Mais uma vez estamos à beira do desastre. A reunião dos combatentes da Renamo, em Quelimane, e as suas decisões, vieram, mais uma vez, dizer-nos que, desta vez, o partido de Afonso Dhlakama não quer voltar a engolir sapos. E as cinco emboscadas seguidas a uma coluna policial, em Moatize, serviram apenas para tornar essa ideia mais credível.
Qualquer
pessoa de bom senso teria percebido que fazer uma fraude eleitoral de grande
dimensão, em Outubro de 2014, poderia acarretar o risco de uma nova guerra.
Infelizmente, no partido que controlava o Governo da época parece que não havia
pessoas de bom senso. Apenas se vislumbravam “clarividentes” e “visionários”. E
o resultado é este que temos agora.
Os tais
achavam que se, no passado, Dhlakama tinha engolido os sapos todos, agora iria
engolir mais um.
Só que
observadores mais atentos deviam ter percebido que, desta vez, a coisa parecia
diferente. A gota tinha feito transbordar o copo e, agora, já era impossível voltar
as coisas para trás.
Mas, pelo contrário, tudo continuou a ser tratado da mesma forma, esperando que o passer do tempo e os constantes apelos à Paz e unidade nacional iriam resolver o problema.
Mas, pelo contrário, tudo continuou a ser tratado da mesma forma, esperando que o passer do tempo e os constantes apelos à Paz e unidade nacional iriam resolver o problema.
Só que a Renamo já
não está aí. Tácticas que, levadas a sério, poderiam ter tido sucesso no
passado, hoje já não têm credibilidade. Embora eu acredite que Dhlakama é um
homem que quer a Paz, a intransigência total do Governo do partido Frelimo está
a atirá- lo para os braços dos radicais da Renamo. E os resultados só podem ser
péssimos para todos nós.
Estas propostas de
encontro Nyusi/Dhlakama com agenda vaga não vão resolver nada. A Frelimo e o
seu Governo têm de se convencer de que é preciso fazerem cedências reais e
significativas à Renamo para poderem manter a Paz no país. Mais truques, cambalhotas
e flic-flacs já não adiam os acontecimentos.
Não sei se Filipe
Nyusi tem poder real para responder a este tipo de situação.
Se não tiver,
esperam-nos tempos tenebrosos...
Machado da Graça, Savana, 28-08-2015
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