Outrora, este espaço funcionou como restaurante para médicos (aliás, pertence
à Associação dos Médicos de Moçambique) e outro pessoal da saúde. Ao longo do
tempo foi modernizando-se sob ponto de vista de serviços, é verdade, mas tendo
sempre em atenção as exigências do local onde se localiza.
E não foi por mera casualidade ou coincidência que a gerência sempre manteve
esses serviços num ambiente discreto e subtil para preservar a serenidade e
tranquilidade do espaço. Será por causa dessa calmia que muita gente transitava
naquele passeio sem dar conta de que ali funcionava uma casa de pastos. Os seus
gestores sempre fizeram questão de não criar ambientes agitados e com “muitos
holofotes” em volta deste histórico “1908”, precisamente por se encontrar no
quarteirão do hospital, por sinal, o maior do país.
Hoje, este espaço beneficiou de um restauro, alterando, de certa forma, a sua
estrutura interna. Diga-se de passagem que para além da sua tradicional vocação
de comes e bebes, acrescentou como inovação um ambiente de discoteca, com
“música quente”. Aos fins-de-semana, a música tem sido o “cardápio”, um grande
atractivo para os clientes mais jovens, alguns que pela noite fora vão testando
a capacidade das suas “máquinas”.
O lugar onde se encontra o bar com música preocupa. Basta dizer que há
sensivelmente 200 metros se localiza a morgue, onde estão depositados os corpos
dos nossos ente queridos e a capela onde se fazem velórios. Não distante ainda,
se encontram as enfermarias de medicina e serviços de oncologia, onde os nossos
irmãos gritam de dor ou dão o último suspiro. Parece não ficar bem-estar num
“tchilling” daqueles com pessoas a sofrerem ali perto. Será que não se pensou
naqueles que se encontram ali a lutar pela vida? Parece que vivemos numa cidade
em que a moral deixou de fazer parte e tudo o resto não conta quando se trata de
negócio!
Igualmente, fica a preocupação em relação aos carros que estacionam do lado
de fora do “bar-lounge”, cujos condutores, sobretudo da camada jovem, fazem
ralis ao fim de cada sessão de copos ao som de música. Outros que não encontram
espaço no passeio do 1908, recorrem ao parte frontal da Medicina, como se pode
ver no texto do nosso colega Juma Capela. Como é que as autoridades competentes
autorizaram uma actividade como esta naquele espaço?
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