Monday, 1 December 2014

GOVERNO E RENAMO CONTINUAM A DIVERGIR EM QUESTÕES MILITARES

Maputo, 01 Dez (AIM) - As delegações do governo e da Renamo, o maior partido da oposição, continuam a divergir quanto a integração das forças residuais da Renamo nas Forças de Defesa e Segurança (FDS), no âmbito do acordo de cessação das hostilidades.
A Renamo recusa – se a apresentar a lista das suas forças residuais, exigindo que o Governo apresente, primeiro, o modelo de integração.
Sobre a exigência da Renamo, o sub - chefe da delegação do governo, igualmente ministro dos transportes e comunicações, Gabriel Muthisse, disse hoje, no final da 87ª ronda do diálogo político, que o modelo é uma “máscara” para aquilo que a Renamo “chama partilha do comando das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) ”.
Quando eles falam de modelo estão a exigir paridade nas FADM. Nós não somos favoráveis a que um exército de um país se organize com base em cores partidárias”, disse Muthisse.
Falando em conferência de imprensa, o ministro acrescentou que “se a Renamo elaborar um modelo que não inclua partilha ou paridade dentro das forças armadas nós poderemos avaliar. Mas enquanto a questão do modelo aparecer como máscara, nós não concordaremos”.
Segundo Muthisse, a Renamo pretende os mesmos modelos usados aquando da formação do exército único com base no Acordo Geral de Paz (AGP), assinado em Roma, em 1992, entre o Governo e a Renamo de Afonso Dhlakama. “Houve uma situação específica que determinou que houvesse uma certa paridade na maneira como as FADM iam ser formadas. Para a Renamo, aquela situação específica do fim da guerra deve ser a base pela qual o exército deve continuar a se organizar”.
Nós não pretendemos formar o nosso exército com base em cores partidárias. A promoção e entrada nas FADM devem ser por mérito. Não podemos permitir que as nossas FADM sejam influenciadas por cores partidárias”, acrescentou Muthisse.
Segundo ele, a ideia com que se fica é de que a Renamo está preocupada primeiro com a integração dos homens que já estão nas FADM como assessores.
Assim, indicou Muthisse, “só numa segunda medida seriam integradas as forças residuais que se encontram acantonadas em quase quatro províncias. Esses viriam para a polícia moçambicana. Portanto, do ponto de vista da Renamo a prioridade é resolver o problema dos militares que alegam estar a ser marginalizados no exército.”
Contudo, o chefe da delegação da Renamo, Saimone Macuiane, acredita que se o diálogo continuar ao mesmo ritmo, como o que caracterizou a sessão de hoje, serão, brevemente, alcançados consensos.
Achamos que esta posição é negativa. Queremos que seja respeitado o princípio de partilha de responsabilidade a nível das FADM e da Polícia moçambicana”, afirmou Macuiane.
Ele explicou que “é difícil compreender como é que nossos irmãos ficaram mais de vinte anos no exército sem nenhuma ordem de serviço a reconhece - los como tal. Muitos oficiais, caso de praticamente todos da Renamo, integrados no âmbito do AGP não tiveram até aqui ordens de serviço por se considerar que as suas patentes não foram atribuídas pelo governo”.



(AIM)

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