Wednesday 21 May 2014

O “patriotismo” do Camarada Pai de Gema



 Camarada Pai de Gema,
O Camarada Pai de Gema apareceu na media a acusar a oposição de “falta de patriotismo”. Confesso que me ri, pois soa a ironia o real sentido de “patriotismo” que o Camarada Pai de Gema se atribui.
Ora, me explico:
Aquele que compra trinta barcos num negócio obscuro, lesando o Estado, não se pode assumir como um “patriota” no verdadeiro sentido da palavra.
Aquele que compra armas para se esquivar do diálogo com a oposição não se pode assumir como pessoa idónea para avaliar o grau do “patriotismo” dos demais concidadãos.
Aquele que manda atacar sedes dos partidos de oposição, prende votantes para acabar com a oposição, aquele que manda a Polícia disparar e matar opositores do regime não é “patriota” no sentido e significado que se pretende atribuir.
Aquele que recebeu o testemunho do poder com uma pátria a enrobustecer no capítulo dos direitos fundamentais, e que despertou os ânimos contra a gestão da paz e da democracia e que o seu legado se repercute na dilapidação do tesouro público, com uma dívida externa semelhante à de 1996, quando o Banco Mundial declarou o país inviável, aquele que dele apenas se serviu para encher os bolsos e dos seus, só pode ser um patriota menos nos termos em que se pretende autopromover-se, e com isso lançar-se em propaganda e contra-informação para espezinhar uma franja do povo que jurou servir.
Aquele que pratica a discriminação dos cidadãos em função das cores políticas e instiga os seus cachorros a promoverem, nos órgãos de comunicação públicos, a crítica e assassínio de carácter contra opositores e intelectuais idóneos, como se o pensar diferente fosse um crime/sacrilégio, e não a expressão duma forma de cidadania e de participação em prol da igualdade e do desenvolvimento da pátria, aquele que usa todos os meios humanos e coercivos contra a cidadania, esse não é um “patriota” como se pretende fazer crer. Aquele que leva consigo uma aposentação que é uma fortuna, enquanto a maioria do povo mingua à fome, não pode dar-se à afirmação e ao luxo de assumir-se um verdadeiro patriota.
Aquele que pensa simplesmente em distribuir a riqueza do país para a sua prole, é um “patriota” que se revê nos princípios domésticos, da casa, do seu lar, ao mesmo tempo em que se revela num estranho patriotismo à volta do umbigo privado e para gáudio dos seus bajuladores.
E temos visto como diariamente jovens que seriam o futuro deste país morrem numa hecatombe sem razão de ser, sem justa causa, mas que existe por o Camarada Pai de Gema se assumir que é mais moçambicano de “gema” do que qualquer um, e mais nacionalista do que os cerca de vinte e três milhões de concidadãos, por isso, “expatriados”.
Conduzir um país para a lama e afirmar-se ilusoriamente “patriota” é sinal de quem perdeu a noção da realidade. Conduzir um país contra um poste ou um muro e afirmar-se mais “patriota” do que aqueles que dele só têm recebido a humilhação, o desprezo, a perseguição e a morte, é sinónimo de heresia.
Não há maior afirmação de sadismo, de insanidade, do que esta, Camarada Pai de Gema.
Um pai que mantém na despensa comida apenas para os filhos eleitos/consanguíneos e sonega a repartição do pão para os demais, esse pai que, mesmo assim, de barriga cheia e em meio para fazer a digestão, lança clichés contra os desprotegidos filhos do povo que falam e lhe apelam para emendar o individualismo (como se fosse pouco enfrentar a repressão policial e a gula dum patriarca), esse progenitor, a quem apelamos para resignar da corrupção e de se pretender gémeo do Camarada Zédu, a sua desvirtude, entre outras anormalidades, é pretender uma Angola em Moçambique.



(Adelino Timóteo, Canalmoz)

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