Wednesday, 30 September 2015

Renamo considera "palhaçada" processo criminal contra Dhlakama



Maputo, 30 set (Lusa) - A Renamo, principal partido de oposição moçambicana, considerou hoje uma "palhaçada" o anúncio da polícia da abertura de um processo criminal contra o líder do movimento por homicídio, na sequência dos incidentes registados na passada sexta-feira.
"Eu acho que é palhaçada. A polícia vai abrir um processo contra o presidente da Renamo e não abre um processo contra a pessoa que matou as tais 23 pessoas da Renamo [Resistência Nacional Moçambicana]?", questionou o porta-voz do partido de oposição, António Muchanga.
Qualificando como infeliz o anúncio do Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Muchanga defendeu que as autoridades deviam abrir um processo criminal contra os membros das forças de defesa e segurança envolvidos no incidente.
Sem mencionar o paradeiro do líder do partido, o porta-voz da Renamo afirmou que Afonso Dhlakama apela para a calma e está empenhado em evitar que o país volte a uma nova guerra.
"A nossa prioridade agora é restabelecer o bom ambiente, para que Moçambique não volte à situação que passou durante 16 anos", disse António Muchanga, aludindo à guerra civil que o país viveu até ao Acordo Geral de Paz, em 1992.
A polícia moçambicana anunciou a abertura de um processo criminal, por homicídio, contra o líder da Renamo, principal partido de oposição, relacionado com o incidente de sexta-feira entre as forças de defesa e segurança e homens armados do movimento.
"O líder da Renamo [Afonso Dhlakama] também faz parte dos que vêm no processo. Estamos à espera de dados completos para saber onde está Dhlakama, disse o porta-voz do Comando Geral da Polícia da República de Moçambique, Inácio Dina, citado hoje na imprensa moçambicana.
Dina afirmou que, além do líder da Renamo, a ação criminal visa igualmente todos os integrantes da sua comitiva e que as autoridades pretendem identificar o autor do disparo que matou o motorista de um carro de transporte de passageiros.
As autoridades afirmam que foi na sequência do disparo que matou o motorista que as forças de defesa e segurança se deslocaram ao local para repor a ordem e acabaram por se envolver em confrontos com a escolta do líder do principal partido da oposição.
No final da sessão do Conselho de Ministros, o porta-voz do órgão, Mouzinho Saíde, disse, na terça-feira, que o número de mortos no incidente com a comitiva do líder da Renamo subiu de 20 para 24.
Segundo o porta-voz do Conselho de Ministros, 23 militares da Renamo morreram no incidente, a que se somou um civil.
O líder da Renamo disse à Lusa na sexta-feira que foi alvo de uma emboscada das forças de defesa e segurança, mas a polícia rebateu esta versão, sustentando que foi a comitiva de Dhlakama que provocou o incidente ao assassinar o motorista de um 'chapa' (carrinha de transporte semipúblico) que passava no local.
A Renamo afirmou que resultaram desde incidente sete mortos entre a comitiva de Dhlakama e dezenas entre os alegados atacantes, um balanço bastante abaixo dos primeiros números divulgados pela polícia e agravados na terça-feira pelo Governo.
Dhlakama encontra-se em lugar desconhecido desde sexta-feira, embora a Renamo assegure que esteja bem de saúde e a controlar o seu partido, apelando para a não-retaliação.
Este é o segundo incidente em menos de duas semanas que envolve o líder da Renamo, depois de no passado dia 12 de setembro a comitiva de Dhlakama ter sido atacada perto do Chimoio, também na província de Manica.
Na altura, a Frelimo acusou a Renamo de simular a emboscada, enquanto a polícia negou o seu envolvimento, acrescentando que estava a investigar.
Em entrevista ao semanário Savana, o ministro da Defesa, Salvador Mtumuke, também negou o envolvimento do exército.
Moçambique vive sob o espetro de uma nova guerra, devido às ameaças da Renamo de governar pela força nas seis províncias do centro e norte do país onde o movimento reivindica vitória nas eleições gerais de 15 de outubro do ano passado.


Polícia não consegue explicar contornos nebulosos do “caso Zimpinga”

 

Homens armados desconhecidos que confrontaram comitiva de Dhlakama

O Comando-Geral da Polícia da República de Moçambique, depois de ter tentado ensaiar uma fuga com o rabo à seringa na manhã desta terça-feira, decidiu ganhar coragem e falou por volta das 14 horas com os jornalistas.
Na verdade, o briefing semanal deveria ter acontecido as 10 horas no local habitual, mas, sem qualquer explicação, os jornalistas tiveram que abandonar o local habitual depois de uma hora de espera após o horário combinado.
O medo das autoridades era de enfrentar os jornalistas que estavam ávidos em buscar melhor informação em torno do “caso Zimpinga”, em que, segundo se sabe, a caravana do líder da Renamo, Afonso Dhlakama, foi atacada.
De acordo com a Polícia, no local, um total de 21 pessoas perderam a vida, das quais 19 elementos da segurança do presidente da Renamo e dois civis.
Voltando ao briefing de ontem, sem qualquer explicação, a Polícia informou quando eram cerca da hora 13, que o encontro com o porta-voz do Comado-Geral da Polícia, Inácio Dina, teria lugar as 14 horas.
Foram tantas as perguntas feitas pelos jornalistas em torno dos acontecimentos da manhã da última sexta-feira, na zona de Zimpinga, distrito de Gondola, província de Manica. Demonstrando falta de argumentos para sustentar a abordagem que fazia em torno do caso, Inácio Dina limitava-se a repetir a mesma estória que tem estado a ser contada pela Polícia desde o primeiro momento dos acontecimentos.
Uma das questões colocadas é tentar- se perceber o móbil para o início do tiroteio. Continuando com a tese de que terão sido os homens da guarda de Afonso Dhlakama que, pura e simplesmente decidiram tirar a vida ao motorista do transporte semi-colectivo de passageiros, a Polícia diz que foi alertada e correu para garantir condições de segurança à população.
Esta resposta obrigou os jornalistas a perguntarem quanto tempo a Polícia teria levado para alcançar a zona da confrontação, ao que Inácio Dina respondeu estimando entre 30 a 60 minutos.
Mas porque as testemunhas da zona e os passageiros do mini-bus atingido, falando horas depois com jornalistas, disseram que o tiroteio iniciou logo depois de o motorista do “chapa” ter sido alvejado mortalmente, pediu-se algum esclarecimento ao porta-voz policial.
Nisto, Inácio Dina respondeu positivamente, mas disse que os tiroteios iniciais foram todos disparados descontroladamente pela caravana da Renamo.
“Temos estado a dizer desde à primeira hora que confirmamos o incidente, que o mesmo partiu dos homens da caravana da Renamo. Um homem da Renamo que estava a meio da caravana disparou contra o transporte semicolectivo e foi neste instante que outros homens da Renamo começaram a disparar de forma descontrolada”- tentou explicar Dina.
Com os jornalistas a soltarem gargalhadas a meio, tendo em conta o tipo de respostas (algo ilógicas) de Inácio Dina, a conferência de imprensa continuou com mais perguntas sobre o sucedido. Uma das questões colocadas é sobre quem eram exactamente os homens vestidos a civil, mas armados com metralhadoras, coletes à prova de balas e carregadores. Dina respondeu simplesmente que não conhecia este grupo. Ou seja, que as testemunhas entrevistadas pelos jornalistas inventaram terem se cruzado com homens armados pela mata adentro.
Inácio Dina não disse também de onde partiu a Polícia que conseguiu alcançar a zona da confrontação em meia hora, mas segundo suas palavras, foi essa Polícia, devidamente uniformizada e armada, que conseguiu matar 19 elementos da guarda de Afonso Dhlakama.
Sobre as viaturas incendiadas, Inácio Dina continuou com a “estória” de que as mesmas foram incendiadas pela população supostamente furiosa pelo facto de os homens da Renamo terem assassinado o motorista do transporte semi-colectivo de passageiros.
Questionado se os carros teriam sido queimados antes ou com a polícia no local, Inácio Dina não disse sim nem não. Apenas disse que a população regressou ao local dos tiroteios quando a situação ficou normalizada, sem contudo dizer a hora exacta.
Entretanto, os jornalistas que chegaram ao local da ocorrência horas depois da confrontação não presenciaram a presença de qualquer população da zona no local dos tiroteios. A população tinha há muito se refugiado para zonas seguras. (Ed. Conzo)

MEDIA FAX – 30.09.2015, citado no Moçambique para todos

Polícia anuncia caça a Dhlakama e companhia

 

Processo criminal corre contra o líder da Renamo

A Polícia da República de Moçambique anunciou, na tarde desta terça-feira, a abertura de um processo criminal contra Afonso Dhlakama e todos os integrantes da comitiva que se envolveu em tiroteios na zona de Zimpinga, distrito de Gondola, província de Manica. O anúncio do processo criminal contra Dhlakama e companhia foi feito por Inácio Dina, porta-voz do Comando-Geral da Polícia.
Dina disse que o processo se justifica pela necessidade de as autoridades encontrarem o responsável pelo disparo que vitimou o motorista do semi-colectivo que fazia o trajecto Inchope-Chimoio.
“Foi aberto um processo para o esclarecimento das reais circunstâncias do incidente”- anunciou Dina, explicando que, numa fase inicial o processo é contra Dhlakama e todos os integrantes da comitiva que se envolveu no tiroteio. Estes devem ser ouvidos pelas autoridades policiais para se apurar realmente quem foi o autor do disparo que matou o motorista do “chapa”.
Depois se vai abrir um processo específico contra o autor do disparo, que deve ser acusado de homicídio voluntario qualificado e os restantes ficarão com o processo que tem a ver com a criação de distúrbios e desordem pública.
“O líder da Renamo também faz parte dos que vem no processo. Estamos à espera de dados completos para saber onde está o Dhlakama. Se estiver com algum medo da população, que se apresente à Policia, pois esta o vai proteger” – avançou Dina.
Questionado para que entidade o processo tinha sido remetido, Dina pura e simplesmente não respondeu, mas reiterou simplesmente que já há um processo que corre nas instâncias de direito.


(Ed. Conzo)

MEDIA FAX – 30.09.2015, citado no Moçambique para todos

Tuesday, 29 September 2015

Frelimo e Renamo evitam esclarecer as verdades dos abusos e crimes da guerra

Foto de Cidadão Repórter










Três dias após mais um confronto militar no centro de Moçambique continuamos a não saber quem deu o primeiro tiro. Se está claro que na Estrada Nacional nº6 estava à guarda pessoal do presidente do partido Renamo, e alguns civis, não foi possível ainda apurar quem eram os homens armados que dispararam das matas. Também é desconhecido o paradeiro de Afonso Dhlakama e não se sabe ao certo quantas pessoas morreram. O Presidente da República e Comandante em Chefe, Filipe Nyusi, está nos Estados Unidos da América onde declarou que politicamente o país está estável, apesar de focos de ameaças. O que é certo é que um menino de apenas um ano de idade jamais esquecerá o tiro que lhe feriu o braço, independentemente de quem o tenha disparado.
“No decurso das negociações de paz em Moçambique, nenhuma das partes manifestou a necessidade de criar algum tipo de processo independente para investigar e esclarecer as verdades sobre os crimes cometidos durante a primeira guerra civil”, escreve o professor de Antropologia Victor Igreja, no livro “Desafios para Moçambique 2015”, e acrescenta “Uma investigação e um eventual esclarecimento por uma comissão de verdade poderiam ajudar a Frelimo e a Renamo a abandonar a prática de acusações mútuas de violações e crimes graves e a negação da legitimidade política.”
Segundo Victor Igreja, que ensina diversos campos da Antropologia e estudos de paz e conflitos em duas Universidades na Austrália, “Ao evitar esse passo importante para tentar esclarecer as verdades dos abusos e crimes da guerra, ficamos perante uma realidade tripartida em Moçambique: a violência vai continuar a ser um instrumento político tanto para A desordem como para A transformação das instituições democráticas incipientes;” conclui.

As versões sobre o que aconteceu
No sábado Armando Canhenze, o comandante da Polícia da República de Moçambique (PRM) na província de Manica, afirmou que do tiroteio resultaram “20 óbitos, um civil morto e 19 militares da Renamo, além de dez viaturas incendiadas”.
Foto de Cidadão Repórter











Antes o partido Renamo, através do seu porta-voz, confirmou apenas a morte de sete pessoas entre a comitiva do seu líder, quatro civis do seu "staff" e três militares da sua segurança. “A Polícia tem de indicar onde estão os feridos, o que aconteceu com eles” declarou António Muchanga, num breve contacto telefónico com o @Verdade e apelou à PRM para que faça “a mesma coisa em relação às viaturas (...). Quando eles vieram rebocar a viatura do presidente Dhlakama comprometeram-se a proteger todos os bens (da Renamo) mas a viatura não foi ainda devolvida”.
Essas viaturas da comitiva do líder do partido Renamo terão sido incendiadas, segundo a PRM, por cidadãos alegadamente enfurecidos; porém, um jornalista do semanário Domingo que esteve no local afirmou que as viaturas pegaram fogo depois de serem atingidas por roquetes e quase todas ficaram reduzidas a cinzas.
Ficou também reduzida a cinzas o minibus de transporte semicolectivo de passageiros que fazia o trajecto Inchope – Chimoio e cujo motorista, identificado pelo nome de Carlos Guihole, foi baleado mortalmente na cabeça, de acordo com o semanário estatal, e a viatura foi embater num camião que também se incendiou foi consumido pelas chamas.
Foto de Cidadão Repórter













De acordo com a PRM em Manica Carlos Guihole foi assassinado pela guarda de Dhlakama, contudo, o porta-voz do maior partido da oposição afastou a autoria de disparos contra o "chapa", salientando que "não é prática da Renamo atacar civis", afirmando que o seu líder foi alvo de uma emboscada.
Um repórter da agência portuguesa Lusa, que se dirigiu na sexta-feira ao local, viu um "chapa" e no seu interior estava o motorista e alguns passageiros mortos.
O jornal Domingo, que afirma também ter estado no local horas depois do confronto armado, apurou de testemunhas que Afonso Dhlakama abandonou a sua viatura protocolar durante o fogo cruzado e desapareceu a par de os outros ocupantes do seu carro, mas António Muchanga diz que o presidente do seu partido permaneceu no local até às 18 horas de sexta-feira e referiu a existência de dezenas de baixas entre os atacantes e que "maioritariamente não traziam uniformes, estavam vestidos à civil, mas tinham coletes (à prova) de balas" e deixaram no terreno armas ligeiras e uma bazuca.
Este é o segundo confronto armado em menos de duas semanas que envolve o líder da Renamo, depois de no passado dia 12 de Setembro, a comitiva de Dhlakama ter sido emboscada perto da cidade do Chimoio, presenciado também por jornalistas e que foi atribuído às forças governamentais que se apressaram a desmentir a sua participação.
A verdade sobre o que se passou no final da manhã, e tarde, do dia 25 de Setembro na EN6, entre Amatongas e Gondola, na província de Manica, é um mistério que parece interessar tanto ao Governo como também ao partido Renamo.
Dhlakama volta a estar em parte incerta
Foto de Cidadão Repórter










Quando se registou este tiroteio o líder do maior partido da oposição dirigia-se à província de Nampula onde deveria ter chegado durante o fim-de-semana mas não chegou e nem foi visto publicamente em nenhum outro centro urbano desde sexta-feira (25).
Do lugar incerto onde se afirma estar, Dhlakama tem falado com os membros do seu partido e nesta segunda-feira (28) falou para os moçambicanos, em entrevista ao boletim informativo oficial da Renamo, disse que está vivo, saudável e seguro e repudiou a guerra, que reiterou estar a ser movida pelo partido no poder contra si, contra o partido Renamo e contra o povo.
“Não quero legitimar os roubos de dinheiro público e das riquezas de Moçambique protagonizados pela Frelimo e pelos seus dirigentes corruptos” afirmou o líder do partido Renamo que acrescentou que o partido do Governo pensa que com a sua morte a democracia será silenciada.
“Eu não quero ser responsabilizado pela sociedade moçambicana como quem compactua com a Frelimo, levando o país para o caos. Sei que a Frelimo quer destruir Moçambique com a guerra para não responder pelos seus actos” declarou ainda Afonso Dhlakama ao boletim “A Perdiz”.
Ainda através da sua publicação oficial o partido Renamo afirma que está a ser “empurrada para uma guerra com a Frelimo. Uma guerra que ameaça dividir o país inevitavelmente” e esclarece que matar Afonso Dhlakama não significa o fim do problema pois a formação política “está preparada para qualquer eventualidade e para continuar com a luta”.
O partido Renamo afirma não poder continuar “a tolerar abusos” e “apela os jovens, membros, simpatizantes e apoiantes a prepararem-se para novos tempos”.





A Verdade

Uma justificação completamente esfarrapada


As Forças de Defesa e Segurança (FDS) e a chamada guarda (armada) presidencial de Afonso Dhlakama envolveram-se, por volta das 12 horas da última sexta-feira, em intensa confrontação militar na Estrada Nacional Número 6, zona de Zimpinga, distrito de Gondola, província de Manica. Logo depois, os órgãos de comunicação social e as redes sociais estavam
inundadas de informações dando conta de mais um episódio que confirmava que o país continua a andar a passos bastante largos para mais uma guerra entre irmãos.
Nas redes sociais, inicialmente, as informações eram bastante díspares e contraditórias, com os internautas a tentar perceber e questionar o que efectivamente teria acontecido e o que teria motivado o tiroteio. Enquanto os que não são necessariamente jornalistas colocavam questionamentos lógicos sobre as razões de mais um tiroteio, a rádio e a televisão públicas nacionais tinham já as manchetes alinhadas. Os títulos eram do género:
“homens armados da comitiva de Afonso Dhlakama assassinam um transportador semi-colectivo de passageiros”.
Para a rádio e televisão públicas o assassinato do motorista do semi-colectivo de passageiros pela guarda da Renamo era o móbil da confrontação entre estes e as Forças de Defesa e Segurança. Ou seja, movidos por algum espírito de loucura, ou então, por terem exactamente o ADN de matar indiscriminadamente populações civis, a guarda. da Renamo viu “chapeiro” e decidiu atirou a matar. Quanta loucura!
Mas, como é que o transportador foi assassinado e logo a seguir, num ápice, as FDS estavam no mesmo local? A rádio e a televisão públicas não explicaram, mas davam a entender que as FDS saíram dos quarteis e das esquadras e acorreram ao local em defesa da população.
Tudo bem, efectivamente é tarefa das FDS proteger as populações e o território nacional. Mas a coisa torna- se simplesmente confusa quando a rádio e a televisão públicas não conseguem, por exemplo, dizer a que horas, exactamente, aconteceu o assassinato do motorista do chapa e a que horas começou o tiroteio. Esta indicação é tão importante porque permite tirar ilações e conclusões do que efectivamente aconteceu no local.
Nos seus noticiários, a radio e a televisão públicas citavam o comandante da Polícia da República de Moçambique na província de Manica, Armando Canhenze. Não houve, ao que nos pareceu, o esforço de se tentar ouvir qualquer dirigente da Renamo, a exemplo de António Muchanga, na qualidade de porta-voz.
Na verdade, reconstituindo os factos a partir de colegas nossos que, felizmente conseguiram rapidamente estar no “sítio”, tudo indica que o assassinato do transportador do semicolectivo de passageiros supostamente por homens da Renamo aconteceu quando eram 12 horas. Quando tal acontece, a comitiva da Renamo terá parado para averiguar o que efectivamente estava a acontecer. Ou seja, se tinha sido um disparo da comitiva, ou então, de algum outro local. Nisto, e num ápice, cerca de apenas 5 minutos depois do assassinato do motorista do chapa, inicia um intenso tiroteio, com os homens da Renamo ainda à beira da estrada e a outra parte nas matas. Não entrando para peritagem militar, fica aqui a indicação clara de que os homens que dispararam da mata para a berma da estrada estavam há muito posicionados. Isto talvez explica o facto de um total de 19 elementos da comitiva de Afonso Dhlakama terem sido mortos naquela circunstância, mas, do lado do grupo que estava posicionada na mata, oficialmente não existe indicação de baixas, apesar de o porta-voz da Renamo, António Muchanga, ter falado de algumas dezenas.
É verdade que a real génese da confusão continua confusa, mas o que é um facto é que exactamente no local da confrontação estavam homens armados devidamente armados e posicionados para atacar a comitiva da Renamo. Quem são? Não sabemos. Mas, quando as populações da zona e passageiros saíram em debandada para a mata, cruzaram-se
com homens altamente armados, com coletes de bala e carregadores de metralhadoras.
Estavam a civil e foram exactamente estes que aconselharam as populações e os viajantes a placarem para escaparem do fogo cruzado. No fim, foram esses homens (armados) que aconselharam as populações e os viajantes a seguirem este e aquele caminho. Uma vez
mais, a pergunta é, quem são estes? A Polícia diz que mandou uma força para o local, mas essa força devidamente uniformizada chegou ao local muito mais tarde. Não para combater porque o combate tinha terminado há muito. E o combate foi entre a guarda armada da Renamo e os homens altamente armados, com coletes e carregadores de metralhadoras.
Entretanto, não tinham qualquer identidade. Estavam a civil. Quem são estes? A resposta a essa pergunta pode ajudar a esclarecer o que efectivamente aconteceu em Zimpinga.
Outra coisa. A Polícia diz que foram as populações que incendiaram carros da comitiva da Renamo. Será mesmo? Estaria a população com coragem e ideias de incendiar viaturas numa situação de fogo intenso?
A polícia diz que os carros foram incendiados a posterior, ou seja, depois de a situação ter-se acalmado. Mas a polícia uniformizada já estava lá? Sim, estava. E deixou a população incendiar carros da Renamo, alegadamente porque estava enfurecida com as atitudes da Renamo? Não há respostas para muitas perguntas, mas a verdade é que logo que o
primeiro tiro foi ouvido, a primeira coisa que as populações fizeram foi fugir para a mata e ninguém, ninguém mesmo continuou por perto. A haver alguém a incendiar as viaturas não pode ter sido a população.
Portanto, com ou sem resposta para as várias perguntas, a verdade é que estamos a um passo de entrar para mais uma guerra. Uma guerra em que,
mais uma vez, os políticos estarão a comandar a partir dos gabinetes e as populações serão carne para canhão.


(fernando.mbanze@mediacoop.co.mz)




Editorial, mediaFAX, 28.09.2015

UE condena ataques contra Dhlakama

A União Europeia (UE) considerou segunda-feira que os recentes ataques no país, que tiveram como alvo Afonso Dhlakama, prejudicam a estabilidade e a democracia de Moçambique.
"Os dois recentes ataques que têm como alvo líder da Renamo, Afonso Dhlakama, são prejudiciais à estabilidade, ao progresso democrático e ao desenvolvimento económico do país", segundo um comunicado do serviço de Acção Externa da UE.
A UE espera ainda que "seja realizada uma investigação rápida e aprofundada que esclareça as circunstâncias em que se deram os incidentes", salientando que os atacantes sejam julgados.
"Nas últimas duas décadas, Moçambique foi uma história de sucesso na transição da guerra para a paz", refere ainda o comunicado, acrescentando que Bruxelas se junta a todos os que apelam à calma e ao diálogo construtivo.
"Todos os esforços para o restabelecimento da confiança, o relançamento do diálogo e o encontrar de soluções para a reconciliação e a paz duradoura devem ser asseguradas", considerou ainda a UE.
O mais recente incidente de violência política em Moçambique aconteceu ao fim da manhã de sexta-feira, na Estrada Nacional 6 (EN6) em Zimpinga, distrito de Gondola, quando a comitiva do líder da Renamo seguia para Nampula.
O líder da Renamo disse à Lusa que foi alvo de uma emboscada das forças de defesa e segurança, mas a polícia rebateu esta versão, sustentando que foi a comitiva de Dhlakama que provocou o incidente ao assassinar o motorista de um 'chapa' (carrinha de transporte semipúblico) que passava no local.
A Renamo disse que resultaram desde incidente sete mortos entre a comitiva de Dhlakama e dezenas entre os alegados atacantes e a polícia refere 20 vítimas mortais, 19 do partido de oposição e um civil.
Na reacção ao incidente, a Frelimo descreveu Dhlakama como um fora de lei e terrorista, instando-o a abandonar as armas, enquanto a Renamo acusou o Governo de tentar assassinar o seu presidente.
Este é o segundo incidente em menos de duas semanas que envolve o líder da Renamo, depois de no passado dia 12 de Setembro, a comitiva de Dhlakama ter sido atacada perto do Chimoio, também na província de Manica.
Na altura, a Frelimo acusou a Renamo de simular a emboscada, enquanto a polícia negou o seu envolvimento, acrescentando que estava a investigar.
Em entrevista ao semanário Savana, o ministro da Defesa, Salvador Mtumuke, também negou o envolvimento do exército.



Monday, 28 September 2015

Ataque contra Dhlakama "cheira a envolvimento da FRELIMO", diz Daviz Simango

Em Moçambique, o líder do MDM condena os ataques contra o líder da RENAMO e exige uma investigação para se apurar os autores. Daviz Simango acha que por detrás disso há um problema de ódio e vingança.
Daviz Simango, líder do MDM, a segunda maior força da oposição em Moçambique
Na sexta-feira (25.09), a coluna em que viajava o líder da RENAMO, de Manica a Nampula, foi alvo de uma emboscada – o maior partido da oposição alegou que se tratou de um atentado de forças do Governo. Afonso Dhlakama saiu ileso, mas segundo relatos morreram várias pessoas. Mais tarde várias viaturas da comitiva de Dhlakama foram queimadas. E ainda relatos de outros confrontos ao longo do fim de semana.
A DW África conversou com o edil da Beira, Daviz Simango, que é também o líder do segundo maior partido da oposição do país, MDM – Movimento Democrático de Moçambique.

DW África: Como classifica o ataque?

Daviz Simango (DS): Há dias houve um atentado contra o líder da RENAMO, e nós como MDM protestamos. Mas temos de dizer isso à polícia, à justiça e à Procuradoria que investiguem, quem foi e em que circunstâncias aconteceu. Então, nós temos de condenar o ataque em si, mas alguém tem de nos dizer quem o fez, não podemos adivinhar quem foi. É verdade, haverá relatos da RENAMO, haverá relatos das forças [armadas], mas quem foi? Então, exigimos que as autoridades investiguem. E depois desses incidentes foram queimadas viaturas muito mais tarde e a polícia diz que foi a população, mas nós dizemos que não é a população, é uma pura mentira. Como a população vai queimar as viaturas, ou como a RENAMO queima as suas próprias viaturas? Também penso que aqui há um problema de ódio e de vingança. Penso que não podemos construir uma democracia com ódio e é altura de nós os moçambicanos apendermos a trabalhar em democracia na diversidade. E tem de haver espaço, é verdade que não concordamos que haja partidos armados, não concordamos que haja violência, não concordamos que haja ameaças, exigimos o respeito das leis e da Constituição da República, mas também os governantes têm de ter a capacidade de respeitar as leis, a Constituição da República e serem humildes o suficiente para seguirem o povo e não os interesses privados.

Afonso Dhlakama, líder da RENAMO, o maior partido da oposição













DW África: Tem medo que aconteçam distúrbios como os que aconteçeram na Munhava com relatos de recrutamento forçado de soldados para servirem as forças armadas?

DS: Com a arrogância que se vive me Moçambique tudo é possível, mas este não pode ser o nosso desejo. O que nós queremos é que, de facto, o moçambicano saiba onde e quais são os seus direitos e obrigações como cidadão, e que também os governantes o saibam respeitar e que prestem contas a quem governa. O que está a acontecer em Moçambique é que ainda persiste muita arrogância, não há liberdade de imprensa. Nós ontem tolerávamos todo processo e aparecia a Rádio Moçambique a dizer que o MDM condenava o ataque. O MDM não condena o ataque da RENAMO, o MDM condena quem a atacou. Agora cabe as autoridades dizerem, de facto, provas, estudos, investigações que foram feitos. E essa investigação tem de ser feita integrando os homens da RENAMO para a gente descobrir a verdade; a RENAMO tem de dizer como aconteceu isto e o exército tem de dizer o que aconteceu, mas numa investigação coletiva. E o que ela nos traz? A verdade. Porque não podemos permitir que haja atentados contra seja quem for. Este atentado podia visar o líder da RENAMO. Porque se quer matar o líder da RENAMO? Ele é moçambicano, é nosso irmão, tem de viver conosco, tem de fazer política conosco. É importante que a FRELIMO entenda que a oposição não é para ser combatida fisicamente. Este ato nos cheira a interferência de pessoas ligadas à FRELIMO. Então, por isso pedimos uma investigação para não fazermos acusações falsas.



DW

A partir de parte incerta Dhlakama garante que está bem e seguro e promete não retaliar


Circulação na EN6 está neste momento condicionada e realiza-se em colunas.


Governo reforça presence militar no terreno.


Rádio Moçambique e Televisão de Moçambique intensificam campanha de desinformação contra a Renamo.


O presidente da Renamo, Afonso Dhlakama, disse na manhã de ontem, domingo, a partir de parte incerta no interior da província de Manica, que está bem de saúde e muito seguro no local onde se encontra.
Afonso Dhlakama falou por teleconferência para alguns quadros do partido que se reuniram na sede da Renamo, e disse que era para dissipar dúvidas sobre o seu estado de saúde e segurança.
O presidente da Renamo prometeu aos quadros do seu partido que brevemente vai reaparecer, logo que as condições permitirem.
O chefe do Gabinete do Presidente da Renamo, Augusto Mateus, disse ao “Canalmoz”, no final do encontro, que Afonso Dhlakama prometeu aos moçambicanos que não vai retaliar, porque tal implicaria mergulhar o país numa nova guerra, como pretende a Frelimo.
Augusto Mateus disse que Afonso Dhlakama continua a optar pelo diálogo como forma de resolver a actual crise
política.
Recorde-se que uma caravana de Afonso Dhlakama, que saía da cidade de Chimoio, na província de Manica, com destino a Nampula foi alvo de uma emboscada na EN6, distrito de Gondola, no troço entre Amatongas e o Inchope.
A emboscada foi montada por homens armados, que se supõe serem das forças governamentais.
O ataque começou às 10.00 horas de sexta-feira e prolongou-se até ao princípio da noite. Civis que vinham num
“minibus” que tentava ultrapassar a caravana da Renamo foram alvejados pelos atacantes, confundidos como parte da delegação daquele partido.
O porta-voz da Renamo, o deputado António Muchanga, disse ao “Canalmoz” que, devido à intensidade da emboscada, o presidente da Renamo e os seus homens foram obrigados a abandonar as viaturas e estão refugiados em parte incerta nas matas.
Numa comunicação ao país, o porta-voz da Renamo disse que os militares governamentais da Frelimo que foram mortos em combate estavam à paisana, mas traziam coletes à prova de bala debaixo das camisas.
O porta-voz da Renamo disse em
conferência de imprensa na tarde do passado sábado, que, segundo o balance feito ao ataque que pretendia assassinar Afonso Dhlakama, morreram sete elementos da Renamo, dos quais três militares.
Segundo Muchanga, do lado das tropas do
Governo da Frelimo foram contabilizadas baixas de cerca de duas dezenas e foram capturadas cinco armas AKM-47, uma RPG-7 (“bazooka”) e uma RPD.

António Muchanga informou que o presidente da Renamo escapou ileso da emboscada e continua no interior da província de Manica. Anunciou que Afonso Dhlakama está
preocupado com o rumo dos acontecimentos, mas garante que continuará com a luta.


As mentiras da Rádio Moçambique e da Polícia


 Enquanto isso, na comunicação social controlada pela Frelimo – principal suspeita da autoria dos ataques – há uma
verdadeira campanha de manipulação e desinformação que conta com os préstimos da Polícia da República de Moçambique.
A Rádio Moçambique noticiou, citando
fontes da Polícia, que o ataque foi perpetrado pelos próprios homens da Renamo.
O comandante Provincial da PRM em Manica, Armando Mude, disse na tarde de domingo, em declarações exclusivas ao “Canalmoz”, que a Polícia matou dezanove
guerrilheiros da Renamo, que disse serem “recrutas e sem experiência de combate e de manejo de armas”.
Disse que também morreu um motorista de “minibus”, e que quatro civis ficaram gravemente feridos.Armando Mude disse que não houve detenções e que a Renamo, apesar de ter perdido dezanove homens, “não deixou nenhuma arma nem munição”.Questionado sobre como seria possível, com este número de mortos, não ter havido detenções nem feridos nem captura de equipamento militar da Renamo, Armando Mude respondeu: “Pensamos que os colegas foram levando, durante a fuga”.A Polícia diz que não teve nenhuma baixa nem feridos nas suas fileiras.O comandante provincial da Polícia em
Manica disse que oito viaturas da Renamo foram incendiadas, mas atribuiu a responsabilidade à população. Disse que outras quatro viaturas da Renamo estão
parqueadas no Comando Provincial da PRM em Manica.
Neste momento, a circulação daquele troço está sendo feita por colunas escoltadas pelas forças governamentais, apesar de Armando Mude ter dito que já não estão a ser feitas colunas.Armando Mude confirmou a presença das forças governamentais no local do ataque e declarou que alguns homens da Renamo continuam nas matas, mas negou a
existência de quaisquer operações de perseguição contra o presidente da Renamo e os seus homens.


Reunião com os embaixadores da UE


O “Canalmoz” sabe que os embaixadores
dos países que fazem parte da União Europeia marcaram para hoje, segunda-feira, um encontro com a Renamo, para análise da situação político-militar no país.
Não foram divulgados os pormenores da agenda do encontro, mas sabe-se que a comunidade internacional está preocupada com a evolução do conflito.

O próprio Afonso Dhlakama disse, no domingo, que a comunidade internacional tem um papel a desempenhar na procura de soluções para a actual crise.


 
(Bernardo Álvaro)


 
CANALMOZ , 28 de Setembro de 2015


 

Saturday, 26 September 2015

Renamo apresenta balanço de mortos

 
...E diz que os agentes das "tropas governamentais da Frelimo"que foram mortos em combates estavam à paisana mas traziam coletes à prova de balas no interior...


Maputo (Canalmoz) - O porta-voz da Renamo, António Muchanga disse em conferência de Imprensa na tarde deste sábado, que do balanço feito ao ataque que pretendia assassinar Afonso Dhlakama, morreram sete militares da Renamo. Do lado das tropas do Governo da Frelimo, segundo Muchanga, foram contabilizadas baixas na ordem de mais de duas dezenas. A Renamo diz que os agentes das tropas governamentais mortos estavam à paisana e traziam coletes à prova de balas no interior das camisas.
António Muchanga precisou que o líder da Renamo escapou ileso da emboscada e continua no interior da província de Manica.
Anunciou que Afonso Dhlakama está preocupado com o rumo dos acontecimentos, mas garante que continuará com a luta.




Canalmoz

Renamo reúne de emergência para analisar terceira tentativa de assassinato de Dhlakama

 

- Circulação na EN6 está neste momento condicionada à colunas. Governo reforça presença militar no terreno

Maputo (Canalmoz ) - A Comissão Política da Renamo está reunida desde a manhã deste sábado num encontro alargado a outros quadros, para analisar a situação político-militar depois do ataque de ontem, à caravana do seu presidente Afonso Dhlakama. O ataque é atribuído às forças governamentais. E é a terceira vez que Dhlakama escapa a uma tentativa de assassinato. A primeira ocorreu em 2013 e as operações foram lideradas por Filipe Nyusi em Sadjundjira na Gorongosa.
Depois da reunião está prevista uma Conferência de Imprensa para a tarde de hoje. O líder da Renamo e os seus homens continuavam até esta manhã de sábado em parte incerta nas matas. Até esta manhã a Renamo não sabia onde se encontra Afonso Dhlakama, pese embora tenha avançado que ele está bem.



Canalmoz

CIDADÃO REPORTA:


Situação tensa na manhã deste sábado na Estrada Nacional n.6 no troço Inchope - Gondola na sequência dos tiroteios desta sexta-feira entre a guarda do presidente da Renamo e Forças Armadas que tudo indica serem governamentais.



A Verdade

Friday, 25 September 2015

Dhlakama e seus homens em parte incerta



Maputo ( Canalmoz ) – Uma caravana do líder da Renamo, Afonso Dhlakama que saia da cidade de Chimoio, província de Manica com destino à Nampula foi hoje atacada na EN206 no troço Amatongas-Inchope, distrito de Gondola, por homens armados que se supõe serem das forças governamentais.
O ataque segundo fontes começou às 10 horas deste sábado, prolongou-se até ao princípio da noite tendo resultado até agora em nove mortos, dos quais sete civis e dois militares da Renamo. Os civis vinham num mini-bus que tentava ultrapassar a caravana da Renamo e foram alvejados pelos atacantes confundidos como parte da delegação daquele partido.
O porta-voz da Renamo, o deputado António Muchanga disse há momentos ao Canalmoz que devido à intensidade da emboscada, o líder da Renamo e os seus homens foram obrigados a abandonar as viaturas e estão neste momento refugiados em parte incerta nas matas.
De acordo com o porta-voz, existem informações dos seus colaboradores mais próximos de que o presidente da Renamo, Afonso Dhlakama está bem e não foi atingido.
António Muchanga disse que existem preocupações a cerca do paradeiro dos outros membros da caravana que estão espalhados pelo mato não se sabendo se estão bem ou não.
Os atacantes segundo fontes no terreno estavam a paisana e os guardas tentaram persegui - los, mas o número era maior.
As viaturas da Renamo continuam abandonadas na estrada e os seus ocupantes no mato. 



(Noticia em actualização)



Canalmoz

Novo ataque contra comitiva de Dhlakama no centro de Moçambique - Renamo

Chimoio, Moçambique, 25 set (Lusa) - O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, disse hoje à Lusa que escapou ileso a um novo ataque em menos de duas semanas na província de Manica, centro de Moçambique.
O ataque ocorreu hoje ao fim da manhã na Estrada Nacional 6 (EN6) em Zimpinga, distrito de Gondola, quando a comitiva da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) seguia para Nampula, segundo o presidente do partido, que falava no local do incidente.
Dhlakama mencionou que três dos seus guardas foram feridos, mas o jornalista da Lusa que se dirigiu para o local observou pelo menos nove mortos, entre os quais dois homens com uniformes da Renamo.
No local, estava também um "chapa" (carrinha de transporte semipúblico) acidentado, cujo motorista morreu, bem como alguns dos passageiros.



Última hora: Dhlakama “escapa” de novo atentado

O líder da Renamo, Afonso Dlhakama, terá escapado ileso a um alegado atentado entre as localidades de Amatonga e Catandica na província de Manica. O porta-voz do líder da Renamo disse há momentos ao Confidencial que terá havido ocorrência do ataque. ” Sim, a caravana do líder foi atacada mais ele saiu ileso”, garante.   Fontes no terreno disseram ao Confidencial que o “trânsito entre Beira e Chimoio está paralisado.” Há relatos de que alguns agentes da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) estão a caminho do local, onde a caravana da Renamo terá sido atacada.   Este é o segundo ataque, em menos de um mês, contra a caravana da Renamo e do seu líder, numa altura em que a tensão política no país não está nos seus melhores dias, com acusações de intolerância entre o governo e o principal partido da oposição.   O Confidencial vai monitorando a situação no terreno e promete trazer mais desenvolvimentos.





Confidencial

Thursday, 24 September 2015

Parlamento debate revisão da Constituição proposta pela Renamo


O parlamento vai retomar os seus trabalhos no dia 21 de Outubro, com uma agenda que inclui o debate da revisão da Constituição para a criação das autarquias provinciais, proposta pela Renamo, anunciou a Comissão Permanente do órgão.
Falando na terça-feira em conferência de imprensa, o porta-voz da Comissão Permanente da Assembleia da República (AR), Mateus Katupha, disse que a II Sessão Ordinária da AR vai decorrer até à última semana de Dezembro e terá em agenda 25 pontos.
Além da proposta de revisão pontual da Constituição da República, submetida pela Renamo, que pretende a criação de autarquias provinciais, os trabalhos vão incluir ainda o debate sobre a revisão do Código do Processo Penal, adiantou Katupha.
O parlamento vai igualmente analisar a proposta de criação de uma comissão de inquérito ao processo de criação e gestão da Empresa Moçambicana de Atum (Ematum), envolta em polémica, após o Estado ter avalizado um empréstimo de 850 milhões de dólares para a compra de barcos de pesca e de patrulha para a viabilização da firma.
A próxima sessão da Assembleia da República será também marcada pela informação do chefe de Estado, Filipe Nyusi, sobre o estado da nação, perguntas dos deputados ao Governo e pela informação anual do Provedor de Justiça.
Os deputados vão analisar o Plano Económico e Social (PES) e o Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2016, o projeto de criação da Ordem dos Enfermeiros de Moçambique, criação da Lei do Serviço Postal e revisão da Lei dos Serviços Fiscais.
Dos 25 pontos de agenda, o projeto de revisão pontual da Constituição da República apresentado pela Renamo é o que suscitará maior expetativa, depois de o partido ter visto o projecto de lei de criação das autarquias provinciais rejeitado pela bancada maioritária da Frelimo, partido no poder, que considerou o documento inconstitucional.
A Renamo apresenta a criação das autarquias provinciais nas seis províncias do centro e norte do país onde reivindica vitória nas eleições gerais de 15 de Outubro do ano passado como solução para a crise política desencadeada pela recusa do movimento em aceitar a derrota no escrutínio.
O partido, que detém um contingente de homens armados, ameaça governar à força nas seis províncias, caso a Frelimo não recue na recusa de aceitar a criação de autarquias provinciais.


Wednesday, 23 September 2015

Investigação das circunstâncias do ataque a Dhlakama


Correspondente da Lusa foi ouvido!

O jornalista e correspondente da agência de notícias Lusa, na província de Manica, André Catueira, foi ouvido na manhã desta terçafeira, pela Polícia de Investigação Criminal (PIC), no âmbito da investigação das reais circunstâncias que nortearam a emboscada à comitiva do Presidente da Renamo, Afonso Dhlakama.
Essencialmente, as autoridades policiais queriam ouvir a versão de André Catueira em relação à ocorrência que veio ampliar o clima de tensão entre o governo moçambicano e a Renamo.
Diante das autoridades, André Catueira simplesmente voltou a relatar exactamente o que, através dos seus textos jornalísticos tem estado a relatar desde o primeiro minuto da emboscada.
André Catueira escreveu vários textos para a agência Lusa, apontando que o ataque efectivamente aconteceu, apesar de não haver certeza sobre a real identidade do grupo atacante. Além de textos para a agência Lusa, Catueira escreveu igualmente uma matéria para o semanário SAVANA.
Depois da ocorrência, recorde-se, algumas embaixadas emitiram comunicados de imprensa manifestando a sua preocupação e exigindo que as autoridades procurem, o mais rápido possível, esclarecer o sucedido a bem da preservação de um ambiente pacífico e de confiança mútua. A atitude (das embaixadas) enervou as autoridades moçambicanas por terem supostamente entendido que, ao emitir um comunicado exigindo clarificação do sucedido, as chancelarias estavam a posicionar-se a favor de uma das partes da contenda, no caso, a favorecer a Renamo.

Entretanto, pelo que se pôde perceber, a intenção das embaixadas era simplesmente mostrar a sua preocupação perante o sucedido e, ao mesmo, colocar importância capital na necessidade de um cabal esclarecimento.





MEDIA FAX – 23.09.2015, citado no Moçambique para todos

As coincidências de Manica e o velho plano

O episódio que teve lugar na noite de 12 de Setembro (sábado) em Manica é um indicador da forma como as coisas sérias são tratadas por aqueles de quem se esperava alguma postura mais responsável ou, se quisermos, menos infantil e menos infantilizante. Mas também teve a particularidade de provar publicamente que os que mais se destacam a fazer anúncios de valor comercial sobre a paz são os que estão na linha da frente para iniciar a guerra.
No mesmo momento em que se regista um coro generalizado centrado na necessidade da paz e de uma postura mais consentânea com aproximação das diferenças e com o diálogo, eis que, na noite de sábado, somos colhidos de surpresa com um ataque à caravana do presidente da Renamo na província de Manica.
Segundo testemunhas oculares, o ataque foi dirigido por homens da Unidade de Intervenção Rápida (qual força com problemas sérios de ordem psíquica), por volta das 19.00 horas, quando a comitiva de Dhlakama regressava de um comício em Macossa e se encaminhava para Chimoio.
Os militares do partido Renamo responderam aos tiros e entraram no mato em perseguição dos homens da UIR, enquanto o resto da comitiva, incluindo Dhlakama, permaneceu no local.
Devido ao ataque e face à ameaça de uma segunda emboscada, Afonso Dhlakama, que comandou pessoalmente o desdobramento da sua guarda, ordenou que fosse feita uma escolta da sua caravana a pé, para percorrer os restantes 15 quilómetros até Chimoio, o que demorou quatro horas.
Saldo do ataque: a viatura em que seguia o presidente da Renamo foi alvejada com um tiro na porta esquerda, sem feridos. O carro em que seguia a segurança privada de Dhlakama ficou com o para-brisas quebrado, e um terceiro veículo ficou imobilizado,os pneus furados por balas.
Quatro cidadãos, sendo uns, guardas, e outros, civis, ficaram feridos, um dos quais com gravidade.
Ora, todo este enredo não tem outro nome senão uma tentativa de abate de um alvo selecionado, que poderá ter corrido mal, ou mesmo um atentado visando assassinar em massa e criar caos.
Todas as testemunhas identificaram os homens da Unidade de Intervenção Rápida. Pode até duvidar-se desta informação, porque provavelmente a maioria dos que lá estavam são membros da Renamo. Mas não é novidade para ninguém que a UIR e a Polícia andam há meses a disparar contra homens da Renamo que há mais de 20 anos convivem pacificamente com a população em vários cantos do país.
A obsessão por um plano de desmilitarização da Renamo à força não é nova. As pessoas já compreenderam de que lado o dedo anda louco, a tremer para dar o primeiro tiro. É do lado das tropas governamentais. Isso toda a Frelimo sabe, apesar do teatro cínico de apelos à paz, os quais incluem canções e arregimentação de algumas personalidades para aparecerem em anúncios comerciais.
Há muita e infeliz coincidência em Manica quando se trata de actos para pôr em perigo a paz.
Vamos desagragar: este episódio acontece numa província agora dirigida por Alberto Mondlane, um colaborador de Nyusi no ataque a Sadjundjira em 2013.Na altura, Alberto Mondlane era ministro do Interior, e é um dos membros da Frelimo que tem um discurso de violência e de desprezo para com a Renamo.
Num passado não muito distante, o mesmo Alberto Mondlane já havia ordenado à Polícia para inviabilizar um comício da Renamo em Macossa, distrito onde Afonso Dhlakama estava a trabalhar. Isso aconteceu por duas vezes, e numa delas a confrontação esteve iminente, tendo valido o bom senso de alguns militares da Renamo que não aderiram às provocações da Polícia.
Falar de assassinar Dhlakama e atribuir esse objectivo à Frelimo não pode causar espanto a ninguém.
Basta lembrar quem está a dirigir a Frelimo, e está a dirigir o país. É Filipe Nyusi. Este mesmo sujeito comandou pessoalmente, em Outubro de 2013, um ataque de larga escala à principal base da Renamo na Gorongosa, Sadjundjira, com o objectivo de assassinar o presidente da Renamo.
Há muito que se vem comentando, dentro da Frelimo, que a solução para o “assunto Dhlakama” é aplicar a fórmula angolana, em alusão aos métodos usados pelo MPLA, partido no poder em Angola, que eliminou Jonas Savimbi, presidente da UNITA.
É preciso ter em mente que esta hipótese não foi colocada de lado. A operação que Nyusi comandou em Sadjundjira não apanhou Dhlakama, mas matou um deputado da Renamo, que também era membro do Conselho de Administração da Assembleia da República, Armindo Milaco.
Portanto não há “Damiões” suficientes para tirar da cabeça dos moçambicanos que a ideia de assassinar Dhlakama ainda é uma equação existente. O nosso dever patriótico é informar que se está a usar uma mentalidade de alucinação típica de garotos para resolver assuntos que deveriam ser resolvidos de forma mais adulta. Haja maturidade!


 
 
(Editorial, Canal de Moçambique)

 
 
CANALMOZ – 21 de Setembro de 2015

Excelentíssima Senhora PGR, tenha vergonha



Excelentíssima Senhora Procuradora Geral da República, pare de gastar os nossos impostos contra nós (o povo) e use-os para punir os verdadeiros criminosos ou ainda garantir que os moçambicanos tenham acesso a uma justiça célere e justa.
Devia, inclusive, começar por investigar dentro das suas portas onde os nossos impostos são usados para fazer compras sem sequer observar as leis moçambicanas, das quais deveria ser a guardiã, que obrigam a concurso público, ainda por cima os bens comprados a servidores públicos.
Sabemos que foi indicada e empossada pelo antigo Presidente da República, Armando Emílio Guebuza, mas não gaste os nossos impostos nessa quimera contra a nossa Liberdade de Expressão. Use-os antes para responsabilizar quem ilegalmente foi endividar o país em centenas de milhões de dólares que nem sequer entraram para os cofres públicos.
Faça cumprir a Lei Orçamental pontapeada pelo Governo passado, no caso EMATUM, e descubra também nos bolsos de que moçambicanos foi parar esse dinheiro porque os barcos, de pesca e de guerra, não custaram nem metade daquilo que nos deixaram como dívida.
Use os nossos impostos para fazer o Governo cumprir a Lei de Terras em Afungi, e também esclarecer-nos em que fase processual está a gestão danosa do extinto Banco Austral e ainda o assassinato do ex-presidente interino do Conselho de Administração desse banco, António Siba-Siba Macuácua.
Em vez de recorrer de um caso em que um cidadão fez uso apenas dos seus direitos constitucionais, esclareça o mau uso dos nossos impostos pelo Instituto Nacional de Segurança Social, quer pela antiga Ministra do Trabalho, Maria Helena Taipo (hoje governadora da província de Sofala) ou mesmo por outros funcionários seniores dessa instituição que adquiriram residências, remodelaram uma com valores astronómicos e realizaram outras operações de gestão danosa até aqui não esclarecidas.
Não se limite a processar a “raia miúda” que continua a mamar nas tetas do erário. A Senhora Procuradora tem matéria para responsabilizar vários “tubarões” que se banqueteiam com os nossos impostos.
Aplique as leis para que tenhamos mais confiança na justiça dos tribunais e não tenhamos que fazê-la com as nossas próprias mãos.
Use a Lei para julgar os caçadores ilegais, os cabecilhas da caça ilegal e para processar os delapidadores da nossa fauna! Até pela degradação do Parque dos Continuadores existem responsáveis, não só pelo mau estado mas também por receberem fundos para a sua reabilitação sem nada fazerem.
Não se deixe guiar pelos políticos, seja antes a guardiã da Constituição e das leis do nosso país aplicando-as em benefício do povo, ou então tenha vergonha e saia.



 Editorial, A Verdade