Friday 23 May 2014

No “sprint final” fica claro quem é o melhor, quem é quem


 Tudo e todos por um país mais justo é possível

Beira (Canalmoz) – Se fugirmos das classificações e catalogações, será tudo mais fácil. A moçambicanidade de uns e dos outros não é fruto daquilo que um grupo de pessoas queira ou pense. Os direitos de uns e outros não se definem conforme as posições sociais, políticas, económicas ou financeiras. Não é o credo religioso que define se um é moçambicano e se o outro é estrangeiro, se um é mais merecedor e se o outro não merece nada.
A filiação partidária dos moçambicanos tem sido nos últimos anos, especialmente depois da instauração do pluralismo político, motivo de muitas contendas e atritos, quando na realidade razão para isso não existe.
Não é a “maldita ou bendita ideologia” que separa os moçambicanos.
No contexto que se vive no país, já é tempo de os cidadãos votantes entenderem que o seu voto vale muito mais do que alguém queira definir ou quantificar. É o poder político e governamental que é condicionado e determinado por acto aparentemente simples.
Todo o barulho que rodeia os moçambicanos nos dias que correm, todas as crises, greves e manifestações, escaramuças armadas, crime organizado, fome, miséria, crimes de colarinho branco, raptos, carências crónicas nos serviços de saúde, qualidade de ensino questionável, salários gravemente deturpados e longe de conferir dignidade aos trabalhadores, está tudo relacionado com o voto do cidadão. O Governo é escolhido pelo voto.
O que separa os moçambicanos tem sido a capacidade de agir com coerência quando se chega ao Governo. Tem sido a capacidade de fazer as melhores escolhas quanto à alocação dos fundos disponíveis aos projectos governamentais. Tem sido a capacidade de fiscalizar o Governo escolhido. Tem sido a capacidade de promover uma cultura democrática nas comunidades, no Governo e nos partidos políticos.
O que separa os moçambicanos é uma concepção arreigada de que o país e os seus recursos pertencem aos “libertadores”, de que estes têm a primazia em tudo e de tudo.
Há convenientemente problemas ou questões de leitura e interpretação dos fenómenos sociais, políticos e económicos do país. “Cada um puxa a brasa para a sua sardinha”, num movimento que arrasta multidões e pode ter consequências mais ou menos profundas, graves ou leves.
Veja-se como, dum passado relativamente recente, todo um conjunto de pessoas que advogavam e defendiam com “unhas e dentes” o modelo socialista de economia se viraram e assumiram a economia de mercado como forma de organização da vida económica do país.
Veja-se como os ideólogos do regime político que assumiu a independência política de Moçambique sofreu clivagens e ficou reduzido, nos expoentes máximos, a defensores acérrimos dum capitalismo selvagem que nada mais é do que uma aposta na estratégia de “Empoderamento Económico Negro”.
Ideologia por ideologia, é extremamente difícil encontrar diferenças substanciais entre os partidos políticos que se batem na arena política nacional. As diferenças encontram-se na ética e procedimentos dos políticos, na moral cultivada e nas práticas adoptadas.
E então agora que nos encontramos nesta encruzilhada? Que fazer?
Aos moçambicanos cabe tratar os políticos como estes merecem. Aos demagogos e campeões do discurso, mas parcos de realizações, puni-los através do voto. Aos aspirantes a políticos e seus colaboracionistas, puni-los de igual modo com o seu voto.
Governar Moçambique tem de ser superior a embarcar em campanhas mediáticas suportadas por fundos públicos procurando embelezar algo que é tosco, medíocre e indecente.
A responsabilidade pública por parte dos detentores dos cargos públicos deve ser exigida a cada dia, a cada passo, de modo a que os governados não sofram surpresas e não tenham que aceitar “aberrações” legislativas como se assiste nos dias que correm. Deputados aprovando pacotes de regalias enquanto a larga maioria vive na indigência.
Há visíveis movimentos e concertações de ideólogos e “marketistas” políticos contratados para assegurar vitórias. Há um contingente de fazedores de opiniões que se colocam na posição de mercenários, enviando C.V. através das suas opiniões veiculadas pela comunicação social, esperando recrutamento para os canais formais de comunicação social e outros órgãos que garantam sustento e benesses.
O momento é de mercantilismo político apurado e rápido, permanente e concertado. Assim, e com vista a contrariar formas de fazer política comprovadamente lesivas aos cidadãos, importa que estes se informem e se cultivem de tal sorte se impermeabilizem contra as manobras de políticos de pacotilha.
Responder aos que abusam dos poderes de que foram investidos é uma primeira obrigação dos cidadãos.
Responder com o voto e defender tal voto é obrigação inalienável de todos.
Até ao dia das eleições veremos muita “água correr debaixo da ponte” e muitos políticos se ajoelhando face aos cidadãos e contando historietas e promessas.
Muitos políticos recorrerão a métodos impróprios, unir-se-ão mesmo ao diabo para deixar passar a sua mensagem.
Arregimentar igrejas ou confissões religiosas na esperança de que estas auxiliarão na caça ao voto é um golpe aparentemente de beneficio mútuo, mas que na verdade mostra quem é quem.
Outros passos serão ensaiados e seguidos. Acontecerão surpresas, compra e venda de votos, troca-tintas e camaleões surgirão e desaparecerão.
Só que, no fim, o detentor da varinha mágica é o cidadão. A ele e em pleno gozo dos seus direitos políticos caberá votar naquele partido e individualidade da sua escolha.
Com uma PRM/FIR longe das mesas de votação, com a CNE/STAE cumprindo o seu papel longe do cumprimento de instruções partidárias, com o Tribunal Constitucional realizando o seu trabalho com isenção, imparcialidade e no completo respeito da Constituição teremos Moçambique dando passos seguros rumo à democracia política e económica.



(Noé Nhantumbo, Canalmoz)

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