Chimoio, Moçambique, 13 set (Lusa) - A polícia moçambicana negou hoje a autoria da emboscada no sábado contra a caravana do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, atribuindo o ataque a um grupo de desconhecidos.
"Quem disparou não consigo descortinar", afirmou, em declarações à Lusa, Armando Mude, comandante da Polícia da República de Moçambique (PRM) em Manica, sobre o ataque contra a coluna de viaturas onde seguia o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), principal partido da oposição, no centro do país.
"A informação que tenho é da existência às 19:30 de um tiroteio, um pouco depois do cruzamento de Tete. Eu não consigo chegar lá, porque trata-se de uma caravana de homens armados [da Renamo], com um efetivo de cerca de 40 a 50 homens", declarou Armando Mude.
Uma caravana de automóveis em que seguia o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, foi atacada ao início da noite de sábado na província de Manica, centro de Moçambique, havendo sete feridos, três da Renamo, um dos quais grave, e quatro presumíveis atacantes, mas o líder da oposição saiu ileso.
O ataque, testemunhado pela Lusa no local, aconteceu em Chibata, junto do rio Boamalanga, quando a comitiva de Dhlakama regressava de um comício em Macossa e se encaminhava para Chimoio, capital de Manica.
A guarda da Renamo respondeu aos tiros e entrou no mato em perseguição dos atacantes, que jornalistas, militares da Renamo e o próprio Dhlakama no local identificaram como elementos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) das forças de defesa e segurança moçambicanas.
Os mesmos militares disseram estar na posse de quatro elementos feridos da UIR, que seguiram para Chimoio, transportados por elementos da Renamo antes do resto da comitiva.
"Não sabemos quem disparou", insistiu à Lusa o comandante provincial da PRM, alegando que "ou a Renamo entrou na emboscada ou fez a emboscada" e que ainda tinha poucas informações, pela circunstância de ser noite e de se tratar de uma ocorrência envolvendo um partido com uma força armada.
Quase vinte minutos depois da emboscada, repelida a tiros pela guarda da Renamo, uma viatura da UIR, lotada de agentes desta força, passou no local, fazendo sinais de emergência, observou a Lusa.
Meia hora depois uma ambulância cruzou também o local em direção a Chimoio.
Após o ataque, e face à ameaça de uma segunda emboscada, Afonso Dhlakama, que comandou pessoalmente o desdobramento da sua guarda, ordenou que fosse feito uma escolta da sua caravana a pé para os restantes 15 quilómetros para Chimoio e que demoraram quatro hora a percorrer.
A viatura em que seguia o líder da Renamo foi alvejada com um tiro na porta esquerda, sem feridos. Já o carro em que seguia a segurança privada de Dhlakama ficou com o párabrisa quebrado, e um terceiro veículo ficou imobilizado, com os pneus furados por balas.
Afonso Dhlakama, regressava do distrito de Macossa, onde orientou um comício popular, na sua viagem por Manica, onde revelou a nomeação, na próxima semana, de um administrador do partido para esta região e a instalação de um terceiro quartel a juntar aos já anunciados na Zambézia.
Moçambique vive momentos de incerteza política, com o líder da Renamo a não reconhecer os resultados das últimas eleições gerais e a exigir a governação nas províncias onde reclama vitória, sob ameaça de tomar o poder pela força.
O líder da Renamo anunciou a instalação de um quartel em Morrumbala, província da Zambézia, e a criação de uma polícia própria do partido, ao mesmo tempo que se recusa a encontrar-se com o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, alegando que só o fará quando forem cumpridos integralmente o Acordo Geral de Paz, assinado em Roma em 1992, e o Acordo de Cessação de Hostilidades Militares, em setembro de 2014.
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