Friday 23 May 2014

Dhlakama diz que quer abandonar esconderijo para fazer pré-campanha


O líder da Renamo, o principal partido da oposição em Moçambique, manifestou hoje a vontade de abandonar o seu esconderijo e fazer pré-campanha para as eleições gerais de Outubro, acusando o exército de cercar o seu refúgio.
Apesar de ter aparecido em público há cerca de duas semanas perante uma brigada de recenseamento eleitoral, para se registar e obter o cartão de eleitor, na Serra da Gorongosa, centro do país, Afonso Dhlakama encontra-se em paradeiro desconhecido, desde que o acampamento em que vivia, na região, foi ocupado pelo exército moçambicano em Outubro do ano passado, na sequência de confrontos com os homens armados da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana).
Em entrevista telefónica que concedeu algures a partir da Serra da Gorongosa para órgãos de comunicação social reunidos na sede da Renamo em Maputo, Afonso Dhlakama manifestou a vontade de abandonar o seu refúgio, enfatizando que essa intenção não se está a materializar, porque o exército moçambicano mantém o cerco ao local.
"Eu quero sair daqui de Gorongosa, quero começar a andar, mas o Governo não está a retirar as FADM (Forças Armadas de Defesa de Moçambique), para impedir que eu me movimente", disse Dhlakama.
O líder da Renamo, já anunciado como candidato presidencial do partido, sublinhou que precisa de garantias de segurança, para iniciar a pré-campanha visando as eleições gerais (presidenciais, legislativas e assembleias provinciais) de 15 de outubro.
"Os outros candidatos já estão a fazer pré-campanha, apesar de eu não ter sido legitimado ainda como candidato, sou o líder da Renamo e preciso de fazer trabalho partidário", declarou Afonso Dhlakama.
Questionado sobre a postura que irá seguir caso não obtenha as referidas garantias de segurança, o líder da Renamo afirmou que será "paciente para evitar o pior", alertando, contudo, que essa atitude pode conduzir o país a uma situação perigosa.
Afonso Dhlakama reiterou que a Renamo exige a "unificação do exército", através de uma composição que respeito o Acordo Geral de Paz de 1992, em que 50 por cento dos efectivos do exército sejam do movimento e a outra metade seja da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder.
Moçambique atravessa a sua pior crise política e militar desde a assinatura do Acordo Geral de Paz, tendo a tensão abrandado com as emendas eleitorais impostas pela Renamo, mas que se mantém, devido a divergências em torno do desarmamento do braço armado do movimento.

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