Wednesday 28 September 2011

Nem oito nem oitenta!

SR. DIRECTOR!

Sabemos pelas notícias, pela história e por alguma literatura que a situação da mulher no Médio Oriente, nomeadamente no Afeganistão, é deveras preocupante e degradante.

Maputo, Quarta-Feira, 28 de Setembro de 2011:: Notícias


A título de exemplo refiro algumas passagens da lei que os talibãs impuseram: “É proibido cantar, dançar, escrever livros, ver filmes e pintar quadros, etc.”. Longo e deprimente seria alongar-me neste rol de proibições. Mas atentemos ainda nesta passagem: Atenção mulheres – devem permanecer sempre em vossas casas, não vaguear pela rua e se o fizerem devem ir acompanhadas por um mahram, um parente do sexo masculino, caso contrário serão espancadas e mandadas para casa. Em alguma circunstância devem mostrar o vosso rosto e cobrir-se-ão com uma burka, sob pena de espancamento severo. São proibidos cosméticos, jóias, roupa elegante, olhar para homens, rir em público e pintar as unhas – se o fizerem ficarão sem o dedo. As raparigas ficam proibidas de frequentar a escola, as mulheres proibidas de trabalhar e, se forem culpadas de adultério, serão apedrejadas até à morte”.
Recordo que em Cabul, as mulheres costumavam exercer advocacia, medicina e até ocuparam cargos em governos.
Paredes meias com o Paquistão, lugar de refúgio de Osama Bin Laden, entre outros, onde a situação não é melhor para os muçulmanos, nem para os praticantes de outras religiões, veja-se o caso de Asia Bibi, para o qual nem a política internacional ou alguns defensores dos Direitos Humanos e até mesmo Bento XVI têm conseguido demovê-los das agressividades sem fim com que presenteiam todos os que, por um motivo ou outro, são considerados infiéis ou inimigos.
Sem dúvida que é mais do que um retrocesso, é antes um volver a uma animalesca pré-história, duma brutalidade e duma ignorância sem fim.
Carlos Fino no seu célebre livro “A Guerra em Directo” diz-nos muito claramente que a vida aqui, para quem tenha um mínimo de cultura e não seja da tribo Pashtun, é um verdadeiro inferno, parece que se recuou no tempo mais de dois mil anos e se emerge num cenário fílmico da era passada.
Mas porquê todo este desvario de perseguições, atentados e ameaças? Dizem as más ou as boas línguas que os comportamentos do Ocidente, os maus exemplos morais e as influências que podem ter na sua cultura são deveras perigosas e colidem com toda uma moralidade e protecção familiar da qual não querem abdicar, pelo que ousam declarar guerra e extermínio ao “Satã do Ocidente”, a toda uma evolução de hábitos e costumes que, no seu ponto de vista, são perversos e promíscuos pelo que a Jihad ou guerra santa é o único caminho possível para purificar o mundo de tanto efeito nefasto.
Considerando que a religião muçulmana é a que mais cresce nos Estados Unidos, na Grã-Bretanha e em França e nós, por aqui, intitulamo-nos cristãos, embora muitos não pratiquem, como dizem as estatísticas, todos andamos um bocadinho indiferentes, descuidados com alguns hábitos, tradições e bons exemplos é, talvez, altura de parar e pensar onde estamos e para onde queremos caminhar.

Maria Susana Mexia

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