Thursday 19 June 2014

Números aterradores

Circulam na Net números aterradores de baixas, entre mortos e feridos, na Guerra que ensanguenta o nosso país. Números que causam luto a todos nós e não dão alegria praticamente a ninguém.
Normalmente, nas guerras, mesmo nas guerras civis, há grandes grupos humanos que apoiam uma das partes e outros grandes grupos que apoiam a outra parte. E, quando há
combates, cada grupo aplaude as baixas que se registam no outro lado. Porque tem ódio ao outro lado. Porque deseja a sua destruição.
Só que, no nosso caso, nada disso acontece. A grande maioria do povo moçambicano não está a apoiar um dos lados e a odiar o outro. Está farta dos dois.
E está, muito principalmente, farta de ver os seus filhos a morrer. Seja de que lado for.
As muitas campanhas, principalmente do lado do Governo, através dos seus órgãos de propaganda do sector público, de diabolizar a outra parte, não estão a dar os resultados pretendidos.
O sentimento prevalecente continua a ser de que esta guerra era totalmente desnecessária e o sangue moçambicano está a correr sem qualquer utilidade para o país.
Muito pelo contrário.
Não faço a mínima ideia do que motiva os combatentes da Renamo mas não tenho grandes dúvidas que, entre os polícias, militares e elementos da guarda-fronteira, que actuam do lado do Governo, não há odio contra a Renamo. Quantos deles serão, mesmo, militantes ou simpatizantes daquele partido e admiradores de Afonso Dhlakama? Muitos, decerto, se nos fiarmos nos dados estatísticos nacionais.
Portanto, do lado do Governo, as forças estão a combater porque os seus dirigentes lhes deram ordens nesse sentido. Por disciplina militar. Não por convicção. E daí as deserções que, ao que parece, se acumulam. Ninguém quer morrer ou ficar estropeado numa guerra que não lhe diz nada.
E, apesar disto tudo, a guerra não pára. Pelo contrário, agrava-se cada vez mais, porque os dois senhores da guerra, de um e de outro lado, não querem que ela pare. Ou perderam o controlo das suas forças e já são elas a determinar as acções no terreno.
Não esqueçamos tudo isto no dia 15 de Outubro!



Machado da Graça, Savana, 13-06-2014
 

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