Tuesday 6 May 2014

Negociações entre Governo e Renamo continuam no impasse


Maputo (Canalmoz) – As delegações do Governo e da Renamo, na segunda-feira, voltaram a não alcançar consenso em torno da missão dos observadores internacionais do cessar-fogo.
As duas delegações, que dedicaram a primeira parte do dia à verificação e assinatura das actas das duas rondas anteriores, disseram que as negociações encravaram no ponto referente à desmobilização incondicional dos homens da Renamo imposta pelo Governo.
A Renamo continuou a insistir na sua proposta de inclusão nas Forças de Defesa e Segurança segundo o princípio de paridade, uma proposta sobre a qual o Governo também insistiu que ela não é discutível.
Não houve nenhum progresso e tudo continuou como estava há sete rondas, quando o impasse se iniciou.
O chefe da delegação da Renamo, o deputado Saimone Macuiana, disse em conferência de imprensa que a proposta do seu partido resulta do que devia ser cumprido no âmbito do Acordo Geral de Paz de Roma.
Afirmou que a Renamo pretende deixar claro que “não há nenhuma novidade” no que está a propor nas presentes negociações, e acrescentou: “A nossa proposta nestas negociações demonstra a nossa preocupação com a paz”.
Por sua vez, o ministro da Agricultura e chefe da delegação do Governo às negociações, disse que a Renamo, mais uma vez, “diz que não alinha com a proposta dos observadores”, que tanto o próprio Governo como a Renamo consideram “bastante abrangente”.
José Pacheco acusou a Renamo de estar a pretender continuar com as hostilidades ao recusar-se a alinhar com a proposta dos observadores nacionais.
A Renamo defende que, depois do cessar-fogo, as forças militares das duas partes devem sair das zonas de conflito, mas o Governo não concorda.
A proposta da equipa dos observadores nacionais – os quais, conforme estipulado nos termos de referência, não podem fazer nenhuma declaração pública sobre as negociações – visa encontrar o desfecho dos termos de referência para os observadores internacionais do cessar-fogo.
Os observadores nacionais abordam – no Ponto Um sobre a cessação das hostilidades – o Ponto Dois, sobre a desmobilização, e o Ponto Três, sobre a reinserção dos homens da Renamo nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique, na Polícia e nos sectores económicos e sociais.
O Governo tem estado a tentar convencer a Renamo, propondo que, se esta tem receio com o que vai ser feito ao armamento que será recolhido, pode ser criada uma comissão que se responsabilize pela destruição do mesmo, em público, ou pela sua transformação em enxadas.
A proposta dos mediadores nacionais já foi adoptada na generalidade pelas partes na semana passada, estando a faltar a adopção na especialidade.



(Bernardo Álvaro, Canalmoz)
 
 

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