orçamentos e que fizeram as contabilidades criativas. Não foram eles que desbarataram o material desportivo. Não foram eles que mentiram reiteradamente anunciando que as coisas estavam a melhorar quando só pioravam, gritando que os resultados em tempo real seriam um facto. Não foram eles que asfixiaram o calendário num labirinto burocrático. Por isso, agora que conquistaram medalhas não nos digam que estão todos no mesmo barco. Não lhes falem em méritos colectivos. Eles estão fartos de maquilhar a vossa incompetência.
Esses senhores terão alguma legitimidade para mandar dar o sangue, quando vivem à grande e à francesa, enquanto o material desportivo chega um dia antes das provas iniciarem? Quando a Vila Olímpica fica sem água? Quando não há papel higiénico? Quando não há medalhas? Quando chegam bicicletas no dia da competição? Quando não há salas de imprensa espalhadas pelos recintos de competição? quando a pista do Estádio Nacional está em obras? Quando há filas enormes no refeitório? Quando não há informação em tempo real?
Afinal o que condicionou a chegada tardia dos equipamentos? De quem é a culpa? Será do deixa andar tradicional ou este terá sido substituído pelo doutoramento em partilha de méritos alheios, porém mantendo a sua característica essencial de refúgio e esconderijo da incompetência e dos incompetentes, escondendo nas suas rotinas as razões de ser dos comportamentos e permitindo a perpetuação, por mera inércia, de actos e factos há muito despropositados e inúteis – ou até nocivos ao país e que não podem ser mascarados com um punhado de medalhas.
Ao mesmo tempo, os mestres de feitos alheios encadeiam uma série de actos impessoais e automáticos em que se diluem as responsabilidades e que tornam quase impossível responsabilizar os verdadeiros autores de cada conquista, gerando uma sensação de trabalho árduo de quem nada contribuiu para alcançar o sucesso.
Fica sempre bem pousar na fotografia e mostrar, para quem quiser ver, que as medalhas são fruto de um trabalho aturado de TODOS; e que TODOS estão comprometidos com os atletas. Mas isso não é verdade e a prova maior é que as campeãs de basquetebol, nos Jogos Africanos do Cairo, só agora é que receberam os prémios, passados 20 anos. Um país que trata desta forma os seus campeões tem outras preocupações e essas, diga-se, não passam pela educação, saúde e muito menos pelo desporto.
Por isso, se os nossos atletas não conquistam mais medalhas não é por inércia. É, em muitos casos, a escassez de meios materiaisque impede que eles façam mais.
Quem quiser ver, verá que por trás de uma conquista exemplar (e até invejada no estrangeiro) existe uma realidade que pouco tem a ver com o contributo de dirigentes desportivos, Governo e o Ministério da Juventude e Desportos.
PS: Não foram os atletas que tomaram as péssimas opções de em relação aos Jogos. Não foram eles que descontrolaram os orçamentos e que fizeram as contabilidades criativas. Não foram eles que desbarataram o material desportivo. Não foram eles que mentiram reiteradamente anunciando que as coisas estavam a melhorar quando só pioravam, gritando que os resultados em tempo real seriam um facto. Não foram eles que asfixiaram o calendário num labirinto burocrático. Por isso, agora que conquistaram medalhas não nos digam que estão todos no mesmo barco. Não lhes falem em méritos colectivos. Eles estão fartos de maquilhar a vossa incompetência.
Editorial, @Verdade
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